Um novo caminho foi encontrado entre WTorre e Palmeiras para as desavenças entre as partes sobre o uso do estádio. Esse caminho deixa de lado as broncas e desavenças e a “vontade” de brigar por tudo para se entregar a um diálogo mais saudável em uma mesa de reunião, em que as partes falam o que pensam e tentam chegar a um denominador comum, como tinha de ser desde o começo da parceria pelo Allianz Parque. As conversas agora são mais frequentes e há uma disposição de dialogar.

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O primeiro fruto dessa nova postura foi anunciado nesta semana, quando a construtora pagou R$ 4 milhões ao clube pelo uso da arena, valores equivalentes aos meses de março e abril. É o famoso repasse do uso da arena que não vinha acontecendo. O Palmeiras estima receber R$ 2 milhões por mês. Isso daria R$ 24 milhões por ano, mas esses valores podem aumentar dependendo da movimentação no estádio, em suas áreas públicas e nos restaurantes. A WTorre vai anunciar em seu balanço de 2023 receita de R$ 200 milhões. Pelo que a coluna apurou, a partir de agora, com os primeiros pagamentos feitos, o Palmeiras vai começar a receber mensalmente como deveria ter acontecido desde 2014, na inauguração do estádio.

Isso não quer dizer que as partes abriram mão das pendências passadas, que foram parar na Justiça, a exemplo de dois vizinhos que não queriam se acertar amigavelmente, como o repasse alegado pela diretoria da presidente Leila Pereira de R$ 160 milhões desde a abertura do Allianz. A conta da WTorre mostra valor inferior devido a pagamentos também não feitos pelo clube pelo uso da arena em jogos do time, conforme estipulados em contratos. Há valores a serem acertados das duas partes, portanto.

Allianz foi inaugurado em 2014 e há pendências de repasse das suas receitas para o Palmeiras / Agência Palmeiras

As pendências vão continuar na Justiça

Essas pendências, na casa dos milhões de reais, são importantes para o Palmeiras e fazem parte do negócio. São deveres contratuais. As partes sabem disso. Leila resolveu colocar a mão no vespeiro, diferentemente de seus antecessores, que levaram a situação em fogo baixo, assim como a discussão das 3 mil cadeiras entregues à construtora para ela fazer a venda no programa do Passaporte do Torcedor. Tudo isso está enroscado na Justiça. O que está sendo arbitrado, seguirá dessa forma, com decisões em primeira e demais instâncias a serem cumpridas pelas partes. Nem Palmeiras nem WTorre abrem mão de seus direitos. E é assim que tem de ser conforme foi conversado, planejado e assinado pelos presidentes das duas partes quando o Palestra Itália veio abaixo para a construção do Allianz Parque.

O que mudou, de acordo com a apuração da coluna, foi a intenção de uma das partes de ter mais conversa e menos atrito, de a arena assumir sua condição de fornecedor e de dar total atenção ao seu principal cliente e tentar resolver tudo “numa boa”. De dar a César o que é de César. O Palmeiras se mostra acessível para mudar a postura também e ter uma relação mais amigável na parceria, o que também é bom quando se olha para o futuro, para um contrato de mais 20 anos até que o clube assuma definitivamente o controle do seu estádio.

Palmeiras recebeu repasses da WTorre referentes aos meses de março e abril de 2024 nos valores de R$ 4 milhões / Allianz Parque

O Palmeiras sabe que o Allianz Parque é uma fonte de receita para o clube do qual ele não pode abrir mão. Mais do que isso, é sua casa. É onde o time gosta de estar e vai sempre jogar. Há iniciativas sendo trabalhadas para minimizar os jogos fora do estádio, a grande reclamação do técnico Abel Ferreira e do torcedor. A panela esquentou neste ano por causa do problema do gramado. A coluna também apurou que houve negligência das partes. O Palmeiras poderia ter gritado mais cedo para a reforma. E a empresa que administra a arena deveria ter acompanhado mais de perto a condição da grama.

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A promessa é que haja uma comunhão mensal sobre as condições gerais do Allianz e que possíveis problemas sejam resolvidos mais rapidamente, sem prejuízo para as partes. Leila é a representante do Palmeiras até dezembro. É com ela que as decisões serão tomadas. Ela é enérgica, não abre mão de suas convicções quando está certa, mas é uma negociadora e gestora perspicaz. Sabe o que faz. Se for reeleita, ficará no comando por mais três anos dos 20 restantes do acordo com a WTorre.
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