Dorival libera os seus jogadores para arriscar mais. Ele chamou isso de detalhe dentro da partida, principalmente no ataque. Apontou como exemplo uma finalização mais bem feita, um drible, uma tabela, uma arrancada em velocidade. Em outras palavras, o treinador pede mais “atitude” para os seus jogadores.
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Dorival trabalha o tático, de modo a orientar os atletas no campo, nas situações de jogo, na retomada da bola e quando o time sofre na marcação. Mas não consegue intervir na habilidade dos jogadores do Brasil nem num chute ou na decisão de uma drible. O que ele fez foi pedir ousadia.
Esse lugar-comum que virou cobrar atitude dos atletas não pode servir de desculpa para as partidas ruins da seleção. Dorival volta a pedir paciência. Diz que o futebol “passa por um momento de alteração em sua ordem”. Citou a Itália fora das duas últimas Copas do Mundo. E a Argentina brigando na repescagem para se classificar lá atrás. Dorival fala na evolução das seleções sul-americanas.
A nossa realidade é nos preparar para ter um futebol respeitado e protagonista. Não adianta criar uma ilusão ao torcedor, de dar espectáculo agora. Isso demanda tempo. Vai acontecer, mas não agora. Lá na frente. O que está faltando é uma tomada de decisão mais segura no ataque, um drible. Acredito que evoluímos como equipe.
DORIVAL
Com muito cuidado, Dorival disse que nada no futebol é construído de um dia para outro, que nada vai acontecer de tão diferente do jogo do Equador, sexta-feira passada, para a partida desta terça, em Assunção, diante do Paraguai. O que o treinador quer “vender” para o torcedor é que a seleção vai melhorar gradativamente e não, com um passe de mágica, de um jogo para outro.
É compreensível por parte de quem está dentro da seleção, da CBF, da comissão técnica e do vestiário pensar dessa forma. Também é fácil entender que nesse futebol moderno da correria e da pouca técnica, todos ficaram mais próximos dentro de campo. Vou dar um exemplo: não se sabe mais o tamanho da facilidade do Brasil diante da Venezuela ou do Peru, dois rivais que sempre foram presas fáceis para a seleção. O Brasil piorou e os rivais melhoraram.
Dorival gostaria que o torcedor entendesse isso. Não entende. A cobrança é alta porque a seleção tem os melhores jogadores do mundo. Não há nenhuma outra equipe nacional com tantos atacantes excelentes como o Brasil. Falta jogar. Essa carência de bom futebol, Dorival não vai conseguir fazer com que o torcedor aceite.
Depois da Copa América e Eurocopa, a conclusão é que o Brasil está do meio para baixo nessa fila das melhores seleções. O ranking da Fifa de julho, que coloca o Brasil em quinto lugar, é a maior enganação do mundo.
Falta futebol
Danilo disse que falta futebol ao Brasil em sua entrevista nesta segunda-feira. O lateral comentou que a CBF perdeu tempo com tantos treinadores e mudando projetos, mas destacou que o Brasil ainda tem muitos jogadores fora da curva. “Matéria-prima não falta ao nosso futebol”, disse.
Queria ver o Brasil como a Argentina
É fácil entender que o Brasil precisa de tempo para se formar e se fazer mais respeitado, com futebol melhor e mais competitivo. Gostaria muito de ver a seleção brasileira jogando como a Argentina, mesmo quando Messi não atua.
O meio de campo argentino ganha partidas, é mais imponente, brigador e com qualidade ofensiva. A impressão que tenho é que nossos jogadores do meio, como Paquetá e Bruno Guimarães, ótimos atletas, jogam sem vontade, sem inteligência, sem confiança, com muita dificuldade para fazer o que eles sabem fazer.
Para mim, pelo tom e palavras, Dorival cobrou mais de seus jogadores. Ele achou o time passivo, aceitando a marcação e o ritmo de atuar dos equatorianos. Quer outra postura diante do Paraguai, que é um time menos parrudo, com menos força física, mas muito mais veloz. Se atacar, dará espaço para Vini e Rodrygo, e também para Endrick, que deve ser o titular em Assunção.
Se a seleção conseguir se despedir de forma positiva, de resultado e atuação, ela dará mais tranquilidade para Dorival e sua comissão. O elenco ganhará confiança e deixará de lado a pressão da tabela que sofreu na retomada das Eliminatórias.