Queria pegar gancho na postagem recente de Neymar sobre seu medo e “vontade de desistir ” do futebol depois de sua última contusão e dos nove meses de tratamento intensivo para voltar, o que deve acontecer agora em agosto, para falar de outros dois jogadores extraordinários que não tiveram a mesma vontade e disposição e abandonaram suas carreiras, na opinião de muitos, antes da hora, deixando um buraco no imaginário do torcedor e o sentimento de fragilidade. Refiro-me a Adriano Imperador e a Ronaldinho Gaúcho.
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Adriano não foi chamado de Imperador à toa. Ele fez por merecer o título quando estava na Inter de Milão. A referência dos italianos era o imperador romando Adriano (117 a 138). Quando decidiu parar, Adriano, o atacante, tinha 34 anos. Neymar tem 32.
“Não estava mais sentindo aquela vontade”, disse Adriano para explicar sua aposentadoria. Ele tinha dores no tendão e não queria se esforçar para tentar se recolocar em pé e em forma. “Sabia que seria dura a minha volta”. Desistiu. Outras versão diz respeito à morte do seu pai, nunca superada pelo jogador.
Adriano pensou em desistir e desistiu. Seu último time foi o Miami United, dos Estados Unidos, em 2016. Fez um jogo apenas pelo time americano. Ele vinha nessa toada sem vontade bem antes disso, por clubes como Flamengo e Corinthians. Tentava, mas não encontrava forças, diferentemente de Neymar nesse momento e com dois anos a menos do que ele: 34 e 32.
O último bom momento de Adriano Imperador foi no próprio Flamengo, mas nas temporadas de 2019/10, quando fez 48 partidas. Daí em diante, ele foi tendo a sua “primeira morte” na vida, como disse um dia Paulo Roberto Falcão, volante do Inter, da Roma e da seleção na Copa de 1982. Falcão dizia que o jogador morre duas vezes, a primeira delas quando para de jogar.
Adriano vive sua vida no Rio, com os amigos e familiares, longe de uma bola, fazendo comerciais e atendendo compromissos com as marcas que o patrocinam. Parece feliz.
O adeus de Ronaldinho
No caso de Ronaldinho Gaúcho, o sentimento de que ele podia jogar mais permaneceu entre os torcedores por muito tempo depois de ele parar oficialmente em 2018. Na prática, ele parou mesmo em 2015, quando vestia a camisa do Fluminense. Tinha 35 anos, três a mais do que Neymar. Mas nunca é somente a idade, embora o corpo informe. É a cabeça.
Ronaldinho fez nove jogos com a camisa do Fluminense. Depois disso, ficou perambulando sem rumo. Sua última façanha foi no Atlético-MG, de 2012 a 2014, com 85 partidas e o título da Libertadores em 2013. Correu por alguns outros clubes, mas já sem o mesmo compromisso.
Ele foi parando até parar. Não teve um motivo único para explicar sua aposentadoria. Simplesmente não quis mais. E deixou a todos com aquele sentimento de que podia continuar.
Ronaldinho tem redes sociais ativas. Ele mostra seus gols e sua carreira. Difícil não parar para olhar. Tem trabalhado com marcas e em jogos promocionais. É um ótimo convidado para eventos esportivos.
Fui vê-lo pessoalmente
Certa vez, eu fui a um lançamento de uma parceria sua com uma marca esportiva em São Paulo. Ronaldinho tinha de entrar no palco e fazer umas graças com a bola, sorrir para o público, assinar algumas camisas e ir embora. E assim foi. Ele parecia feliz também.
Nesse ponto, Neymar mostra-se mais decidido e ainda mais envolvido com o futebol do que seus colegas. Ele tem ainda alguma coisa para oferecer e também para buscar no futebol, principalmente na seleção brasileira. Há muito tempo ele não joga mais por dinheiro. Suas motivações são outras, como ganhar uma Copa do Mundo. Neymar já disputou três.
Depois que sofri essa lesão, tem dias que é difícil, tem dias que quero desistir. É difícil passar por tudo isso. Mas aqui tem um guerreiro que não vai parar até eu conseguir o que quero! Deus é a minha força e a minha fortaleza. Seguiremos lutando todos os dias.
NEYMAR
