O futebol brasileiro encaminhou uma reação para a debandada dos seus jogadores para a Europa. De forma lenta e gradual, os clubes andam gastando dinheiro que não têm para segurar seus atletas e contratar treinadores estrangeiros. Tudo para melhorar a qualidade dentro de campo e ganhar campeonatos.
O Flamengo abriu esse caminho lá atrás quando contratou por dois anos o zagueiro David Luiz, que poderia ter permanecido na Europa, mas que veio jogar no Rio. Ele está no clube até hoje. Outros vieram nessa esteira, como o atual treinador Filipe Luís. O Brasil nunca teve tantos estrangeiros.
O Atlético-MG, depois de oferecer um contrato para Hulk, foi atrás também de Diego Costa e aumentou o seu poder de fogo no Campeonato Brasileiro e Libertadores naquele ano, por exemplo. Outros bons atletas foram repatriados.
Esse movimento deixou o futebol brasileiro mais forte. A contratação mais badalada deste ano foi a de Memphis Depay, pelo Corinthians, cujo salário é de R$ 2,9 milhões por mês. Inimaginável até pouco tempo atrás. Antes de Depay, o Corinthians fez contrato barulhento com o atacante Willian, que estava na Inglaterra. Isso aconteceu semanas depois de abrir os cofres para trazer Roger Guedes, Giuliano e Renato Augusto. Tudo antes da eleição de Augusto Melo.
Esse movimento atingiu todos os clubes do Brasil. O Palmeiras, lá atrás, repatriou Dudu e deu ao time mais poder de fogo. Trouxe Abel Ferreira e uma legião de bons atletas. Também foi pagando cada vez mais para segurar todos eles. E empilhando títulos.
Ainda nessa marcha, anos atrás, o São Paulo foi buscar no Velho Continente o atacante Calleri, cuja rápida passagem pelo clube do Morumbi em 2016 foi suficiente para deixar saudades. Já havia repatriado Daniel Alves em 2019, mas essa negociação financeira não deu certo. Foi uma furada e todos sabem o fim da história. Ele deixou uma dívida de 12 milhões para o clube pagar.
É inegável, no entanto, que todos esses jogadores e treinadores melhoraram o futebol brasileiro. Quem ganhou com isso foi o torcedor, os patrocinadores e as tevês, que têm os direitos de transmissão das partidas. Esse “novo futebol” gera negócios.
Com elencos mais fortes, a possibilidade de ganhar campeonatos aumenta. A audiência melhora e as transações passam a ser feitas de forma mais convincente por parte dos clubes. O Palmeiras vendeu Endrick para o Real Madrid e Estêvão para o Chelsea num piscar de olhos.
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A contraindicação para esse movimento foi o endividamento dos clubes. Muitos quebraram. Muitos devem até as cuecas. A conta chegou para todos eles e quem não estava minimamente organizado, enfrentou problemas. O Cruzeiro ficou três anos na segunda divisão. O Santos caiu para a Série B. O São Paulo tem uma dívida de R$ 700 milhões e o Corinthians bateu nos R$ 2 bi.
A lição que fica é simples: para fortalecer seus elencos, os clubes precisam de dinheiro. Para ter dinheiro, é preciso antes ter boa gestão. Ter boa gestão é gastar menos do que arrecada e abrir caminhos para aumentar as receitas. Os clubes brasileiros estão longe desse cenário.