O Brasil não conseguiu segurar a Espanha na terceira rodada do futebol feminino dos Jogos Olímpicos de Paris. Perdeu por 2 a 0 e teve a honra abalada pela forma como jogou. Mas se classificou como um dos dois melhores terceiros colocados. Um verdadeiro milagre do Barão de Coubertin.

O time de Marta perdeu para Espanha e Japão e ganhou da Nigéria. Os míseros três pontos foram suficientes. Graças também ao saldo de gols: menos dois. Outra vergonha. Entraram os “menos piores”. O Brasil pega pode pegar a Espanha ou a Colômbia ou a França ou o Canadá.

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Diante da boa Espanha, foi um jogo de ataque contra defesa, sendo que o time brasileiro, desta vez, ficou o tempo todo se defendendo e tentando impedir a vitória espanhola. Não conseguiu. O Brasil atuou como seleção pequena. A troca de treinador de Pia Sundhage por Arthur Elias não deu certo. Ocorre que agora zera tudo. É mata-mata.

Marta é expulsa na derrota do Brasil para a Espanha e deixa o gramado no primeiro tempo chorando / CBF

Pior é ver Marta em sua última dança em prantos. Ela foi expulsa ainda no primeiro tempo, após dar uma voadora na espanhola Olga. Foi por isso que ela não terminou o jogo e ganhou o cartão vermelho direto. Melancólico. Os gols da Espanha foram marcados no segundo tempo, quando o time tinha dez em campo.

O futebol brasileiro foi pobre e longe das melhores seleções. Torcemos para não apanhar de muito e para que o jogo acabasse. Recusamos os 19 minutos de acréscimos no segundo tempo, o mais longo de todos. E foi quando o Brasil sofreu o segundo gol. O time ficou no vestiário esperando os outros jogos e fazendo suas contas. Deus e brasileiro mesmo no futebol.

O Brasil vai sediar a Copa do Mundo da categoria em 2027 e precisa repensar muitas coisas. Na verdade, tem de melhorar dentro de campo, no emocional das atletas, nas jogadas ensaiadas, no fôlego, na inteligência, na qualidade, numa melhor distribuição posicional, na busca de jogadoras mais decisivas…

Arthur Elias tem nova chance com a seleção brasileira nos Jogos Olímpicos de Paris como melhor terceiro colocado/ CBF

Parte desse trabalho pertence ao treinador. Até onde se tem notícia, a CBF entregou tudo o que podia para a evolução da equipe, uma vez que o time masculino nem isso conseguiu.  Os clubes têm papel importante no desenvolvimento do futebol feminino no Brasil. É preciso que as instituições ofereçam mais do que oferecem. Há uma oportunidade de patrocinadores fortes. Isso significa mais dinheiro e melhores salários.

Não é jogar tudo na lata do lixo como sempre fazemos nos fracassos esportivos para recomeçar do zero. Marta chega ao fim de linha no time nacional como nunca imaginou. Ela não chegará ao Mundial de 2027. Mas pode estar na delegação. O futebol feminino precisa parar de chorar, arregaçar as mangas e ser melhor do que foi em Paris. Tem nova chance. Sem Marta, mas se passar das quartas, ela volta.

A estrutura precisa continuar existindo, de modo a desenvolver mais e melhores atletas nas bases. Aliás, isso vale para todas as modalidades olímpicas. É preciso ter mais informações dos nossos atletas e mais atletas nas competições. Mas esse é outro assunto.

Brasil perde para a Espanha por 2 a 0 na terceira partida da fase de grupos dos Jogos de Paris / CBF

Arthur Elias fracassa em sua primeira tentativa, mas continua sendo o melhor para a função. Terá chance de ouro como melhor terceiro colocado. A mala estava pronta para voltar.

A derrota desta quarta não pode significar o fim de tudo, nem para ele nem para as jogadoras. Faz tempo que o Brasil não ocupa a prateleira de cima entre as melhores seleções do mundo. O time está em posição intermediária, atrás de pelo menos cinco rivais. Portanto, bem longe do pódio.

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O Brasil tem de continuar de onde parou. Seguir treinando e tentando encontrar jogadoras que fazem a diferença em todas as posições. É assim que os ciclos ocorrem. Não pode aceitar as derrotas com facilidade nem achar que tudo está perdido. Em Paris, tem de se agarrar ao milagre recebido com a classificação.

O Brasil já foi melhor do que é atualmente e num tempo em que tudo era mais difícil. O futebol brasileiro tem de crescer como fizeram suas adversárias. Por ora, ficamos para trás, mas vivos. Mesmo passando no sufoco para a próxima fase, como melhor terceiro colocado e no saldo de gols, o time não mereceu. Mas a luta só acaba quando não há mais chances. O Brasil tem mais uma oportunidade em Paris.

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