O Corinthians não tem dinheiro para comprar tantos jogadores em oito meses de mandato do presidente Augusto Melo. Mas tem condições de fazer receita de R$ 1 bilhão nesta temporada, mesmo com todos os problemas de gestão que enfrenta, alguns na Justiça. Essa condição motivou a oposição a pedir o impeachment do presidente, em trâmite legal no Parque São Jorge.

Mas a alegria de ter bons jogadores no elenco, como Depay, não se pode tirar do torcedor, que torce pelo time em campo e não pela administração do clube. O atacante holandês vai custar quase R$ 3 milhões por mês. Depay é jogador da Esportes da Sorte. Parece claro.

Memphis Depay, atacante holandês, assinou com o Corinthuians até dezembro de 2026 / Confederação holandesa

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Augusto Melo investiu perto de R$ 250 milhões em contratações. Não se engane o torcedor ao ler ou ouvir que determinado jogador teve custo zero. Isso não é verdade. Ocorre que para alguns atletas o Corinthians não teve de pagar pelo contrato, de modo a negociar apenas o salário mensal, com luvas e premiações diluídas no acordo e a comissão do empresário.

Segundo a oposição, essa comissão é paga em parcelas, mas sempre no ato do fechamento do negócio. Parte desse dinheiro que o Corinthians gastou vem dos patrocinadores. O clube faz dinheiro com a venda de marcas na camisa, bilheteria, sócio-torcedor, direitos de transmissão e venda de jogadores, basicamente.

Há outros negócios com o estádio e produtos. Bem organizado, o clube tem mercado para se aproximar da receita invejável do Flamengo, de R$ 1,3 milhão por ano.

O problema do Corinthians é que ele gasta tudo o que arrecada. Não sobra nada, de modo a não ter como pagar parte de sua dívida de R$ 2 bilhões sem contar os R$ 710 milhões da arena.

A movimentação do Corinthians gera margem para uma discussão necessária sobre o fair play financeiro no Brasil. O clube gasta o que não tem sem se preocupar em pagar o que deve. Há processos correndo na Justiça, há cobradores batendo na porta, houve muito esforço para acertar os salários em dia e não se sabe como será amanhã. Mesmo assim, o time pode ser campeão da Copa do Brasil e da Sul-americana. É justo para quem tem as contas mais bem controladas?

Não há entidade que regulamente a condição financeira do clube. Com tantas dívidas e cobranças, o Corinthians deveria sofrer um transfer ban da CBF, com proibição de contratar até pagar o que deve ou apresentar um cronograma de pagamentos, com pena de perder pontos e ser impedido de disputar campeonatos. Isso deveria valer para todos.

O Corinthians não está sozinho nesse tipo de gestão sem responsabilidade. Há outros clubes na mesma condição, mas com melhor maquiagem.

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A longo prazo, esse tipo de administração enfraquece o clube e, consequentemente, o futebol brasileiro. O time forte que o Corinthians montou, com Memphis e Carrillo e outros tantos reforços, vai aumentar a dívida do clube, de modo a inviabilizar suas ações em algum momento, talvez para o próximo presidente.

VEJA AS CONTRATAÇÕES DESTE ANO

Gustavo Henrique – sem custo
Diego Palacios – sem custo
Coronado – sem custo
Ranielle – R$ 13,3 milhões
Félix Torres – R$ 31 milhões
Garro – R$ 35 milhões
Pedro Raul – R$ 25 milhões
Matheuzinho R$ 21,3 milhões
Pedro Henrique – R$ 2,9 milhões
Cacá – empréstimo sem custo
Hugo Souza – R$ 1,2 milhão (empréstimo)
Alex Santana – R$ 13,6 milhões
André Ramalho – sem custo
Charles – R$ 9,7 milhões
Talles Magno – empréstimo sem custo
José Martinez – R$ 11 milhões
Hector Hernández – sem custo
Memphis Depay – R$ 70 milhões
André Carrillo – sem custos

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