É difícil condenar Thiago Carpini por sua decisão de manter o São Paulo com um jogador a menos após a contusão de Rato no fim do primeiro tempo, de modo a não perder sua última chance de trocar atletas na partida. Ele já tinha trocado Lucas e Rafinha machucados na etapa inicial. Uma maldição sem tamanho: três jogadores contundidos logo de cara. Como a regra diz que um treinador só pode parar o jogo três vezes para as substituições, além do tempo do intervalo, Carpini optou em esperar a parada e manter o São Paulo por longos oito minutos com 10 em campo. Não fosse o gol do Talleres marcado neste tempo, aos 50 minutos, a decisão teria se provado acertada. Mas será que foi? O São Paulo perdeu o jogo por 2 a 1 em sua estreia na Libertadores.
Carpini explicou que teve de se decidir rapidamente e achou que o São Paulo suportaria os oito minutos sem problemas. Ele faria a reposição de Rato no intervalo e deixaria mais uma parada para o segundo tempo. O técnico sabia que alguns jogadores, como James Rodríguez, iriam se cansar. Então, desse ponto de vista, pareceu uma escolha acertada.
Só que o gol decretou a derrota do São Paulo na Libertadores em sua estreia. Mais do que isso: o time carece novamente de confiança. Desceu alguns degraus em seu crescimento depois da Copa do Brasil e da Supercopa do Rei diante do Palmeiras neste ano, torneio que ninguém fala mais e que não tem peso no cenário. O são-paulino, na ocasião, vibrou como se fosse uma conquista de Mundial. Não era. O São Paulo precisa de trabalho e concentração. Carpini lembra muito Rogério Ceni, que não conseguia fazer a equipe jogar bem e render mais e sempre tinha algumas explicações para justificar derrotas e maus resultados.

Ainda sobre a decisão de Carpini, pesa contra ele o fato de estar pressionado e cada vez mais longe de uma sequência no clube paulista. Há muita desconfiança sobre o seu trabalho e isso só vai mudar com sequência de vitórias, o que não vem acontecendo. Há ainda o fator “James Rodríguez”. O colombiano está sendo empurrado goela abaixo do treinador. A impressão que se tem é que a diretoria quer ver até onde o meia pode render. E só há um jeito de saber disso: escalando o atleta por mais tempo.
O gerente Muricy Ramalho disse que Carpini começará a usar mais o jogador. Não se sabe de quem é a decisão, do treinador ou da diretoria. James reclama de falta de minutos em campo desde que chegou, foi embora e voltou. Na seleção da Colômbia, ele joga mais tempo. O torcedor também cobrou o São Paulo sobre esse detalhe. Carpini tem outras opções. É a minha impressão. Informações dão conta de que James faz coisas nos treinos que enchem os colegas de entusiasmo. Ele é um jogador que pega pouco na bola e não tem pernas para correr. É uma condição. Mas é inteligente para fazer boas jogadas e um perigo nas bolas paradas. Tem seu mérito.
A dúvida diante da pressão da torcida e dos comentários nas redes sociais é se o presidente Julio Casares vai bater no peito e manter Carpini no comando do time. Muricy é sempre defensor dos contratos dos técnicos. Para ele, um profissional escolhido tem de ficar ao menos uma temporada inteira para ser reavaliado. Ele sempre foi contrário às demissões relâmpagos. Mas nem todos no MorumBis pensam dessa maneira. A pressão já existe. E ninguém suporta e consegue trabalhar dessa maneira. Hoje, Carpini está naquela condição horrível de ganhar sobrevida a cada resultado positivo e se afundar na areia movediça toda vez que perde.
Como diretoria nenhuma no futebol brasileiro, ou quase nenhuma, tem coragem de bancar treinador em baixa diante de torcedores e conselheiros, Carpini terá de se virar com o elenco para sair dessa. O caminho mais curto e imediato são as vitórias, mas não somente elas. A volta da confiança passa pela escolha dos 11 jogadores, de boa distribuição no campo, de trocas acertadas no decorrer das partidas… Carpini precisa do grupo. Ele tem de ter habilidade para ganhar a todos no CT da Barra Funda a fim de cumprir o seu contrato. Uma vitória na Libertadores é crucial na próxima semana, diante do Cobresal.
Minha opinião após todos esses argumentos: ele errou.
[…] tem de ter paciência, assim como todos os cardeais do clube. Leva tempo para forjar um treinador. Carpini está acuado e com medo. Suas declarações são tensas nesse sentido. Essa condição aparece em sua fisionomia. Ele se comporta como se estivesse numa inquisição ao […]
[…] Thiago Carpini entrou naquela fase de deixar as coisas arrumadas para não ter muito trabalho quando a notícia da demissão chegar. Essa condição é péssima para um treinador de futebol, mas bastante comum. Lembra a de um boxeador após sofrer alguns golpes fortes no ringue, quando a lona parece o único caminho. Ele pode cair ou revidar. Se revidar, tem ainda a chance de mudar a história da luta. Carpini, por ora, tem as pernas sobradas e está nas cordas após “golpes” da torcida e maus resultados, como o de sábado diante do Fortaleza, em casa, na estreia do Brasileirão 2024 – derrota por 2 a 1 e novas vaias. […]
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