O contrato do holandês corintiano Memphis Depay prevê um gatilho financeiro para o jogador a cada assistência de gol, ou passe, para seus companheiros até junho de 2025, como se descobriu recentemente. O passe indireto que ele fez para Carrillo no gol do Corinthians diante do Universidad Central, de Caracas, acionou esse gatilho e fez com que o atacante colocasse mais R$ 1,5 milhão em sua conta corrente.

O gatilho corre indiferentemente ao péssimo futebol apresentado pelo time no empate em sua estreia na pré-Libertadores.

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Não se sabe se apenas o contrato de Memphis tem tal cláusula. Mas é uma vergonha que um clube do tamanho do Corinthians, de sua história e conquistas, seja tão refém do talento de um jogador quanto é do holandês camisa 10 do time.

Memphis ganhou R$ 1,5 milhão por um passe para gol de Carrillo na estreia do Corinthians na Libertadores / Corinthians

Nenhum jogador, ou clube, deveria ter cláusulas desse tipo em seu contrato. Por um simples motivo: nenhum atleta resolve as situações de campo sozinho. O que quero dizer com isso? Que apesar do gol ter sido de Carrillo foi Memphis quem ganhou dinheiro com ele.

Não é justo com os outros

Isso não me parece justo quando se trata de um time de futebol, do trabalho conjunto de onze jogadores, de uma equipe em que todos os seus atletas têm ou deveriam ter peso semelhante nas vitórias e nas derrotas.

O salário individual e os direitos de imagens de cada jogador, por si só, já trata da qualidade técnica de um e de outro. O salário mensal já estipula e diferença dos jogadores e suas tarefas. No futebol brasileiro os atacantes sempre foram mais bem pagos do que os zagueiros. O jogador que faz gols e que mexe com a emoção do torcedor sempre foi mais reconhecido do que aqueles cujas funções são de impedir que o gol aconteça, como goleiro.

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Até aí tudo bem. O que me parece um absurdo é o jogador colocar em seu contrato cláusulas como as de Memphis, que podem mudar a concepção do jogo coletivo de um time de futebol. É cada vez mais comum agentes de atletas pedirem esse tipo de remuneração para seus clientes. Os clubes brasileiros fazem o mesmo quando vendem seus jogadores para parceiros da Europa.

Caso de Endrick

Endrick é um desses casos. A cada gol que o menino faz no Real Madrid, o Palmeiras recebe mais dinheiro. Mas como ficam os outros? Os clubes deveriam ter mecanismos diferentes para remunerar seus principais jogadores. A forma mais clara e simples de fazer isso é negociando diretamente os valores no salário mensal. Essa negociação pode ser retomada a cada três meses, por exemplo, de modo a valorizar os feitos do jogador.

Endrick marca no Real Madrid e faz com que o Palmeiras ganhe um pouco mais com sua venda ao time espanhol / R. Madrid

Gatilhos como os de Memphis me parecem uma fórmula de estimular o jogo individual. Entre passar por um companheiro e fazer o gol, ele pode preferir a segunda opção porque ela pode lhe render mais dinheiro do que o passe.

Tenho dúvidas, no entanto, se o jogador consegue pensar tudo isso quando está dentro do campo. Muitas das ações são instintivas e rápidas. Mas só o fato de essas cláusulas, ou esses gatilhos, existirem já provoca um desequilíbrio dentro do vestiário.

Metas individuais

Aquele jogador que corre para o time e que trabalha tanto quanto o astro, mas que não tem nenhum gatilho contratual, pode se sentir menosprezado diante de seus colegas. Volto a dizer, não sou contra que jogadores recebam salários diferentes de acordo com suas funções e qualidades.

Mas metas individuais devem ser usadas para atletas cujas modalidades também são individuais, como o tênis.

O atacante holandês recebeu uma bolada por um passe em que seu companheiro precisou fazer quase toda jogada para marcar o único gol do Corinthians em sua estreia na Libertadores no empate amargo na Venezuela.

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