Há uma discussão grande na seleção brasileira sobre a escalação ou não de Estêvão entre os 11 de Dorival Júnior já na partida desta sexta-feira diante do Equador, como se isso fosse o maior dos problemas do treinador. Digo que não é.

O Brasil corre riscos e precisa ajeitar o time em setores mais importantes. Sofrer gols é um problema, uma vez que o time perdeu as últimas três partidas nas Eliminatórias, para Argentina, Uruguai e Colômbia. Isso explica a queda na tabela, um sexto lugar depois de seis partidas.

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As Eliminatórias sul-americanas são mais fáceis para as seleções do continente. Isso porque, depois do aumento de equipes na Copa do Mundo, de 32 para 46, agora há mais vagas. Até o sexto colocado, todos têm o direito de disputar o Mundial. O sétimo vai para uma repescagem. O Brasil está nesse limite. Restam ainda muitas partidas, mas a seleção está na estaca zero depois da troca de treinadores e resultados ruins.

Dorival também faz sua estreia nas Eliminatórias da Copa do Mundo: missão é formar um time melhor e ganhar jogos / CBF

Estêvão, o garoto de 17 anos que foi chamado pela primeira vez por Dorival, portanto, é o menor dos seus problemas. A seleção tem bons jogadores, um acima da média, que é Vini Júnior, mas não tem um time pronto. Falta tudo.

Falta entrosamento, falta confiança, falta esquema de jogo, falta o principal, resultados. Estêvão pode melhorar muito o time no ataque. Mas ele não pode ser, na primeira convocação, a grande esperança do Brasil nas Eliminatórias.

Se esse é o sentimento da CBF e do treinador, que também vai estrear na competição, há alguma coisa errada no processo. O Brasil não pode depender de um garoto de 17 anos, novato de tudo, mesmo sendo ele acima da média. Nem com Pelé foi assim.

Dorival tem sob seu comando o melhor ataque do mundo. Nenhuma outra seleção tem tantos jogadores bons como o Brasil. Qual é o desafio então? É fazer desses limões uma limonada. Os treinadores que assumiram a seleção depois de Tite, e até com Tite, fracassaram nisso. Os bons jogadores não deram em nada.

Soma-se a isso os últimos resultados, como a eliminação precoce na Copa América dos Estados Unidos sem jogar bem, e se tem uma seleção brasileira sob pressão. Não há espaço para errar, dada a posição do time na tabela.

Futebol brasileiro ainda é arrogante

A arrogância dos dirigentes, treinadores, jogadores e até do torcedor impede comentar sobre uma seleção brasileira fora da Copa do Mundo. Nunca aconteceu. O Brasil é o único país a jogar todos os Mundiais. Mas os tempos são outros. Desde 2002, o Brasil não ganha uma Copa. Não chega sequer à decisão, mesmo tendo bons jogadores, alguns na lista dos melhores do mundo.

A Itália ficou fora das duas últimas edições da Copa, na Rússia e no Catar. Até outro dia, os italianos eram adversários do Brasil no futebol.

Jogadores da seleção treinam para partida das Eliminatórias contra o Equador, no Paraná / CBF

Como time, a seleção está no fim da fila se comparada aos europeus e boa parte dos rivais da América do Sul. Então, é preciso levar com muita responsabilidade os jogos do Brasil contra Equador e Paraguai, fora de casa. Estêvão, do Palmeiras, vendido ao Chelsea, é só parte disso.

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Dorival precisa fortalecer o meio de campo, setor onde tudo acontece, e melhorar o desempenho das laterais, por ora, nulos. Marcar é fundamental, mas atacar de forma organizada é necessário. Faltam dois anos para a Copa do Mundo. O Brasil ainda “não existe” dentro de campo. 

É preciso encontrar jogadores que assumam o time. Sem Neymar, não há esse comandante. O Brasil carece de atletas com mais personalidades, que entendam o momento da seleção e assumam o jogo. Espero ver tudo isso já contra o Equador, com ou sem Estêvão.

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