Vou me esforçar para tentar explicar as situações de Botafogo e Corinthians com as informações que tenho sobre atrasos de salários e dívidas. O clube campeão da Libertadores e do Brasileirão não pagou salários, premiações, luvas, bônus e direitos trabalhistas de 2024 e até antes da temporada passada.

John Textor se esbaldou nas festas das conquistas do Botafogo na temporada passada, mas não pagou atletas / Botafogo

O Corinthians atrasou os salários de janeiro e prometeu pagar até dia 20. Em meio a isso, o empresário Giuliano Bertolucci cobra na Justiça R$ 78 milhões de comissão por intermediar vendas e compras de atletas.

Conheça The Football

São casos diferentes de maus pagadores. O Botafogo é uma SAF comandada por John Textor. O magnata americano também é dono de outros clubes, como o Lyon, da França, e o Crystal Palace, da Inglaterra. Ou seja: não duvido nem seria descabido que o dinheiro dos três clubes andasse entre eles. Saiu do Botafogo e foi parar no Lyon ou no Palace.

John Textor, o equilibrista

O gestor é um só e ele tem a responsabilidade de equilibrar os pratos sem que caiam e quebrem. Não sei se isso será possível para Textor porque os dois times na Europa estão mal das pernas. E agora há uma crise no Botafogo.

O torcedor botafoguense tem de entender que a SAF pressupõe isso. O clube é uma empresa de um dono, que pode tirar e colocar jogadores, por exemplo, quando bem entender, desde que o profissional aceite as condições. Trocar atletas entre os elencos é comum nesses conglomerados esportivos. Não sabiam disso?

As regras das SAF dizem respeito à regulamentação fiscal e tributária, sobretudo. Não há normas específicas sobre a transação ou repasse de jogadores entre os clubes do dono. Duvido que haverá. Isso mexe com a livre negociação. Ninguém em Brasília vai colocar a mão nesse vespeiro.

Botafogo: R$ 260 milhões de prêmios

Isso poderia explicar a falta de dinheiro do Botafogo, que arrecadou muito na temporada passada, com bilheteria, patrocínio, direitos de TV e premiações. A estimativa é que as conquistas deram ao time brasileiro de John Textor R$ 260 milhões só de prêmios. Mas cadê esse dinheiro? Há dívidas, inclusive, com treinadores que já deixaram o clube.

Não era o caso de pegar parte dessa receita e acertar parte do que o clube deixou para trás? Sim, era. Isso é gestão. E não pagar é má gestão. Todo dono de empresa reserva de 10% a 20% de suas receitas para fazer caixa. No futebol, isso não acontece. Se ganha R$ 100, gasta R$ 100.

É um vergonha para Textor

Portanto, é uma vergonha para John Textor não pagar o que deve, não honrar suas calças, não quitar dívidas passadas e se permitir que jogadores e colaboradores cobrem o clube em público. Dinheiro tinha.

Corinthians vai para a Justiça

O problema do Corinthians é outro. O clube não tem dinheiro e enfrenta problemas de fluxo de caixa. Ou seja: o boleto vence primeiro do que o depósito é feito. A vida do trabalhador brasileiro é assim, com uma grande diferença: seu dinheiro é contado.

Presidente Augusto Melo respende a pedido de impeachment após um ano de sua gestão no Corinthians / Corinthians

No Corinthians, a gestão é malfeita, e isso desde antes da eleição de Augusto Melo. Ele potencializou a situação em seu primeiro ano como presidente, colocando os pés pelas mãos, fazendo negócios duvidosos, que motivaram um pedido de impeachment ainda não resolvido, gastando mais do que arrecada e comprando jogadores na confiança de parceiros problemáticos, como a Esportes da Sorte, que se vê impedida de operar no Brasil. É ela que paga os R$ 3 milhões de salário de Memphis Depay.

Augusto vai pagar só os atletas

O Corinthians deve para Deus e para o mundo. E já disse que não vai pagar. O clube levou suas dívidas para a Justiça a fim de obter o direito de parcelar todas elas a perder de vista. É uma grande pedalada para tocar o barco sem ser cobrado.

A Justiça vai convocar as partes e fazer acordos, organizando as pendências. Dessa forma, o devedor ganha tempo e o cobrador fica a ver navios, recebendo parcelas até que a dívida seja encerrada. Geralmente, são parcelas que o devedor alega poder pagar.

Ajuda da FPF

O primeiro semestre tem menos repasse das instituições que pagam os clubes, como os direitos de TV e cotas das grandes competições. O Corinthians pode pedir para a Federação Paulista de Futebol o adiantamento dos R$ 44 milhões que tem direito pelo Paulistão.

SIGA THE FOOTBALL
Facebook
Instagram
Linkedin
Threads
Tik Tok

A Gaviões, com sua ‘vaquinha’ para a Caixa, já disse lá atrás que o dinheiro arrecadado para pagar o estádio, em Itaquera, não vai para o clube em hipótese alguma.

O que falta ao Corinthians, e ouço isso de corintianos de diversas partes, é um pouco mais de pés no chão, vergonha na cara e gestão austera. Tem de gastar menos do que arrecada e pagar suas principais dívidas. Mostrar mais comprometimento com o clube e sua história. E se certificar da idoneidade das empresas com quem faz negócio.

Publicidade

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui