Se Dorival Júnior me permitir, gostaria de discordar dele em relação aos seus argumentos sobre a não escalação de Endrick como titular da seleção brasileira. O treinador tem todo o meu apoio e respeito. Está onde deveria estar. Gosto do seu trabalho e da forma como vê o futebol, sem tanto deslumbramento e glamour. Dorival é do tipo arroz com feijão. Está sem confiança, mas mudar deixaria tudo pior. Por ora.
Seu problema é não olhar para Endrick como deveria. O atacante do Real Madrid pode ajudar mais se tiver mais tempo. Endrick é um fazedor de gols, tudo o que o Brasil precisa.
Temos de ter um pouco de cuidado com o Endrick. Eu sempre usei as categorias de base, sempre valorizei demais, e sempre tive muito cuidado. Ao mesmo tempo que possamos nos apressar em alguma situação, talvez não tenhamos uma volta e um erro pode ser fatal. Peço só um pouco de paciência a todos. Ele vem de uma evolução boa. Acompanhei o quanto ele foi decisivo no campeonato anterior pelo Palmeiras, em momento algum deixamos de avaliar e por isso peço um pouco de paciência e tranquilidade com esse garoto para que as coisas aconteçam de maneira natural. Ele pode ser útil para a seleção desde que tenhamos paciência. Não é só colocar lá e deixar que resolva a situação. Está finalizando uma formação e precisa de tempo.
DORIVAL NA COPA AMÉRICA
Mas penso que ele deve olhar para o atacante do Real Madrid de forma diferente em relação aos outros atletas. Endrick não é mais um garoto da base. É um jogador descobrindo o que pode fazer em jogos cada vez mais importantes e pesados, com camisas da mesma forma históricas e de tradição.
Foi assim no Palmeiras sob o comando de Abel Ferreira e já foi assim também com o próprio Dorival nos bons amistosos diante de Inglaterra e Espanha, quando o Brasil tinha de dar uma resposta após a saída de Fernando Diniz e a recusa de Carlo Ancelotti de assumir o posto.
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Endrick está pronto para ser o centroavante da seleção brasileira e o que mais o destino lhe reservar. Endrick é um centroavante tentando ser um centroavante.
Endrick precisa de mais tempo em campo
Endrick não é Pelé nem nunca será. Endrick está degraus abaixo de Ronaldo. Mesmo assim, ele é um atacante pronto e o melhor camisa 9 de todos que passam pela seleção. Foi assim na Copa América e é assim nas datas-Fifa. Dorival pede paciência. Esse discurso ficou para trás. Eu peço mais tempo dele em campo.
Endrick tem de saber o que é ser titular do Brasil. Entendo o momento dos atacantes do Botafogo. Igor Jesus e Luiz Henrique voam. Mas Endrick também pede passagem. Ele segura a marcação. A Espanha não entende a decisão do treinador brasileiro de deixá-lo fora. Ou de usá-lo pouco. Dorival deve dar a ele 45 minutos contra o Peru.
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Essa história de amadurecer jogadores no grupo nacional sempre achei uma furada, principalmente porque esses garotos crescem cada vez mais rápidos em seus respectivos times e chegam cada vez mais cedo na Europa.
Talvez tenha funcionado com Ronaldo lá na Copa do Mundo de 1994, quando o futebol era outro. Na Eurocopa, conferimos muitas seleções com “moleques” em campo, como a Espanha e a Itália.
No caso de Endrick, ele vem demonstrando maturidade no Real Madrid. Tem de ser tratado como jogador pronto. Ficaria calado se Dorival dissesse que Endrick treinou mal e por isso não será titular. Raphinha foi melhor do que ele e ganhou a vaga. Perfeito.
Ou ainda que o treinador prefere outro jeito de jogar, sem um 9 de ofício. Tudo bem também. Mas já está na hora de tratar Endrick diferente.
Dorival tem ótimas opções para o ataque
O que acontece na seleção brasileira do meio para frente é o mesmo que ocorre no Real Madrid. O treinador do time espanhol e do Brasil têm de fazer escolhas. Isso tem de ficar claro para o torcedor.
Dorival tem o direito de achar que a seleção funciona melhor sem Endrick. Ele pode se valer de jogadores mais experientes para dar peso ao time. Mas vejo Endrick como uma realidade e não mais como uma promessa.
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