Não dá para encarar a demissão de Mano Menezes, logo na primeira rodada do Campeonato Brasileiro, com indiferença. Muito menos com normalidade. Por mais que a gente vá descobrindo agora rancores guardados no passado que possam justificar uma atitude tresloucada da diretoria do Fluminense, o processo que levou Mano à degola é irresponsável. Ele passa longe de qualquer protocolo de profissionalismo que o futebol moderno exige.
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Nem a desculpa de que a troca de treinador faz parte da cultura resultadista que se adota no país serve para tomarmos como razoável o fato. Em condições normais de temperatura e pressão, perder para o Fortaleza, no Ceará, deve ser considerado um resultado normal, muitas vezes até esperado pelos clubes visitantes.

Olhando para o time do Fluminense, que lutou para não cair no Brasileirão do ano passado e fez água na recente disputa do Cariocão, não dá nem para reclamar do 2 a 0 da estreia. Não seria nada demais sair de Fortaleza com a lição da primeira derrota e voltar para o Rio sabendo que é preciso trabalhar muito para não repetir o carrossel de emoções desesperadas do ano anterior. Afinal, como diria aquele torcedor mais otimista, ainda faltam 37 rodadas…
Problemas no vestiário
O ex-jogador Felipe Melo, hoje travestido de comentarista nos canais Globo, festejou a demissão de Mano como se ainda fizesse parte do elenco das Laranjeiras. E deixou no ar suspeitas de que o clima não era bom entre o técnico e o grupo de jogadores.
Faltava conexão entre eles. Talvez por conta daquele incidente do técnico com o lateral Marcelo, na reta final da temporada passada. Na ocasião, a diretoria decidiu fechar com Mano e, ao que tudo indica, deu um tiro no pé.
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Mano Menezes não é um sujeito de trato fácil. Sério, de poucas brincadeiras, dorme e acorda abraçado às suas convicções e não aceita com facilidade o contraditório. Esse comportamento é cruel para um líder quando a equipe de colaboradores se incomoda com ele. Aí não tem mais volta.

A pergunta que se faz é a seguinte: se já havia internamente esse cenário, por que então o clube decidiu iniciar uma nova temporada com Mano e seus assistentes? Por que não demiti-lo ao final do Brasileirão do ano passado e ter marcado ali o início de um novo projeto com visão de futuro? Por que insistir com um treinador que mal conseguiu salvar o clube do rebaixamento quando isso é pouco para alguém do tamanho de Mano, que já esteve na seleção brasileira?
Flu perde meses de planejamento
Talvez nunca tenhamos a resposta verdadeira. Mas com certeza, a troca inesperada do treinador será debitada na conta da normalidade que é a eterna caça às bruxas dos culpados por resultados indesejados. Amanhã, quando um novo treinador chegar, Mano já será página virada, alguém que não mereça mais nenhuma lágrima de saudade.
E o que se pensou como planejamento para a temporada 2025 vai para a lata do lixo e o Flu se vê obrigado a começar tudo do zero, com meses de atraso.
O que não dá para ignorar é que a demissão de Mano vale como um sinal de alerta para treinadores que se julgavam intocáveis em seus clubes. Isso vale, no caso dos times paulistas, especialmente para Abel Ferreira, do Palmeiras, e Luís Zubeldía, do São Paulo. Ambos passaram a conviver com críticas num tom mais elevado também já na primeira rodada, por conta de dois empates sem graça dentro de casa.
Todos estão na mira
De modo que o Verdão ficou no 0 a 0 com o Botafogo e o São Paulo também não saiu do zero diante do Sport, com direito a pênalti perdido antes dos cinco minutos de jogo. Eles que abram o olho, porque o rolo compressor do Brasileirão começou a fazer suas vítimas.