Em menos de um mês, aquela euforia da torcida do São Paulo após a vitória por 3 a 1 sobre o Corinthians, quando parecia que o time ia voar no embalo do quarteto mágico (Oscar, Lucas, Luciano e Calleri), deu lugar a um sentimento de desconfiança generalizada.
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Nas redes sociais, termômetro das oscilações de amor e da galera, já se pode identificar uma maioria desgostosa com o trabalho do técnico Luis Zubeldía, responsabilizado por tudo de ruim que aconteceu após o Majestoso.
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De fato, a performance do Tricolor é ruim e justifica parte da revolta dos são-paulinos. Dos últimos cinco jogos, o time não ganhou nenhum, com a agravante de ter enfrentado algumas equipes bem inferiores tecnicamente.
São cinco jogos sem ganhar
Depois de perder para o Bragantino e empatar com Inter, Velo Clube e Palmeiras, o Tricolor fez a quina do mau desempenho ao ser derrotado em casa, de virada (2 a 1), pela Ponte Preta, na noite de quarta-feira.
Era a gota que faltava para fazer transbordar a dose de impaciência da torcida, que já vê na troca de treinador o velho remédio para os males de sempre, mesmo sabendo que tal prescrição tem o mesmo efeito de um placebo.
Nesse cenário de caça às bruxas, no entanto, surge uma voz da razão vinda de dentro do próprio elenco para relativizar a culpa do treinador argentino pelos maus resultados. Mais do que isso: reconhecer que a culpa não está no banco e sim dentro de campo, onde os jogadores são os responsáveis diretos pelo enredo de como se desenrola cada partida.
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E aí é preciso aplaudir a coragem do centroavante argentino Calleri, que, sem meias palavras, admitiu que se há culpados são os jogadores.
Jogador é bajulado demais
É raro ver um atleta fazer essa penitência. Quase sempre é mais confortável deixar que a torcida pense mesmo que o técnico é o vilão da história. Ainda mais no Brasil, que alimenta a cultura da troca de treinador como solução para tudo.
Eis então que Calleri foi para os microfones e reconheceu que ele e seus companheiros não estão jogando nada. Absolutamente nada. Não estão dando conta de executar em campo o que foi planejado no vestiário e na semana de treinamentos no CT da Barra Funda. Mais do que táticos, os erros são técnicos, individuais e coletivos, que prejudicam qualquer tentativa de organização dentro de campo.
Culturalmente, jogadores de futebol foram criados em uma redoma que os blinda das críticas e responsabilidades. São quase sempre superprotegidos em nome de uma falsa estabilidade de grupo. Eles são paparicados pelos torcedores. Acobertados pelos dirigentes. Defendidos a unhas e dentes pelo seu estafe pessoal de assessores, procuradores e gestores de carreira.
Calleri teve coragem
Falar mal de um jogador no Brasil é comprar briga com muita gente. Mas Calleri, sob o efeito de uma reflexão altamente profissional, botou o dedo na ferida certa. Chega de achar que jogador é herói quando vence e não tem culpa de nada quando perde, pois que esse é o fardo a ser jogado nas costas do treinador, do juiz, da bola, do campo, da imprensa…
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Calleri teve a coragem de dizer que no caso presente da má fase do São Paulo aqueles que precisam ser responsabilizados são os jogadores. E, por isso mesmo, devem ser cobrados interna e externamente. Chega de mimimi.
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Quando todos se derem conta de que Calleri está com a razão, certamente o São Paulo vai virar essa chave e voltar a vencer, independentemente de estar ou não sob o comando de Zubeldia.
Técnicos ganham e perdem jogos até a página 4. Dentro de campo, se os jogadores não se empenharem, não valorizarem a camisa que vestem, não dignificarem o salário que recebem, não existirá santo que faça milagre.
Se você, são-paulino, ainda tem alguma dúvida, veja o que está acontecendo com o Manchester City, de Pep Guardiola. Será que a má fase do bilionário time inglês é só uma questão relacionada à eficiência do trabalho do treinador? Será que depois de tanto tempo de sucesso vão dizer que Guardiola é burro?
Parabéns, Calleri! Reconhecer o erro é o primeiro passo para não errar mais.