“ASSALTO A MÃO ARMADA PQP”. Foi assim, com caixa alta e muita revolta, que o CEO do futebol do Cruzeiro, Alexandre Mattos, protestou nas suas redes sociais contra a expulsão de Jonathan Jesus ainda no primeiro tempo do jogo contra o Internacional, no Beira-Rio, na noite deste domingo, pela segunda rodada do Brasileirão. Para ilustrar o post, o dirigente usou a imagem de um bandido empunhando uma arma e usando touca ninja típica dos assaltantes.

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A expulsão aconteceu aos 20 minutos, num lance em que o árbitro Marcelo de Lima Henrique viu falta do cruzeirense sobre o atacante Wesley. Mas na visão de Mattos, a jogada foi determinante para a derrota do Cruzeiro por 2 a 0. Daí o protesto num tom mais elevado, que coloca em xeque a honestidade do apitador.

Nas redes sociais, Alexandre Mattos, CEO do Cruzeiro, pega pesado com a arbitragem após derrota / Reprodução

Lamentavelmente, não se pode ver o protesto do cartola mineiro como um fato isolado. Ele faz parte de um contexto cultural do futebol brasileiro, que sempre tem na figura dos árbitros o culpado pelos fracassos das equipes em campo. No entanto, para além disso, ele reflete uma evidência que não se pode ignorar: a arbitragem brasileira é muito ruim.

Tão ruim que tem fabricado resultados e decidido campeonatos. Com ou sem dolo, muitos juízes estão fazendo mal ao nosso futebol e isso precisa acabar. Não dá mais para aceitar que, num ambiente altamente profissional, toda semana algum personagem que se sinta o prejudicado da vez lance suspeitas sobre a integridade dos árbitros e sobre a honestidade das decisões.

O Brasil é o túmulo do VAR

Custa a acreditar que isso seja ainda pior depois do advento do VAR, implementado no futebol mundial como a ferramenta capaz de dirimir dúvidas e impedir injustiças. O Brasil é o túmulo do VAR.

Mattos não está só em sua reclamação neste início de Brasileirão. As duas primeiras rodadas foram pródigas em nos apresentar decisões absurdas, que contrariam as 17 regras do jogo e a lógica do que a gente vê nos estádios, na TV e nas imagens das cabines do VAR.

Abel Ferreira, do Palmeiras, e Zubeldía, do São Paulo, são especialistas em pegar no pé da arbitragem / Palmeiras

Por óbvio, muitos que hoje se sentem prejudicados, e gritam por justiça, já foram beneficiados em jornadas anteriores e se calaram diante da vantagem obtida indiretamente. Afinal, o fair play também não existe no futebol brasileiro, o importante é levar vantagem em tudo, herança maldita da chamada Lei de Gerson.

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Vejam o caso de Abel Ferreira, do Palmeiras. Ele já condenou várias arbitragens quando seu time não ganhou. Ele e seus assistentes portugueses chegaram até a denunciar a existência de um complô na medida em que, na visão deles, o sistema não queria que o Palmeiras fosse campeão – mesmo no ano em que foi. Na noite deste domingo, o Palmeiras derrotou o Sport na Ilha do Retiro com dois gols de pênalti no mínimo discutíveis, marcados pelo árbitro Bruno Arleu.

O silêncio de Abel

Dois pênaltis em que o juiz viu infrações no limite da regra e não foi chamado sequer pelo ultra intervencionista VAR para verificar a precisão de sua marcação. Abel, evidentemente, não reclamou. Faz parte. É assim que gira a roda. Mas a torcida, jogadores e dirigentes do Sport se revoltaram com o apitador e viram na sua atuação o grande motivo pelo resultado adverso.

Aliás, o São Paulo também voltou de Minas reclamando. O técnico Zubeldía foi expulso mais uma vez – o que surpreendeu zero pessoas – por reclamar da falta de um cartão vermelho para um jogador do Galo. No dia anterior, o também argentino Ramón Díaz foi expulso por reclamar da anulação de dois gols do Corinthians, em lances altamente discutíveis, que demonstraram a má fase do árbitro Anderson Daronco.

CBF precisa dar um basta nas péssimas arbitragem, mas também responder o post do CEO do Cruzeiro, Mattos / CBF

O fato é que há erros para todos os lados e de todos os jeitos. Eles são reflexo também de uma postura arrogante do juiz dentro de campo, que se acha dono da verdade e não aceita o contraditório. Como têm o poder do apito, e os cartões como armas, arrotam autoridade no trato com os jogadores e marcam o que bem entendem, sem dever explicações.

Serviço porcamente

Aliás, esse é um fato que merece atenção. Árbitros de futebol são protegidos pelo silêncio imposto pelo comando dos departamentos de arbitragem de federações e confederações. São os únicos atores do futebol que não precisam dar explicações para a opinião pública. São impedidos de dar entrevista. Entram e saem dos estádios cercados por seguranças. E quase nunca são punidos.

A impunidade é o manto que encobre a incompetência. Todos os juízes que erraram hoje estarão escalados de novo daqui três dias para ganharem um bom dinheiro para fazer o serviço que fazem, mal e porcamente.

Até quando será assim? Se na segunda rodada do campeonato já se fala em roubo à mão armada, o que esperar dos comentários programados para a hora da decisão do título? Portanto, a comissão de arbitragem da CBF, que já mudou de comando inúmeras vezes sem nenhum efeito prático, tem a obrigação de se posicionar depois do post de Mattos.

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