O Morumbi ainda corre risco de ser palco de duas mortes de jogadores em atuação. Tomara que isso não aconteça. Juan Izquierdo passou a noite na UTI do hospital Albert Einstein após sofrer uma arritmia cardíaca aos 39 minutos do segundo tempo, quando seu time, o Nacional, perdia por 2 a 0 para o São Paulo na briga por classificação na Libertadores. Foi terrível acompanhar tudo aquilo.
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Não teve como não lembrar de Serginho, lateral do São Caetano, que caiu no gramado do mesmo estádio, aos 14 minutos do segundo tempo, em jogo pelo Brasileirão, para morrer uma hora depois. Isso foi em 27 de outubro de 2004.
Estava lá e todos fomos para o hospital desesperados por informações. Não deu tempo de salvá-lo. Serginho teve uma parada cardiorrespiratória. Aquilo mexeu com o futebol brasileiro. Ninguém sabia direito o que fazer.
Com Izquierdo foi parecido. Ele cambaleou no meio de campo até cair e não se levantar mais. Foi amparado por um companheiro. Seu histórico médico, segundo o presidente do Nacional, Alejandro Balbi, nunca apresentou problemas cardíacos. Era um homem saudável. Ele passou a noite internado na UTI, em quadro estável.
Foi arritmia cardíaca. Está descartado um infarto. Obviamente é um episódio cardíaco, mas de menor escala que um infarto. É estável. Está na UTI. temos que esperar aproximadamente 12 horas para dar a evolução e pra saber se existe algum tipo de sequela no atleta e eventualmente encontrar as causas do episódio.
ALEJANDRO BALBI, PRESIDENTE DO NACIONAL
Quando Izquierdo caiu no gramado, o desespero bateu nos jogadores dos dois times. O Morumbis, com 60 mil torcedores, ficou em silêncio. Até os briguentos torcedores do rival se calaram, apreensivos.
A ambulância entrou rapidamente no campo e isso pode ter feito a diferença no atendimento ao atleta, com os primeiros procedimentos. Izquierdo estava desacordado. Havia uma informação de que ele teria se recuperado por instantes. Mas chegou inconsciente ao hospital.
Parte da delegação do Nacional retornou para Montevidéu. Parte permaneceu em São Paulo, como o presidente Alejandro e alguns jogadores do time. Havia muita preocupação. Na UTI, o jogador fez todos os exames necessários e passou as últimas 10 horas em observação. Seu quadro permanecia estável.
Lembro como se fosse hoje toda a correria de São Caetano e São Paulo, médicos e dirigentes, para salvar a vida de Serginho, que tinha 30 anos quando morreu no Morumbi. Não foi possível. Aquilo marcou as pessoas do futebol. Regras foram refeitas, os estádios passaram a ser mais bem aparelhados para prestar os primeiros socorros, exames de rotinas e das pré-temporadas foram levados com mais responsabilidade.
O São Paulo se colocou à disposição do Nacional para ajudar no que for preciso, quantos dias forem precisos. Não há, por ora, novas informações.