A temporada do futebol brasileiro começou com 122 jogadores estrangeiros, de diversos países, alguns europeus, mas com a maioria de sul-americanos, de modo a levar para os clubes, além do bom futebol desses atletas, o desconforto de perdê-los com frequência para suas respectivas seleções. Isso já aconteceria por causa das Eliminatórias e amistosos no continente. Neste ano, há um outro agravante, a Copa América. O técnico Dorival Júnior faz sua convocação para a competição nos Estados Unidos (de 20 de junho e 14 de julho) nesta sexta-feira, dia 10. Seus colegas de seleção farão o mesmo em datas diferentes e o futebol brasileiro corre o risco de ficar esvaziado. É um problemão.
Mesmo assim, e sabendo dessa possibilidade, a CBF manteve o calendário do Brasileirão. Ou seja, os clubes terão de ceder seus principais jogadores para as equipes nacionais e, ainda assim, disputar as nove rodadas da competição mais importante do país no período da Copa América. Há ainda o agravante da condição dos times do Rio Grande do Sul, Estado brasileiro que vive sua maior tragédia com as enchentes. A CBF e a Conmebol tiraram esses clubes de suas respectivas competições até o fim do mês de maio. Mas isso será suficiente? Para mim, não.
Todos entendemos o aperto do calendário do futebol brasileiro com as competições. Não é um problema novo. Ocorre que em ano como este, com Copa América e Olimpíada (o futebol brasileiro não se classificou), algum plano precisa ser feito para que os clubes não se prejudiquem e que as disputas não percam seus principais jogadores. Nada foi feito nesse sentido e todas as partidas estão mantidas pela CBF. Vai ter chiadeira quando times importantes ficarem para trás nessa corrida. Digo “times importantes” porque serão eles a perder os melhores jogadores.
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Veja, por exemplo, o caso do Flamengo. Dorival deve convocar o atacante Pedro. O time de Tite perderá uma de suas referências na área. Pedro é titular. Por sorte, tem Gabigol. Há uma crise técnica no Fla que vai se agravar. O clube rubro-negro certamente vai perder outros atletas do seu elenco: Matías Viña (Uruguai), Guillermo Varela (Uruguai), De Arrascaeta (Uruguai), Nicolás De La Cruz (Uruguai) e Erick Pulgar (Chile). O mesmo deve acontecer com o Botafogo, um campeão de jogadores estrangeiros, comandado pelo controverso americano John Textor e agora também com um treinador português à beira do gramado, Artur Jorge. É claro que nem todos serão chamados e há países que não estão na Copa América nem são sul-americanos. Mas é fato que os clubes perderão jogadores nos próximos dois meses. Há o período da competição nos EUA e um tempo também para treinar. O Brasil, por exemplo, fará dois amistosos antes de estrear no torneio.
Todos os clubes do Brasileirão têm jogadores estrangeiros. Portanto, a CBF deveria valorizar seu produto. Ela tinha de ter negociado um prazo menor ou antecipado para os Estaduais, de modo a começar o Brasileiro mais cedo, encontrar novas datas para a Copa do Brasil e tratar com a Conmebol sobre as competições sul-americanas, como Libertadores e Copa Sul-Americana. Mas isso tinha de ser feito com um ano de antecedência. Talvez, e só talvez, a tragédia do Rio Grande do Sul, que imobiliza Inter, Grêmio e Juventude, possa ser um gatilho para que as entidades entendam que o futebol local tem de parar. Por ora, repito, todo o calendário está mantido.
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É preciso lembrar ainda que as Eliminatórias para a Copa do Mundo de 2026 serão retomadas em setembro, de modo a fazer com que os clubes nacionais tenham novo período sem seus principais jogadores. Não se discute aqui a paralisação do futebol nacional por causa dos jogos da seleção. Não é isso, até porque os clubes são hoje mais importantes do que as seleções. Mas é justamente por isso que o futebol deveria ter sido mais bem planejado em seu calendário nesta temporada, de modo a valorizar os times nacionais e mantê-los competitivos sem deixar de oferecer ao torcedor os jogos do Brasil. Puxa daqui, estica dali e tudo poderia ser menos doloroso.
Não tenho dúvidas de que dará confusão lá na frente, quando as equipes não conseguirem se classificar nos torneios de mata-mata e ficarem para baixo na tabela dos pontos corridos.
LISTA DOS ESTRANGEIROS NO BRASIL
Atlético-MG
7 estrangeiros
Renzo Saravia (Argentina)
Mauricio Lemos (Uruguai)
Rodrigo Battaglia (Argentina)
Matías Zaracho (Argentina)
Alan Franco (Equador)
Brahian Palácios (Colômbia)
Eduardo Vargas (Chile)
Flamengo
6 estrangeiros
Agustín Rossi (Argentina)
Matías Viña (Uruguai)
Guillermo Varela (Uruguai)
De Arrascaeta (Uruguai)
Nicolás De La Cruz (Uruguai)
Erick Pulgar (Chile)
Palmeiras
5 estrangeiros
Gustavo Gómez (Paraguai)
Joaquín Piquerez (Uruguai)
Aníbal Moreno (Argentina)
Richard Ríos (Colômbia)
Flaco López (Argentina)
São Paulo
8 estrangeiros
Alan Franco (Argentina)
Nahuel Ferraresi (Venezuela)
Robert Arboleda (Equador)
Damián Bobadilla (Paraguai)
Giuliano Galoppo (Argentina)
James Rodríguez (Colômbia)
Michel Araújo (Uruguai)
Jonathan Calleri (Argentina)
Vasco
5 estrangeiros
Puma Rodríguez (Uruguai)
Robert Rojas (Paraguai)
Gary Medel (Chile)
Juan Sforza (Argentina)
Pablo Galdames (Chile)
Vitória
3 estrangeiros
Raul Cáceres (Paraguai)
Cristián Zapata (Colômbia)
Eryc Castillo (Equador)
Fluminense
4 estrangeiros
David Terans (Uruguai)
Jan Lucumí (Colômbia)
Germán Cano (Argentina)
hon Arias (Colômbia)
Fortaleza
8 estrangeiros
Tomás Cardona (Argentina)
Benjamin Kuscevic (Chile)
Emanuel Brítez (Argentina)
Tomás Pochettino (Argentina)
Emmanuel Martínez (Argentina)
Kervin Andrade (Venezuela)
Imanol Machuca (Argentina)
Juan Martín Lucero (Argentina)
Grêmio
8 estrangeiros
Agustín Marchesín (Argentina)
Walter Kannemann (Argentina)
Felipe Carballo (Uruguai)
Franco Cristaldo (Argentina)
Mathias Villasanti (Paraguai)
Yeferson Soteldo (Venezuela)
Lucas Besozzi (Argentina)
Cristian Pavón (Argentina)
Internacional
8 estrangeiros
Sergio Rochet (Uruguai)
Fabricio Bustos (Argentina)
Alexandro Bernabei (Argentina)
Gabriel Mercado (Argentina)
Charles Aránguiz (Chile)
Lucas Alario (Argentina)
Enner Valencia (Equador)
Rafael Borré (Colômbia)
Bahia
5 estrangeiros
Víctor Cuesta (Argentina)
Santiago Arias (Colômbia)
Nicolás Acevedo (Uruguai)
Carlos de Pena (Uruguai)
Oscar Estupiñán (Colômbia)
Botafogo
8 estrangeiros
Gatito Fernández (Paraguai)
Damián Suárez (Uruguai)
Alexander Barboza (Argentina)
Mateo Ponte (Uruguai)
Luis Segovia (Equador)
Óscar Romero (Paraguai)
Diego Hernández (Uruguai)
Jefferson Savarino (Venezuela)
RB Bragantino
7 estrangeiros
Andrés Hurtado (Equador)
Léo Realpe (Equador)
Yani Quintero (Colômbia)
Kelvin Flórez (Colômbia)
Thiago Borbas (Uruguai)
Ignacio Laquintana (Uruguai)
Henry Mosquera (Colômbia)
Corinthians
5 estrangeiros
Félix Torres (Equador)
Diego Palácios (Equador)
Fausto Vera (Argentina)
Rodrigo Garro (Argentina)
Ángel Romero (Paraguai)
Cruzeiro
6 estrangeiros
Helibelton Palácios (Colômbia)
Lucas Villalba (Argentina)
Lucas Romero (Argentina)
José Cifuentes (Equador)
Álvaro Barreal (Argentina)
Juan Ignacio Dinenno (Argentina)
Athletico-PR
9 estrangeiros
Lucas Esquivel (Argentina)
Mateo Gamarra (Paraguai)
Léo Godoy (Argentina)
Bruno Zapelli (Argentina)
Agustín Canobbio (Uruguai)
Lucas Di Yorio (Argentina)
Romeo Benítez (Paraguai)
Gonzalo Mastriani (Uruguai)
Tomás Cuello (Argentina)
Atlético Goianiense
6 estrangeiros
Yeferson Rodallega (Colômbia)
Ángelo Araos (Chile)
Yony González (Colômbia)
Emiliano Rodríguez (Uruguai)
Alejo Cruz (Uruguai)
Mateo Zuleta (Colômbia)
Criciúma
4 estrangeiros
Wilker Ángel (Venezuela)
Miguel Trauco (Peru)
Mateo Barcia (Uruguai)
Yerson Candelo (Colômbia)
Cuiabá
2 estrangeiros
Luciano Giménez (Argentina)
Isidro Pitta (Paraguai)
Juventude
1 estrangeiro
Tomi Montefiori (Argentina)
ESTRANGEIROS POR NACIONALIDADE
Argentina (41 jogadores) – 33,61%
Uruguai (23 jogadores) – 18,85%
Colômbia (17 jogadores) – 13,93%
Paraguai (11 jogadores) – 9,02%
Equador (10 jogadores) – 8,20%
Chile (7 jogadores) – 5,74%
Venezuela (5 jogadores) – 4,10%
Peru (1 jogador) – 0,82%
JOGOS DO BRASIL NA COPA AMÉRICA
Amistosos
Dia 8 de junho, contra o México
Dia 12 de junho, diante dos Estados Unidos
Estreia
Dia 24 de junho, contra Costa Rica
Segunda partida
Dia 28 de junho, contra o Paraguai
Terceira partida
Dia 2 de junho, diante da Colômbia
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