Neymar tem o direito de torcer e reclamar da seleção brasileira e das movimentações do treinador enquanto atleta em atividade e com chance de voltar ao grupo nacional? É uma dúvida. Como o mundo está mudando em velocidade máxima, talvez tenha perdido alguma coisa nesse sentido. Foi exatamente isso que Neymar fez na estreia do Brasil na Copa América contra a Costa Rica. O time de Dorival Júnior tentou 19 vezes e não conseguiu furar o bloqueio do adversário. Lamentou o empate na estreia sem gols contra o mais fraco dos rivais da chave. A Colômbia, do mesmo grupo, ganhou do Paraguai por 2 a 1 no mesmo dia.

Quando estamos em campo, obviamente queremos fazer o nosso melhor… tem dia que não acertamos nada, mas tem dia que tu se encaixa. Ser jogador de futebol é ser julgado o tempo inteiro, a cada passe, a cada chute, a cada escolha… e o por que disso tudo? Porque TODOS os brasileiros queriam ser jogador da seleção brasileira, todo mundo sonhou, todo mundo tentou… e por isso quem está fora acha que sabe mais do que quem está dentro e é normal… de fora você consegue ter uma visão que jamais veria dentro de campo, em segundos você tem que solucionar uma jogada. E hoje eu vivi o lado torcedor, cheio de angústia, sentimento de que o gol iria sair, calafrio, mas JAMAIS vou ultrapassar o limite fora do campo. Acabou o jogo, seguimos, bora treinar e melhorar pro próximo jogo. Confio muito nesse grupo e sei bem que eles irão fazer o melhor possível por eles, pela família e por todos os torcedores brasileiros! NEYMAR

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Neymar não aprovou, e foi somente isso mesmo, a decisão do treinador de tirar Vini Jr. na metade do segundo tempo para a entrada de Endrick. Dorival tem todos os argumentos de que precisa, mas nenhum é convincente. Nem mesmo o da marcação dupla e sobra contra o atacante do Real Madrid. O torcedor assistiu ao jogo e viu que Vini não foi bem pela esquerda, pela direita ou pelo meio. Um dos grandes jogadores desta Copa América não foi bem na primeira partida. Mas era Vini Jr. Como tirar de campo o jogador que está prestes a ser eleito o melhor do mundo?

Dorival demorou para mexer no time e quando fez as trocas tirou Vini Jr. do jogo contra Costa Rica / CBF

Neymar, que já teve dia de Vini Jr. não aprovou a decisão de Dorival em sua quinta partida à frente do time nacional. Para o jogador em fase de recuperação, Dorival deveria manter Vini no campo, para, quem sabe, ele encontrar algum caminho com seus dribles. Neymar pensa como boa parte do torcedor. E como um atacante diferenciado. O jogador do Al-Hilal esteve com a seleção em Los Angeles, conversou e matou a saudade dos amigos e ouviu de Dorival que a seleção espera por ele. A previsão é que ele retome seu lugar no Brasil nas Eliminatórias da Copa do Mundo no dia 5 de setembro, contra o Equador. Vini não reclamou de ter saído nem deus desculpas, a não ser as dimensões menores do campo nos Estados Unidos.

Fiz de tudo para ajudar a seleção, até mudar de posição. Tudo requer tempo. Foi assim no Flamengo e no Real Madrid. Toda vez que vou jogar tem dois, três, quatro jogadores para me marcar. Tenho de aprender a lidar com isso. VINI JR

Neymar viu o mesmo jogo do torcedor brasileiro, de que havia muitos volantes sem necessidade e até mesmo defensores, como os dois laterais que poderiam dar lugar aos reservas e manter, assim, Vini e até Raphinha no ataque, na bagunça dentro da área da Costa Rica. Isso porque o rival não passava do meio de campo, com raras exceções nos contra-ataques. Os melhores jogadores devem estar sempre em campo quando têm condições físicas para isso. Eles são capazes de inventar alguma coisa e decidir o jogo.

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Dorival foi bastante conservador, no entanto. Se não dava para ganhar, ele não quis correr o risco de perder num lance fortuito. Neymar entendeu naquela troca de Vini que ele mexeu errado. Depois, Neymar explicou e tirou de letra sua condição de torcedor de arquibancada (camarote, no caso), anseios e decepções no estádio com a seleção brasileira. Disse confiar plenamente no elenco e no treinador. Foi uma boa experiência para quem um dia vai deixar de ser torcedor para retomar seu papel dentro de campo no time nacional.