O São Paulo gostaria de ter novamente um treinador estrangeiro. Teve o argentino Hernán Crespo e depois apostou em brasileiros. Thiago Carpini fica no cargo até o clube encontrar outro. O treinador também foi “abandonado” pelos jogadores. Ninguém mais corre pelo chefe. Carpini erra nas escalações e desagrada a todos no elenco. Ele nem se deu ao trabalho de levantar o moral dos atletas após a segunda derrota do time no Brasileirão, diante do Flamengo, no Maracanã, nesta quarta-feira. Foi para o vestiário e lá ficou até sua entrevista. Demorou mais do que o normal.
A diretoria continua em silêncio sobre a permanência do técnico. Disse semana passada que ele permaneceria no posto até o jogo com o Flamengo. Com isso, o silêncio, ela ganha tempo para encontrar um novo comandante. Carpini não precisa de mais sinais do que o silêncio dos dirigentes. Parece que só ele não entendeu isso. Ele tem duas saídas e optou pela espera. A outra seria se reunir com o presidente e decidir seu futuro olho no olho: fico ou pego minhas coisas e vou embora.

O treinador de futebol precisa ter um melhor entendimento da situação e tomar a frente em situações como essa. Esperar a “fritura” é sempre o pior caminho. As movimentações são claras no Morumbi. Nem mesmo dentro de campo Carpini tem o apoio dos jogadores. Vi um elenco totalmente perdido e sem motivação contra o Flamengo, uma bagunça em campo, com um atleta reclamando do outro. Todos de braços arriados, típico de um elenco que espera por mudanças.
Foi o jogo 18 do treinador pelo clube. “Quem tem de responder essa pergunta (sobre o meu futuro) não sou eu. Eu me vejo fazendo o que sempre fiz. Trabalhando e fazendo meu melhor. Essa especulação de fica, não fica, sai, não sai, tem mais de 30 dias. Eu sigo trabalhando enquanto for o comandante”, disse. “Em relação ao noticiário, eu não me preocupo. Eu me preocupo em melhorar aquilo que todos os dias tenho oportunidade. Se a diretoria conversa ou não com outros nomes, quero acreditar que não, porque sempre tivemos uma relação de muito respeito de ambas as partes. Vejo como especulação porque acho que não teria problema algum a diretoria comunicar se isso estivesse acontecendo, pôr um ponto final, se posicionar que sim ou que não.” Indiretamente, Carpini cobrou por uma posição.

Ninguém vai entregar em campo o que pode, se é que pode. Se demorar para agir, o São Paulo voltará à estaca zero depois de ter subido alguns degraus com a Copa do Brasil e a Supercopa diante do Palmeiras. Mesmo com Carpini, a diretoria erra em seu silêncio. O time perde com isso. Já são duas derrotas no Brasileirão em duas partidas. É cedo, como disse Carpini? Sim, mas pontos corridos não perdoam equipes que cometem esse tipo de desdém, de não entender que todos os jogos valem três pontos e que esses pontos podem fazer falta lá na frente. É preciso ser justo com o treinador e lembrar que o time não conta com uma série de jogadores machucados, como Lucas.
O problema não é perder para o Flamengo dentro do Maracanã diante de 45 mil pessoas. Muitos rivais vão sofrer a mesma queda contra o esquadrão de Tite. O problema é não ter confiança para reagir nem plano de voo para a temporada. Isso passa pela permanência ou não de Carpini. Se a diretoria ainda acredita na sua aposta, tem de vir a público e dizer isso: “Carpini fica”. Se não acredita mais, tem de fazer o mesmo e trocar logo, mesmo que não tenha um nome ainda em vista.
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A diretoria vai se reunir nesta quinta-feira e reavaliar tudo. Pode tomar uma decisão até o fim do dia. O São Paulo não quer esperar pela terceira rodada do Brasileirão para se posicionar, como me disse por cima uma fonte. O futebol perdoa tudo, menos indecisões. Se mudar de ideia e optar pela permanência do treinador (Muricy Ramalho sempre defende o término do contrato), Julio Casares terá de se reunir com a torcida e pedir paz e paciência. Também terá de se reunir com o elenco e fazer o mesmo. Hoje, essa possibilidade é menos real do que a troca de treinador, sempre o caminho mais fácil para os cartolas.