O Corinthians estreia nesta quarta-feira na fase prévia da Libertadores 2025 com um olho no futuro e um pé no passado. Por mais que dissimule, nenhum corintiano espera o duelo desta noite contra o Universidad Central, da Venezuela, sem ter na memória o trauma que foi a eliminação para o modesto Deportivo Tolima, da Colômbia, na pré-Libertadores de 2011.
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Aquela inesperada derrota por 2 a 0 em Ibagué, depois de um 0 a 0 no jogo de São Paulo, até hoje é lembrada pelos adversários com requintes de crueldade, sob o batismo de Tolima’s Day, com direito ao “parabéns a você” cantado anualmente na data da tragédia.

Na visão dos inimigos, é a celebração do maior vexame técnico da história do clube – ainda que, para os próprios corintianos, o desgosto marca a virada de chave que levou o Corinthians ao tão sonhado e inédito título sul-americano no ano seguinte, com Tite mantido no cargo pelo então presidente Andrés Sanchez.
Tolima’s Day
A história está aí e não pode ser mudada. Mas, por prudência, nunca é demais resgatá-la em momentos como o desta quarta. Voltemos, pois, a 2 de fevereiro de 2011, para revirar os fantasmas do passado. Faz bem entender o que aconteceu naquela noite no Estádio Manuel Murillo Toro, em Tolima, Ibagué (Colômbia), para evitar que o mesmo se repita agora.
Tinha Ronaldo e Roberto Carlos
De cara é possível apontar a principal causa do colapso. O Corinthians, de Ronaldo Fenômeno, Roberto Carlos e outras estrelas de primeira grandeza do futebol mundial, pagou caro pela soberba, de se achar muito superior ao pobre adversário colombiano, e considerar a hipótese de eliminação absurda. Mas ela aconteceu.
Num dia em que nada deu certo, os deuses do futebol entraram em cena e impuseram um duro castigo ao time brasileiro, um jogo que pode ser considerado um ponto fora da curva, na hora errada. Ali era proibido perder. Restou a lição que levou o time à redenção no ano seguinte, com oito jogadores mantidos no time titular até a partida final contra o Boca Juniors em 2012.
Amarilla meteu a mão
De lá para cá, o Corinthians esteve perto pelo menos mais uma vez de voltar à final da Libertadores, mas caiu diante do apito inimigo do juiz Carlos Amarilla. Em 2013, o sonho do bicampeonato foi roubado pelo apito tendencioso do paraguaio, que fez o serviço na cara dura, em pleno Pacaembu.

Nunca é demais recordar essa que foi uma das mais violentas “operações” do apito contra um time brasileiro. O Boca havia vencido o jogo de ida, na La Bombonera, por 1 a 0. Na volta, Amarilla não marcou dois pênaltis claros e anulou mal um gol marcado pelo Corinthians. O jogo terminou 1 a 1, com gols de Riquelme e Paulinho, e a equipe paulista acabou eliminada precocemente.
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Detalhe: dois anos depois, o presidente da AFA, Julio Grondona, foi pilhado em flagrante em escutas telefônicas nas quais ele admitia o delito, apontando Amarilla como “o grande reforço do Boca”.
Nesta quarta começa uma nova história e o Corinthians tem tudo para escrevê-la de forma diferente. É bem verdade que a vaga na Pré-Libertadores lhe caiu do céu depois de passar quase toda a temporada do ano passado brigando para não ser rebaixado para a Segundona do Brasileiro.
Lições do Tolima’s Day
Com uma sucessão incrível de vitórias na reta final do campeonato, o time deixou a zona de degola e chegou numa posição que lhe valeu o direito de disputar a fase de qualifying do torneio continental.

Mas isso não tira os méritos de estar nessa condição. Pelo contrário: a reação iniciada em 2024 parece consolidada e, enfim, o técnico argentino Ramón Díaz tem um time para chamar de seu. Um time muito forte do meio de campo para o ataque, que só perde para o Universidad Central se ignorar as lições do Tolima’s Day.
Passado por esse primeiro confronto o time ainda terá mais um mata-mata qualificatório, contra o vencedor do duelo entre Barcelona e El Nacional em jogos de ida e volta. Como no confronto desta quarta, o Corinthians é o favorito contra qualquer um deles. E, quem sabe, chegue à fase de grupos qualificado para brigar de igual para igual com os grandes do continente.