A criação de uma Liga que assuma as negociações comerciais e a venda dos direitos de transmissão dos jogos no Brasileirão dos 20 clubes da Série A e dos outros 20 times da Sério B é um avanço no futebol brasileiro, dada a falta de interesse e até competência da CBF sobre esse assunto. Independentes e unidos, os clube podem mais, sáo mais fortes desde que náo tenha ruídos nem ciumeiras. Já teve no passado e isso implodiu o Clube dos 13, que tinha, basicamente, a mesma função, com menos requinte.

O sinal verde foi dado para que os clubes se organizem para isso a partir de 2025, portanto, com data marcada para entrar em ação – os direitos de transmissão terminam em 2024.

Se até lá os clubes conseguirem se organizar, vai ser uma boa tacada para que todos eles passem a negociar em bloco e se fortaleçam como produto, também subindo a régua do futebol brasileiro em todos os sentidos. Mais bem organizado e com dinheiro em caixa, o Brasileirão será um produto vendável por valores mais interessantes. Com mais dinheiro ainda, os clubes poderão segurar por mais tempo seus principais jogadores.

Equipes fortes são capazes de levar multidões aos estádios em todas as partidas. Ou seja: todos sairão ganhando. De acordo com a presidente do Palmeiras, Leila Pereira, os quatro grandes clubes de São Paulo estão alinhados para a formatação da Liga. Um trabalho foi encomendado a Flávio Zveiter, responsável pela empresa Codajas. O Flamengo também está de mãos dadas com os clubes paulistas. O Atlético-MG ficou encarregado de organizar os outros times da Série A.

A intenção é que até o fim deste ano, de 2022, a Liga tenha pelo menos toda a documentação exigida pronta para assumir o futebol brasileiro. A Liga, no entendimento de muitos presidentes, é o único caminho para a salvação dos clubes, para que eles não dependam de patrocinadores milionários para sobreviver, como a Crefisa no Palmeiras, cujo aporte anual é de R$ 82 milhões. Os clubes precisam andar com as próprias pernas, com o dinheiro que ganham de suas atividades, como bilheteria, programa do torcedor, venda de camisas e de jogadores e qualquer outro tipo de ação que não dependa de terceiros.

A Liga pode ajudar esses times a conseguir isso, a obter essa independência financeira ou ao menos fortalecer uma receita anual constante. O Corinthians deve R$ 970 milhões por não tem dinheiro para pagar suas dívidas. Deixou acumular e agora precisa de mais de três temporadas para quitar tudo, se conseguir. É muito dinheiro. Há outros nessa mesma condição. O Corinthians, ao menos, tem como fazer receitas altas porque é gigante e tem uma torcida apaixonada e participativa.

Então, para tentar sobreviver, os presidentes de clubes tiveram mais uma vez de beijar a mais da CBF, como fazem há anos. Fizeram isso em troca da promessa de poder organizar a Liga sem qualquer interferência. Mas aceitaram as regras já vigentes da própria CBF para eleger seu presidente e se perpetuar no poder, que é o sistema de peso maior das federações estaduais, todas nas mãos da entidade sediada no Rio. A CBF ajuda as federações a se organizar e a pagar suas contas. Salvo raras exceções, estão fechadas com a entidade que era presidente por Ricardo Teixeira, Marco Polo del Nero, José Maria Marin, Rogério Caboclo…

ELEIÇÃO DA CBF

Para tentar viabilizar a Liga, os clubes abriram mão de pesar melhor os votos para presidente da entidade. Somados todos os votos dos 40 times da Série A e B, eles não são suficientes para derrubar a escolha das federações. Ou seja, a CBF vai sempre perpetuar seu poder e eleger seu candidato. Os clubes toparam isso para se livrar da entidade e tocar eles próprios seus negócios em bloco no futebol nacional. Pode dar certo. Se der, talvez pouca importe quem é o presidente da CBF, que vai tocar apenas as seleções: feminina, masculina e de base. E representar o Brasil nas discussões técnicas das competições sul-americanas.

Os clubes estão apostando alto na Liga. Ela vai determinar todos os passos deles nas competições nacionais, ao menos do ponto de vista financeiro e dos direitos de TV. O calendário ainda ficaria com a CBF, mas há a possibilidade de ele também passar para as mãos da Liga. Se isso acontecer, o futebol brasileiro não vai mais precisar da CBF. Tudo isso está sendo construído para começar em 2025.

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