Endrick pediu desculpas por festejar um gol em Montevidéu imitando um personagem dos cinemas: King Kong. O garoto diz ser fã do filme do macaco gigante e já festejou desta mesma maneira outros gols, o que comprova sua disposição de apenas imitar o animal. Kong é forte e tenta sobreviver em sua ilha antes de ser morto após ser levado para a cidade de Nova York (o primeiro filme da série). Endrick é um garoto forte também e tenta sobreviver no futebol com seu talento. Vamos ler e ouvir várias teorias sobre o assunto. O jornal Marca, da Espanha, divulgou o gol e a comemoração.

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Endrick fez sua escolha de festejar, como tantos outros atacantes do futebol brasileiro adotam maneiras particulares na hora do gol. Pelé socava o ar. Sócrates levantava o braço direito com a mão fechada. Luizão batia no peito. Neto escorregava no gramado. Endrick parece adotar o estilo Kong. O problema nesse caso é o racismo estruturado que há na sociedade. Ele imita um macaco e talvez isso tenha chocado as pessoas, os jogadores e a torcida do Liverpool. Me ocorreu aqui o tapa na cara que Daniel Alves deu nos rivais da Espanha quando jogaram uma banana para ele em jogo do Barcelona, muito antes de ele cometer estupro e ser condenado por isso na cidade europeia. Ele simplesmente pegou a banana do chão e a comeu.

Endrick levanta o braço para pedir desculpas aos torcedores sem entender o que estava acontecendo: ele tomou cartão amarelo / Agência Palmeiras

Também teve certa polêmica recentemente nas comemorações de Raphael Veiga, quando ele chutava a bandeirinha de escanteio. Ele fazia isso no estádio do Palmeiras e depois passou a fazer em outras arenas. Disseram que era ofensivo chutar a bandeira do clube presa ao mastro do escanteio. Ele parou.

O assunto de Endrick ganhou notoriedade porque os jogadores brasileiros sofrem com crimes de racismo quando jogam a Libertadores. Várias casos já foram registrados nas últimas edições de torcedores imitando macacos em ações ofensivas e criminosas nos estádios. Então, pode parecer provocador um brasileiro imitar um macaco. Endrick chocou seus adversários do Uruguai mesmo sem querer. Essas são apenas teorias que podem ser discutidas por gente mais especialista.

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Jogadores e torcedores do Liverpool foram pegos de surpresa. Eles entenderam como provocação. Endrick festejou seu gol de forma forte e efusiva, batendo no peito de maneira “agressiva”, como King Kong faz quando ganha uma luta nos seus filmes. O atacante do Palmeiras estava próximo ao banco do Liverpool e o placar já era elástico na vitória por 5 a 0 na casa do rival. Havia muita gente de cabeça quente.

Foi um ato de “racismo ao contrário”, como li nas redes sociais. Mas não penso que tenha sido isso. Abel Ferreira saiu em defesa do garoto e disse que ele tem um coração gigante e não há nenhuma maldade em seus atos. O treinador estava ao lado de um jogador uruguaio do Palmeiras, Pirequez, que balançava a cabeça em sinal de positivo enquanto o português falava.

Fico com a explicação do próprio Endrick. “A confusão começou, talvez, por ter sido ali, do lado da torcida deles. E eles não entenderam. Mas é um gesto que faço. Fiz também contra o Independiente (del Valle) e falaram que foi uma comemoração bonita”, disse o atacante. “O camisa 3 (De los Santos) entendeu, mas o camisa 7 (Lemos), não”. Endrick recebeu cartão amarelo injustamente. Para quem tem dúvidas, basta olhar nas redes sociais do jogador para encontrar postagens sobre o gorilão.

Raphael Veiga faz dois gols contra o Liverpool na goleada do Palmeiras por 5 a 0 na Libertadores / Agência Palmeiras

Abel contou que disse a Endrick para escolher uma maneira de comemorar seus gols e assumi-la em sua carreira. O treinador entende que o atacante já tem tamanho suficiente no futebol para ter uma comemoração própria e ser marcado por isso. Não sei se é imitando Kong, mas aí a escolha é do atacante e de mais ninguém. Endrick não revelou se vai continuar festejando dessa maneira nem se vai adotar o “gol Kong na Espanha”, para onde ele vai em julho. Ele se apresenta ao Real Madrid na próxima temporada. Os espanhóis cometem crimes racistas contra Vinícius Júnior há três temporadas.

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