A semana começa com desafios para o Corinthians depois de muita confusão nos últimos dias, a principal delas foi o rompimento do contrato com a patrocinadora máster VaideBet no valor de R$ 370 milhões. O presidente Augusto Melo manteve os argumentos de que a comissão para intermediários do acordo no valor de R$ 25,2 milhões é um expediente comum em transações dessa natureza no futebol, quando uma empresa ou um agente traz para dentro do clube um negócio milionário.
LEIA OUTRAS COLUNAS DE ROBSON MORELLI
Agora, que o contrato foi rompido e não terá mais nenhuma comissão, o dirigente não tem mais que se explicar a não ser judicialmente se o episódio foi adiante. A torcida cobra, mas ela está mais preocupada com o time. Como perdeu tudo, Augusto Melo deverá ficar calado sobre o tema e certamente vai dizer “não vou falar mais disso” para seus interlocutores. Sem dinheiro em caixa, ele tem outras preocupações: pagar as contas vencidas e as que vão vencer.
Se dentro do clube há manobras para tirar o presidente do cargo por má gestão esportiva e administração do dinheiro do Corinthians, dentro de sua sala no Parque São Jorge, Augusto Melo começa a fazer promessas e a entregar cargos em troca de apoio dos conselheiros-chaves na política alvinegra. Ele vai nomear novos profissionais para ocupar o cargo dos oitos dirigentes que abandonaram o barco diante do caso VaideBet. Com isso, teoricamente ele empata a guerra dentro do Parque São Jorge para tirá-lo do posto.
Corinthians corre atrás de dinheiro
Augusto Melo tem muito mais problemas do que soluções. Nesta semana, ele vai decidir o que fazer com Carlos Miguel. O goleiro já avisou ao dirigente que vai aceitar oferta do futebol inglês, do Nottingham Forest. Uma tentativa de renovação de contrato foi oferecida ao jogador para aumentar a multa. Mas ele não deve assinar. Isso não o impediria de deixar o Corinthians como avisou, mas faria com que o clube brasileiro recebesse mais dinheiro pela venda e não somente os 4 milhões de euros (R$ 23 milhões) estipulados. Ocorre que Carlos Miguel teme que um aumento na multa possa gerar problemas para ele na negociação. Ele não vai correr esse risco.
Augusto Melo está no mercado para contratar um goleiro mais pronto, de modo a não ter de se valer dos garotos ainda sendo formados no elenco. Eles são vistos como inexperientes para defender o time no Brasileirão e na Copa Sul-Americana. Para isso, o clube terá de recorrer a parceiros financeiros. Um banco talvez. Não há dinheiro para nada.
Tem de pagar hoje os colaboradores do clube
Nesta segunda-feira, há a promessa de pagar os colaboradores do clube. Os salários já deveriam ter sido pagos, mas não foram. O mesmo acontece com os vencimentos dos jogadores, principalmente dos direitos de imagens. Sem o dinheiro do patrocinador máster, o Corinthians volta a passar o pires. Há contas vencidas e outras para vencer. Há um clube para movimentar e, por ora, o único dinheiro não planejado que pode entrar nas contas é da bilheteria da Neo Química Arena. Mas nem isso a rodada do Brasileirão ajuda. O time joga fora de Itaquera contra o Atlético-GO nesta terça-feira.
Não está descartado um pedido de adiantamento financeiro de alguns de seus credores, como o dinheiro de transmissão dos jogos da Federação Paulista de Futebol do ano que vem ou mesmo deste Brasileiro e Copa Sul-Americana.
O presidente Melo deve bater na porta da Neo Química, que dá nome ao estádio em Itaquera. O que puder tirar de seus parceiros agora, o clube vai tirar. Com isso, Augusto Melo ganha tempo para correr atrás de novos patrocinadores. Como se diz na Bolsa de Valores, é hora de “comprar as ações do Corinthians” porque o clube está em baixa. Mesmo com toda a sua história, o clube precisa de receita para fazer seu financeiro virar. A marca é forte e o mercado do futebol pulsa forte nesta temporada. Há muitos investidores com dinheiro esperando por oportunidades. Melo terá de driblar toda a desconfiança que paira sobre ele. Há muitas dúvidas para saber se consegue. Seu nome hoje puxa o Corinthians para baixo aos olhos do mercado.
LEIA ROBSON MORELLI NO FACEBOOK
Também não é segredo para ninguém que todos os jogadores estão à venda, da base aos mais experientes. A diretoria não vai segurar ninguém do time de António Oliveira na janela europeia. O treinador português terá missão dura nesta semana: convencer os atletas de que é preciso continuar, mesmo com os salários atrasados e com todos os problemas envolvendo a gestão de Augusto Melo.
Jogadores estão assustados
O próprio presidente vai falar com os jogadores para explicar a situação e “vender” tranquilidade diante dos obstáculos, perdas e confusões. Ele vai se apoiar em jogadores mais experientes, como Fagner, para ganhar o grupo. Os jogadores sabem o que está acontecendo e temem pelo futuro no clube, esportivo e financeiro.