Não dá para ficar quieto diante da imagem terrível de dois dirigentes esportivos sendo enforcados simbolicamente em um estádio de futebol no Brasil. Foi isso que alguns torcedores do Botafogo fizeram antes da excelente partida entre seu time e o Palmeiras, com vitória por 1 a 0, com gol de Tiquinho, num estádio com 40 mil pessoas e uma festa linda. Não fosse por esse episódio reprovável e isolado, mas que merece providências urgentes, tudo teria sido da melhor qualidade.

Não queria publicar a foto da reprodução das redes sociais. Mas ela precisa ser vista para chocar autoridades e dirigentes esportivos. Peço desculpas pelas imagens fortes em um site que trata de futebol e de seus personagens.

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Os “enforcados” eram a presidente do Palmeiras, Leila Pereira, e o mandatário da CBF, Ednaldo Rodrigues. Bonecos com seus rostos estavam pendurados pelo pescoço numa parte alta do estádio Nilton Santos. O clube, na voz de John Textor, pediu desculpas e disse que isso não ajuda o clube nem o futebol brasileiro. O americano dono da SAF tratou de colocar panos quentes na situação. Ótimo que isso tenha acontecido.

Leila Pereira, presidente do Palmeiras, e Ednaldo Rodrigues, da CBF: cenas lamentáveis de botafoguenses / Divulgação

Tudo isso começou com ele ao acusar o Palmeiras de ser beneficiado pela arbitragem da CBF. Isso explica a escolha dos personagens escolhidos para o “enforcamento”. Mesmo que simbólico, passou dos limites de uma sociedade pacífica e educada. Somos mesmo educados? Por isso que a punição deve acontecer imediatamente. A CBF ainda não se manifestou sobre o episódio. O Botafogo deve ser punido, uma vez que os torcedores não foram localizados. Defendo isso há muito tempo: a punição aos clubes.

A manifestação comprova também que Leila tomou a decisão certa de não acompanhar o Palmeiras no Rio. Ela não queria se encontrar com Textor, mas também estava preocupada com sua segurança. Sua presença poderia provocar um clima mais tenso entre os botafoguenses.

Esse episódio não pode ficar impune. É o que eu penso. Não combina com o futebol, com o ganhar ou perder de um jogo nem com o povo brasileiro. É preciso dizer “não” para isso na raíz. Daí que a punição tem de ser imediata. Fechar os portões do Nilton Santos é a primeira providência a ser tomada. Por causa de alguns, todos são prejudicados. Repito: a festa do torcedor comum foi linda no jogo e a vitória foi muito merecida. Mas o caso não pode acabar nos 90 minutos.

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Nossos cartolas precisam se sentar para tocar no assunto da violência no futebol. Ela passou do ponto, com episódios sequenciais em todos os cantos do Brasil. É preciso que os dirigentes esportivos baixem a temporada contra a arbitragem, principalmente. É preciso encontrar outro caminho para melhorar a competência dos árbitros e do VAR. A imagem dos “enforcamentos” em praça pública de dois dirigentes de futebol incita a violência no esporte e lembra episódios tristes da história da humanidade. Esporte não é isso.