A investigação em curso ao jogador Bruno Henrique, do Flamengo, e familiares, sobre uma suposta participação e envolvimento em ações ilícitas no futebol joga um balde de água fria na confiança das instituições de que o esporte no Brasil não sofrerá manipulação com a regulamentação das Bets.
Nada está provado contra o jogador. Ele é suspeito e está sendo investigado sob a acusação da CBF de ter forçado dois cartões em duas partidas do Brasileirão-23.
Uma delas foi contra o Santos, em que também foi expulso, e a outra diante do América-MG. Nas duas, Bruno Henrique recebeu o cartão nos minutos finais, aos 50 e 49 do segundo tempo.
Flamengo sabia do caso
O Flamengo informou que sabia do caso via Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), mas se contentou com as explicações da defesa do atleta e parou de se preocupar depois que o caso foi arquivado.
Mas uma nova investigação foi tocada pela Polícia Federal depois das denúncias e notificações das próprias casas de apostas à Associação Internacional de Integridade de Apostas.
Em dois meses, os sites de apostas regulamentados no Brasil poderão operar de acordo com normas e leis específicas como qualquer empresa legalizada no país.
Isso vai começar a partir de janeiro de 2025, embora os sites já estejam funcionando há anos sem qualquer regra.
Mais impostos para o Brasil
As bets terão de pagar impostos e taxas ao longo do ano em todo o território nacional. Assim, me parece que a questão tributária está bem encaminhada. As casas de apostas querem operar e o governo está de olho gordo nos impostos que vai receber.
Ocorre que o futebol ainda é refém de seus atores, como as suspeitas que recaem agora sobre os ombros de Bruno Henrique e, antes dele, dos vários casos de jogadores condenados por participar de manipulação de resultados para beneficiar esquemas fraudulentos.
É preciso pensar no futebol e em seus agentes, como jogadores, treinadores e árbitros (de campo e do VAR).
Não incluo nesta lista os clubes porque para que um time assumisse compromisso de perder um jogo, ele teria de envolver todos os seus atletas e o treinador. Ou seja: isso me parece muito difícil e arriscado, de modo que, certamente, alguém daria com a língua nos dentes.
É preciso arrolar os clubes
Mas também entendo que é preciso arrolar os clubes e as instituições para que eles assumam compromissos de seus agentes e que sejam punidos em caso de confirmação de atos ilegais de seus contratados.
Por exemplo: se a suspeita contra Bruno Henrique for comprovada, ele e o Flamengo devem ser penalizados.
Defendo há anos maior responsabilidade dos clubes por atos nos estádios, pelas brigas de torcedores e agora pelo envolvimento de seus atletas em casos ilícitos de apostas.
Assim como a CBF deve ser responsabilizada pelas competições que organiza e a Comissão de Arbitragem tem de responder pela má qualidade dos árbitros no futebol brasileiro.
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De modo que essas normas punitivas devem ser claras e estar contempladas nos regulamentos dos torneios, de modo a não precisar de julgamento em casos revelados e confirmados.
Basta se valer das normas e aplicá-las ao atleta e ao clube. Não vejo outro caminho para que haja mais envolvimento das partes.
Se isso acontecer, os clubes vão focar o tema diariamente em todas as suas instâncias, das bases ao profissional, masculino e feminino, passando por todas as modalidades esportivas, dirigentes e treinadores.