Espera aí! Estão falando de salário de R$ 2 milhões e até R$ 3 milhões por mês ao atacante Gabigol para tirá-lo do Flamengo? Não é possível e não acredito nisso. Tem gente “plantando” essa informação para mostrar que o jogador tem mercado no Brasil. Por essas cifras, digo que não tem. Ninguém com quem conversei confirmou interesse.
Pelo futebol que Gabigol vem mostrando nesta temporada, ele não merece nem metade desses valores. Mas essa é só uma opinião de momento. Ele está longe de ser aquele jogador que conquistou anos atrás o Rio de Janeiro e o Brasil, ainda sob o comando de Jorge Jesus. Pelas confusões que se mete, o pacote fica ainda mais caro e desnecessário.
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É preciso lembrar que Gabigol está para ser julgado pela Corte Arbitral do Esporte e pode ficar suspenso até abril de 2025. Isso porque ele dificultou o trabalho de quem faz os exames antidoping no país. Assunto sério no futebol brasileiro.
Quem tem dinheiro?
Que clube tem dinheiro para pagar salário mensal de R$ 2 milhões por um único jogador? A renda do clássico entre Palmeiras e Corinthians nesta segunda-feira, no Allianz Parque, teve renda de R$ 4 milhões, com a presença de 41 mil pessoas no estádio. Gabigol ficaria com metade disso no mês. É muito fora da realidade até mesmo para times como Palmeiras e Flamengo.
Ambos têm condições de bancar esses R$ 2 milhões mensais, mas querem? O custo-benefício vale a pena? O Flamengo ofereceu um ano de contrato e aumento de salário de 50%. Talvez tenha feito isso pelo respeito com o jogador e também porque ele não pode deixar o atleta sem contrato caso ocorra sua punição no CAS.
Vamos olhar para a tabela do Brasileirão. Já apontamos Flamengo e Palmeiras com potencial financeiro para ter Gabigol. Abel Ferreira se recusou a falar do atacante em sua entrevista após a vitória sobre o Corinthians. O mais próximo que disse foi que a presidente Leila Pereira sabe o que ele pensa do jogador.
Leila sabe fazer negócio
Leila sabe fazer negócio. Ela não pagaria nada agora se puder esperar mais seis meses para ter o atleta de graça. As contratações para o segundo semestre já estão feitas no clube. Gabigol viria, se viesse, para o Mundial da Fifa, logo ele que cantou por aí no passado que o Palmeiras não tinha Mundial. Eu esqueço, a diretoria esquece, mas o torcedor sempre vai ficar com o pé atrás.
O Botafogo não tem condições de comprar Gabigol. Bahia, Athletico-PR e São Paulo também não. O time de Zubeldía nem precisa do atacante. Já tem Calleri. O Cruzeiro espera pela oportunidade. Tem dinheiro, embora diga que não, mas, por ora, diz que não fará oferta. Acreditamos? Mais ou menos. Sabemos como age o CEO Alexandre Mattos. Se aparecer uma chance, ele abre negociação. O dono da SAF, Pedro Lorenço, diz que não compra mais ninguém nesta temporada.
Seguindo com os times da tabela, Fortaleza opera com os pés no chão e ter Gabigol neste momento vai na contramão disso. Bragantino e Inter nunca olharam para o jogador. Também não tem bala para tanto. O Atlético-MG acompanha o caso. Faz parte da sua estratégia ter grandes jogadores e de renome no Brasil. Tem dinheiro também. Pode entrar no jogo. Está precisando de um atacante para fazer mais barulho em seu estádio. Mas não se manifestou.
O Corinthians não tem dinheiro, mas já provou que isso não o impede de gastar com contratações sob o comando de Augusto Melo. Ninguém acredita, mas ninguém duvida. Há um fator a favor do jogador: o novo dinheiro que está sendo adiantado pelos direitos de transmissão do ciclo de 2025 a 2029 pela Libra e Liga Forte, com quem, aliás, o Corinthians resolveu assinar. O clube receberia R$ 150 milhões de adiantamento. Poderia investir pequena parte dessa receita no atacante. Um patrocinador máster está para ser assinado.
Por fim, o Grêmio, de Renato Gaúcho, já fez isso com Suárez e deu certo. Poderia repetir o processo e ter Gabigol, mas seria por um ano ou dois, no máximo. O time está na zona de rebaixamento. O jogador do Flamengo quer um contrato de quatro anos ou cinco anos.
Como se vê, portanto, na Série A são poucas as oportunidades para Gabigol. Penso que seu empresário blefou e agora corre atrás para não ter de voltar para a Gávea sem nada nas mãos. Se isso acontecer, Gabigol tem contrato até dezembro e uma proposta para ficar por mais doze meses.