A tendência é achar positiva a nova lei que dá aos clubes de futebol o direito de negociar suas partidas com as emissoras de tevê e empresas de streaming sem precisar tratar com o time rival. Tratar-se da Lei do Mandante. A partir de 20 de setembro de 2021, os times de futebol que não têm contratos assinados podem negociar suas partidas como bem entender. Digo sem contrato porque a nova lei, sancionado pelo presidente Jair Bolsonaro, mantém todos os contratos vigentes em validade até o seu final.

A maioria desses acordos acaba em 2024, daqui a mais três temporadas. Portanto, há um período para que os clubes entendam a lei e aprendam a usá-la a seu favor. 

Os últimos contratos dessa natureza já testaram algumas agremiações nesse sentido, de modo a ter mais de um comprador dos direitos de transmissão do Campeonato Brasileiro, por exemplo. Há atualmente a turma da Globo e a turma da Turner, duas poderosas emissoras. Mas não só. Em outras competições, o SBT entrou no jogo das TVs abertas. Há ainda o streaming ou qualquer outro jeito de mostrar o futebol que possa surgir até 2024.

Os clubes poderão precificar seus times, como já fazem, mas agora sem precisar dos rivais para isso. Tetos estipulados podem ser derrubados, assim como acordos exclusivos. Haverá mais empresas na mesa de negociação. Os clubes pagarão para ver novos formatos, pelos menos aqueles que podem arriscar mais. A TV-Fla, por exemplo, está disposto a mostrar as partidas do Flamengo no Campeonato Carioca em seu próprio streaming, abrindo o canal para quem pagar uma taxa. Se 100 mil flamenguistas estiverem a fim de fazer isso pagando R$ 10, o clube vai arrecadar R$ 1 milhão. É conta simples.

Mas há problemas nesse novo caminho também. Os times de elencos menos atrativos vão sofrer. Terão menos barganha para oferecer.

O que valoriza uma equipe de futebol? Seu elenco, seu poder de competitividade, craques, sua torcida, seu estádio, uma média de rendimento nos campeonatos e de público, assim como a venda de pay per view. Há outros fatores que podem valorizar um time de futebol e todos eles passam pela boa gestão do clube. Quem não tiver isso, ou parte disso, estará fora do jogo.

Uma liga forte pode ser capaz de negociar em bloco para todos os clubes da Série A, de modo a encontrar caminhos para valorizar os times menos atrativos ou com menor poder de barganha. Unidos eles podem ser mais fortes.

Haverá ainda uma confusão para saber onde cada time terá seu jogo exibido. Se cada um vender para um canal ou streaming, o torcedor terá também de se preparar para estar com sua equipe de coração. Terá de gastar mais assinando canais fechados porque só terá acesso à TV aberta, onde passará um jogo. Há um caminho a ser percorrido. Quem não souber negociar ou não tiver o que negociar, ficará para trás.