Naquele vídeo vazado da invasão da torcida do Corinthians na sala do presidente Augusto Melo, no Parque São Jorge, o dirigente disse, entre palavrões, que a gestão anterior havia deixado um buraco sem fim no clube. Melo estava nervoso. Numa atitude desesperada, tentou mostrar uma proposta de novo patrocínio ao líder da torcida para provar que estava trabalhando em nome do Corinthians. A cena foi patética.

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Augusto Melo jogou tudo de ruim nos seus primeiros meses de gestão nas costas do presidente morto, Duílio, o que deixou o cargo. Não é bem assim, Augusto! O novo presidente assumiu uma dívida de R$ 2 bilhões e mais R$ 720 milhões pela construção da Arena em Itaquera. Herdou ainda um elenco fraco, com alguns bons jogadores, inclusive da base, e uma folha mensal do futebol de R$ 22 milhões e mais uma série de problemas no clube. Tudo isso é verdade.

António Oliveira corre risco no cargo em caso de derrota para o Palmeiras nesta segunda / Agência Corinthians

Mas foi o próprio Augusto Melo que meteu o Corinthians num caso policial, o da investigação e rompimento do contrato de R$ 370 milhões com a VaideBet. Opa!. Isso não teve nada a ver com a gestão anterior. O rompimento do contrato de três anos é de responsabilidade do novo diretor. A desconfiança do mal-feito recai sobre suas costas. Isso o presidente já deve ter percebido. Nesta segunda, o Corinthians visita o Palmeiras pela rodada 13 do Brasileirão. O time está no Z-4.

Também está na conta de Augusto Melo a debandada de quase todos os seus dirigentes depois do caso da VaideBet. Seus escolhidos abandonaram o barco e não quiseram se misturar com tantas confusões. Responsabilidade de suas movimentações em seis meses no cargo.

Os torcedores organizados respiram a vida do Corinthians. Eles sabem que foi Augusto Melo e não a gestão passada a deixar escapar alguns jogadores do elenco, como o próprio goleiro Cássio e seu reserva imediato Carlos Miguel. Eles foram embora por erros de conduta e de administração do novo cartola e de seus pares. Melo assumiu, mas não colocou a mão na massa. Deixou escapar detalhes importantes, como o valor da multa de Carlos Miguel.

Augusto Melo também dormiu no ponto quanto ao pagamento dos salários e direitos de imagens de um caso que ele sabia que poderia parar na Fifa: o do paraguaio Matías Rojas. Deu ruim, claro. O clube tem 45 dias para começar a pagar os R$ 40 milhões que o jogador pede na Justiça. Vai tirar de onde esse dinheiro, Augusto?

Augusto Melo corre atrás de novo patrocinador máster para o Corinthians / Agência Corinthians

É muito fácil para o dirigente colocar todas as lambanças nas costas de Duílio Monteiro Alves, que é muito responsável, mas muito mesmo, em levar o Corinthians para esse fundo do poço. A torcida deveria pedir um busto dele de cabeça pra baixo de tão ruim que foi sua administração. Ocorre que Augusto Melo, em seis meses e propondo um “fim de farra”, faz exatamente o mesmo em tempo recorde.

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Augusto Melo tem ainda o terrível defeito de gastar dinheiro que não tem. Pagou milhões de reais por jogadores reservas do elenco de António Oliveira apenas para dar uma satisfação ao torcedor. Não levou em conta a qualidade desses reforços e a necessidade deles. Presidente que chega e quer impressionar, parte para esse expediente: gastar sem freio. Presidente que chega e quer arrumar a casa, pensa e faz contas antes de investir.

Então, quando Augusto Melo diz que “eles” deixaram um rombo no Corinthians e agora ele tem de consertar tudo, isso é balela. O presidente mais erra do que acerta até agora.

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