Ninguém entendeu a explicação do técnico Abel Ferreira sobre o processo que o Al Sadd move contra ele na Fifa. O clube do Catar alega que Abel assinou um pré-contrato e depois se arrependeu e renovou com o Palmeiras até dezembro de 2025.

Abel foi questionado mais de uma vez e simplesmente não conseguiu dar uma resposta coerente, olhando no olho dos repórteres que estavam em Ribeirão Preto fazendo seu trabalho após o empate e a classificação diante do Botafogo na Copa do Brasil. Depois disso, não tocou mais no assunto.

O treinador do Palmeiras pisou na bola. Logo ele que nunca deixou ninguém sem resposta. Abel se enrolou e não disse nada, surpreendendo a todos com uma atitude que não condiz com sua personalidade e respeito adquirido no Brasil.

Fiquei com duas impressões de tudo o que Abel falou na entrevista. A primeira delas foi que ele gostaria “que essas páginas” do livro de sua vida profissional fossem rasgadas, como ele mesmo disse numa metáfora das coisas que faz e deixa de fazer. Não estava se referindo ao tema do pré-contrato, mas deixou margem para que muitos entendessem isso.

Como não explicou nada, ficou no ar que ele assinou com o Al Sadd e se arrependeu. De concreto, há um processo na Fifa para o treinador resolver, com a ajuda do Palmeiras, que só aparece na história por ser o clube onde Abel trabalha. Em nenhum momento o Palmeiras surge como vilão ou sedutor do treinador, uma vez que já havia um contrato com o clube em vigência.

Abel Ferreira, técnico do Palmeiras, tem contrato com o clube brasileiro até dezembro de 2025 / Agência Palmeiras

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Mas não se sabe se é isso mesmo porque Abel foi um “amontoado de palavras” sem esclarecer absolutamente nada por parte de Abel. A diretoria não entrou no mérito. Ele disse ainda que não diria mais nada sobre o tema, como se isso fosse possível para um profissional da sua posição, à frente de um clube do tamanho do Palmeiras.

Ora, Abel, isso não existe. O senhor também é pago para responder perguntas que lhe são feitas pelo posto que ocupa. Se não quiser dar explicações, deveria ter outra profissão, longe dos holofotes e do torcedor. Talvez esse tenha sido o caso mais mal explicado envolvendo o treinador desde sua chegada ao Brasil.

Assinatura falsificada?

A segunda impressão que ele deixou foi que não assinou nada com o outro clube. Ou seja, o processo de indenização de 5 milhões de euros (R$ 28 milhões) movido pelo clube do Catar é baseado em um documento falso ou falsificado, o que torna o caso ainda mais intrigante. Mas também se fosse isso, bastava ele falar que não tinha assinado nada. Não falou. E tudo ficou no ar.

O restante de suas declarações sobre o assunto não serviram para nada. Talvez haja palmeirenses que não entendam a necessidade de Abel contar a verdade e se explicar. Abel não admite que tenha errado.

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Em breve, a Fifa dará as informações que Abel não quis dar por algum motivo que o atormenta: se ele assinou ou não um pré-acordo com outro clube, se o documento foi falsificado e se terá ou não de pagar pela multa pedida pelo Al Sadd. Ele renovou seu contrato com o Palmeiras e tem vínculo até dezembro de 2025. Disse que espera cumprir o acordo.

Vou fazer uma breve explicação sobre o assunto, esperei até o dia de hoje porque gosto de falar com vocês olho no olho. Gostaria de dizer o seguinte: minha carreira de treinador é um livro aberto, começou em 2012. Um livro com capítulos de glória, alguns de tristeza e frustração e tem seguramente duas ou três páginas que eu rasgaria, mas infelizmente acho que um livro é genuíno quando todos os ingredientes estão lá dentro. Gostaria de acrescentar mais ainda, que sou dono da minha alma e capitão do meu destino. E quis o capitão do meu destino que eu chegasse ao Palmeiras em 2020. E de 2020 até o dia de hoje, quero dizer bem alto para aqueles que não ouviram e se verem as últimas conferências do ano passado, não vou alterar uma vírgula do que disse há seis, sete meses. Sou treinador do Palmeiras e estou treinador do Palmeiras. É bom, um orgulho, e o capitão do meu destino me trouxe ao chiqueiro e ao Palmeiras. Ganhamos, já ganhamos neste ano, e, se Deus quiser, vamos continuar ganhando com o trabalho de todos no CT. Estou onde quero estar e onde querem que eu esteja.
ABEL FERREIRA

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