Ainda sobre a cruzada dos jogadores contra o gramado artificial, a CBF pretende abrir espaço para ouvir os jogadores e presidentes dos clubes, mas não vai levar em consideração o “achismo” das declarações de nenhum dos lados.
Por ora, não há nenhuma comprovação científica de que os gramados sintéticos prejudicam mais os atletas do que o campo de grama natural. Nem que faça bem.
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Primeiramente, os atletas são personagens importantes para iniciar a discussão, como eles fizeram. É preciso avançar nela. É preciso ouvir fisiologistas, ortopedistas e a turma toda da medicina esportiva para saber dos impactos que a grama artificial provoca nos jogadores. Ninguém quer que os atletas sofram mais do que já sofrem com o calendário.
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O Palmeiras, cujo estádio se vale da grama sintética desde 2020, tem um estudo baseado em aproveitamento e número de contusões que jogam por terra o argumento de que o campo não natural é prejudicial aos jogadores e aos clubes visitantes não acostumados ao piso.
Palmeiras trocou gramado em 2020
Desde de 2020, quando a grama natural do Allianz Parque foi trocada, o Palmeiras perdeu mais do que ganhou e apenas dois jogadores se machucaram seriamente no campo nesse período. Um deles foi Dudu.
O argumento de que perdeu mais do que ganhou também tem muito a ver com a qualidade do time e as opções do treinador. O mesmo aconteceu com o Atlhetico-PR, que também se vale de grama artificial.
Uma segunda discussão provocada pela primeira foi a qualidade dos campos de grama natural pelo Brasil. Há muitas denúncias de baixa qualidade, de gramados ruins e esburacados e muitos deles com retoques inadequados.
O Palmeiras mandou 102 partidas no gramado sintético nas três primeiras temporadas, de 2020 para cá, com aproveitamento de 70,9%. Antes disso, na grama natural, de 2017 a 2019, o time registrou um aproveitamento de 74,1%.
Estudos sobre o assunto
Isso prova alguma coisa? Não. Nem para um lado nem para o outro. Há muitos outros fatores para serem analisados do que apenas vitórias, empates e derrotas. A conclusão, no entanto, é que não houve vantagem.
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Portanto, neste estudo apresentado pelo Palmeiras ainda, retirado da “Lancet Discovery Science”, o resultado demonstra que a “incidência global de lesões no futebol profissional é menor em grama artificial do que em grama natural”.
Mas há um outro trabalho científico nesse sentido, de 2019, do “American Journal Sports Medicine”, diz, a partir de dados coletados na liga americana de futebol, que o índice de lesões em grama artificial é similar ao índice de lesões em grama natural.
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Faço aqui uma provocação: um jogador que atua por anos em gramados sintéticos pode ter a carreira abreviada? Não sei. A percepção que tenho não é muito diferente do que acredita o torcedor comum.
A saber
1 – a bola fica mais rápida
2 – o jogo ganha velocidade com a bola mais rápida
3 – o piso deve ser mais duro do que a grama normal
4 – não há buracos ou desníveis em gramado sintético
5 – os jogadores não se machucam facilmente
6 – não se tem notícia de impactos nos joelhos
7 – não há falhas nas áreas dos goleiros
8 – não tem morrinhos artilheiros
9 – os cravos das chuteiras não se prendem na grama
10 – deve ser menos fofo do que grama natural
11 – Jogadores não se ralam
Por ora, a CBF não vai tomar nenhuma decisão para fechar os estádios que se valem de grama artificial, mas estuda a possibilidade de fazer um estudo completo sobre o assunto antes do Brasileirão. Particularmente, sou da turma que prefere a grama natural e os campos bem tratados. Penso que esse deve ser o objetivo.
Assim, o bom de tudo é colocar os jogadores no centro das discussões sobre as coisas do futebol. Tomara que isso continue.