O que antes estava restrito a pequenos grupos de torcedores começa a ganhar maiores projeções nos fóruns digitais que têm o Palmeiras como assunto quase exclusivo: críticas ao atual momento da equipe, amplificadas por cornetas que começam a questionar a eficiência do trabalho e até a pedir a cabeça do técnico Abel Ferreira.
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Talvez seja, como nos casamentos, uma crise temporária, pontual, explicada pelo excesso de convivência sob o mesmo teto. Talvez seja uma sensação de que, de fato, o treinador perdeu a mão.
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Seja como for, a única certeza é que parece ser um erro crasso transformar o técnico Abel em vilão num momento raro, raríssimo, de instabilidade técnica da equipe. Se a coisa está ruim com Abel, seguramente seria muito pior sem ele.
É injusto condenar Abel
Com todos os defeitos que o técnico português possa ter, não resta a menor dúvida de que ele foi o grande responsável pelos quatro anos de glórias recentes do Verdão. Sem medo de errar, dá para afirmar que Abel esteve acima dos jogadores e dos dirigentes em toda essa jornada de títulos, vitórias e recordes obtidos pelo Palmeiras.
Logo, jogar nele a culpa por um ou outro insucesso seria no mínimo injusto – para não dizer desonesto. Aqui e acolá os lamentos brotam nas redes sociais e canais digitais de eméritos palmeirenses, que antes viviam em eterna lua-de-mel com o professor Abel.
Há gente que condene a insistência dele pela escalação de dois laterais direitos (Mayke e Marcos Rocha). A opção por jogar sem um centroavante fixo. A invenção de colocar um zagueiro como centroavante na esperança de um bom aproveitamento de bolas aéreas. O desejo de seguir fazendo um revezamento de jogadores mesmo com o time fora da zona de classificação para a próxima fase do Paulistão.
De repente, tudo virou motivo para colocar nas costas de Abel a culpa pelos maus resultados desse início de temporada trôpego, longe dos dias de glória do imbatível Palmeiras.
Talvez o ciclo tenha chegado ao fim
Vamos combinar que tudo na vida tem um ciclo. E seria natural que o ciclo do Palmeiras vitorioso sob o comando de Abel possa estar caminhando para o fim. Mas daí a jogar toda a responsabilidade nas costas do português é um erro de avaliação imperdoável.
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Os reforços que o treinador pediu a diretoria ainda não contratou. As seguidas reclamações de Abel contra o fato de o Palmeiras ter de jogar várias partidas como mandantes fora do Allianz Parque não surtiram muito efeito prático e o time segue tendo momentos de nômade.
As vendas de jogadores-chave ao sistema do treinador seguem de vento em popa, recheando os cofres da Academia. Enfim, Abel também tem sofrido os efeitos de uma engrenagem que não é mais tão eficiente e que precisa de correções.
Talvez tudo isso tenha sido apimentado pelas recentes entrevistas do treinador, nas quais ele tem dado a entender que seu tempo está chegando ao fim e que seu desejo de mudar de ares agora falam mais alto – ou porque a família quer voltar para a Europa ou porque ele acredita que é hora de sair da zona de conforto de um cara altamente vencedor.
Última dança de Abel pode ser o Mundial
Talvez o Palmeiras não lhe sirva mais para suprir essa sede incontrolável de vencer, vencer e vencer.
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Se esta for a verdade que as evidências sugerem, é bem possível que Abel fique no Palmeiras somente até o Mundial de Clubes no meio do ano. Se ele ganhar, pode sair por cima como o grande líder da maior façanha do clube. Se ele perder, pode, enfim, pegar seu boné e dar adeus ao clube, na certeza de que seu ciclo acabou.
Resta esperar para ver o que o tempo dirá. Recomenda-se, no entanto, que até lá, a torcida tenha mais paciência e reconheça que atacar Abel é um erro que só faz enfraquecer o Alviverde imponente de tantas conquistas. É hora de cabeça fria e coração quente, como o próprio Abel já ensinou.