Algumas situações precisam ser apontadas no amistoso do Brasil contra o México no Texas, Estados Unidos, neste sábado, com vitória por 3 a 2 do time de Dorival Júnior. Uma delas é o público de 85 mil torcedores. Fazia tempo que a seleção não se apresentava diante de tanta gente. Isso empolga. Quem viu o estádio na véspera não acreditava que ele poderia receber tanta gente.

É preciso comentar sobre Endrick, esse menino dono da camisa 9 que tem o dom de fazer gols. Ele entrou no segundo tempo, tentou pelo menos três chutes antes de marcar de cabeça o gol que deu a vitória ao time brasileiro. Além de sua qualidade técnica e tudo o que já vimos dele no Palmeiras, Endrick parece ser um jogador iluminado, desses que aparecem de tempos em tempos. Seu talento conta muito e a bola precisa chegar nele sempre. Ele tem decidido os jogos na era Dorival. Tem cinco partidas e três gols.

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Não há também como não mencionar a presença de Vinícius Júnior. Desde que ele entrou, o jogo ganhou uma magia que não tinha. E isso não tem nada a ver com a qualidade dos outros jogadores do Brasil. O time estava bem. Mas Vini dá ao jogo uma condição diferente, mesmo quietinho pela esquerda e ainda se recuperando de uma temporada intensa na Espanha, que acabou com festa após a Liga dos Campeões. O público quer ver Vini Jr., como os romanos queriam ver aqueles gladiadores na Roma antiga. Sua presença é esperada e muda tudo.

Estádio no Texas recebe 85 mil pessoas em amistoso do México com a seleção brasileira / CBF

Dorival continua ganhando o torcedor brasileiro com seu trabalho sério e organizado. Ele deu mais intensidade ao jogo do Brasil, numa formação com atacantes abertos e um centroavante, formação que lembra muito o Brasil do passado. Tem dois marcadores no meio de campo com qualidade no passe, liberdade e característica para avançar. Refiro-me a Andreas Pereira, autor do primeiro gol, Ederson e até Bruno Guimarães, que entrou depois.

Dorival usou nesse primeiro amistoso antes da Copa América um time mais misto e deixou alguns dos titulares na espera. Mas ele não precisava mexer tanto na formação, com tantas substituições. É mais importante treinar o esquema tático e o posicionamento móvel dos atletas escolhidos do que colocar todo mundo para jogar um pouco. Essa concepção de usar todos os atletas não funciona a não ser que seja necessário. Não era.

Gabriel Martinelli vai dor aquela dor de cabeça que todo treinador quer: ele cava seu lugar no time brasileiro / CBF

Esperava um pouco mais de Lucas Paquetá, que também esperou sua vez para entrar na partida. Ele tem muita qualidade e precisa mostrar isso. Sua cabeça deve estar dividida entre treinos e jogos e a acusação formal de participar do esquema das apostas esportivas na Inglaterra. Dois jogadores vão “pressionar” Dorival por suas qualidades: Savinho e Gabriel Martinelli, autor do segundo gol diante dos mexicanos. Jogam muito e vão dar aquela dor de cabeça boa para o treinador.

Erros precisam ser corrigidos

Tudo é muito cedo na era Dorival na seleção. O treinador sabe, no entanto, que o torcedor não suporta mais aquele joguinho sem pegada, lento e cheio de firulas. O Brasil, nas últimas três partidas, mostrou uma pegada diferente, com mais seriedade, maturidade e compromisso. Quem chegar, se chegar, terá de entrar nesse esquema. Sim, refiro-me a Neymar, o grande jogador brasileiro das últimas Copas do Mundo. Ele não tem mais essa condição. Para mim, ele perdeu o posto para Vini Jr. e isso não tem qualquer tom pejorativo. Neymar terá de se provar importante para a seleção e ganhar seu espaço. Dorival gosta dele, mas não vai ser desleal com seus outros jogadores. O torcedor espera que ele não repita alguns comportamentos da comissão técnica que deixou o Brasil após a Copa do Catar.

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Houve momentos ruins e de vacilo do time contra o México. Houve sofrimento. Nunca é só flores. Tudo isso precisa ser treinado e arrumado. Melhorado. Ficar com a bola na defesa nunca é uma boa, tampouco nos pés dos jogadores de menos habilidade. O meio de campo precisa ser soberano e retomar seu papel na seleção, assim como os atacantes, atualmente o melhor setor do Brasil. Mas ainda é no meio que tudo nasce. A saída de bola com o goleiro também é uma condição de risco. Não precisa disso. Dorival sabe corrigir erros e fará isso já para quarta-feira, contra os Estados Unidos, no último amistoso antes da Copa América.

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