Ainda hoje estava vendo um vídeo nas redes sociais que veio parar nas minhas telas com Sócrates. O doutor dizia que não via mais jogos porque não gostava do que os atletas apresentavam em campo. Sócrates dizia que o físico dos jogadores cresceu demais, mas o mesmo não se podia dizer da parte técnica. O técnico não acompanhou o físico.
E que “aquilo” não era o futebol que ele gostava de ver. Sua tese, nunca escrita, era de que os times deveriam ter nove atletas e não mais 11, porque a correria dos jogadores e o melhor preparo físico tiraram os espaços do campo. Quem sofria com isso era o próprio futebol. Magrão sabia das coisas.
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Sócrates não falava do Corinthians, mas se o eterno camisa 8 do clube estivesse vivo, ele teria desligado a TV, sintonizada no jogo Juventude e Corinthians, pelas quartas da Copa do Brasil, com menos de cinco minutos de bola rolando. Contestaria, inclusive, o “bola rolando”.
A luz acabou no estádio do Juventude, em Caxias, ainda no primeiro tempo. Mas a escuridão já tomava conta do time corintiano bem antes disso. Eu até entendo a falta de entrosamento e tudo mais que um time reserva ou misto pode ter. O que não entra na minha cabeça é como esses caras treinam todos os dias e não conseguem acertar um passe, uma finalização, um lançamento… de modo geral, eles erraram quase todos os fundamentos do futebol. Que raio de treinamento comanda Ramón Díaz que não enxerga essa escuridão?
Porque se esses jogadores são escalados, não é possível que o técnico faça isso com segurança. O que se viu neste Corinthians do primeiro tempo e boa parte do segundo foi uma escuridão das trevas, com o perdão da heresia. Para ficar horroroso, tinha de melhorar muito.
A diretoria investiu perto de R$ 200 milhões em contratações, em compras e luvas, e o Corinthians não tem um time B.
É preciso ter muita boa vontade para dizer que esse time “melhorou de um tempo para outro”, como disseram os bons comentaristas do SPORTV, tentando pescar alguma coisa boa dos comandados de Ramón Díaz. Como o time fez um primeiro tempo de doer, qualquer coisa que acontecesse na etapa final era infinitamente melhor ao futebol apresentado antes do intervalo.
Nem mesmo o enxerto de alguns atletas da formação principal foi capaz de melhorar a falta da qualidade técnica a que se referia Sócrates bem antes de o seu Corinthians chegar a essa situação.
O Juventude foi melhor em sua casa e ganhou o primeiro duelo da Copa do Brasil por 2 a 1 em jogo que a escuridão tomou conta de boa parte da disputa e até as bolas sumiram do gramado, certamente envergonhadas. Na volta, em Itaquera, o Corinthians precisa devolver o placar para levar a decisão para os pênaltis.