A revolta de Luis Zubeldía com a arbitragem do senhor Marcelo de Lima Henrique na derrota em Minas Gerais para o Atlético, por 2 a 1, é preciso ser entendida de algumas maneiras. A primeira delas é o banho de realidade para o treinador do que é o futebol brasileiro, a fragilidade dos árbitros e a bagunça do VAR.

Suas reclamações de faltas não marcadas, faltas “inventadas” e cartões dados de forma equivocada são comuns no futebol brasileiro. O que não quer dizer que devemos aceitar calados. Zubeldía não aceitou nem vai aceitar, assim como Abel Ferreira não aceita e alguns outros treinadores.

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Há anos o futebol brasileiro tenta melhorar a arbitragem e não consegue. Cada juiz tem seu jeito de apitar. Falta padrão. A turma do VAR é ruim. Já escrevi aqui que essa gente nem precisa ser árbitro de futebol. Basta saber olhar as imagens e interpretar o lance com o rigor da regra. Um engenheiro poderia fazer melhor o trabalho que temos atualmente na sala do VAR. Um professor poderia ser mais didático. A CBF é incapaz de melhorar isso. Mas é chover no molhado.

Zubeldía se revolta com a arbiragem de Marcelo de Lima Henrique na derrota contra o Atlético-MG / SPFC

Zubeldía reclamou com socos no painel das entrevistas e declarações fortes numa discussão com um jornalista porque ele sentiu demais a derrota e sabia da possibilidade de vitória do São Paulo em Minas. Quando isso acontece, qualquer um fica louco. Mas exagerou com o repórter, interlocutor de sua ira após a partida. Todos se acham no direito de exagerar com jornalistas. Nem todo mundo precisa pensar como Zubeldía.

Aliás, o futebol tem essa característica, de pessoas olharem a mesma imagem e terem entendimentos diferentes. E tudo bem. Isso não quer dizer que devemos aceitar e concordar com as mazelas da nossa arbitragem. Porque não devemos.

Confesso que achei irregular o segundo gol do Atlético, com um toque na mão do atacante Paulinho. A bola desvia e entra. Para o VAR, não houve nada.

Calleri não jogou bem diante do Atlético-MG: São Paulo perdeu por 2 a 1 em Minas / SPFC

Uma outra forma de ver a revolta de Zubeldía está na identificação do treinador argentino com o São Paulo. Suas declarações são de um profissional engajado no trabalho e na bandeira que defende. Ele foi visto nesta semana do lado de fora do CT da Barra Funda dando autógrafos para torcedores que estavam ali, num gesto bacana e nada comum. Isso faz dele um técnico cada vez mais querido pelos torcedores. É claro que as vitórias ajudam muito nesse processo.

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O são-paulino ficou muito contente com a bravura e insatisfação do seu treinador pela derrota. O torcedor gosta de ver o técnico sofrer com o time, com os resultados ruins, com os erros de arbitragem que provocam indignação. Abel Ferreira entendeu isso rapidinho no Brasil. Esse tipo de comportamento aproxima o profissional do fã.

O São Paulo não teme perder seu treinador para seleções sul-americanas, como foi ventilado em relação ao Equador. Não está descartada a possibilidade de aumentar sua multa contratual.