A decisão da Justiça da Espanha de condenar três torcedores espanhóis do Valencia pelo crime de racismo contra o brasileiro Vinícius Júnior, do Real Madrid, é o que podemos chamar de um bom começo. Os torcedores foram identificados, acusados formalmente, julgados e condenados a oito meses de prisão. Tomara que eles não saiam da prisão antes da pena estipulada por algumas dessas brechas da lei.

A condenação foi anunciada nesta segunda-feira, dia 10, dias depois de Vini Jr, ajudar a seleção brasileira a ganhar do México por 3 a 2 em amistoso internacional antes da Copa América nos Estados Unidos. Também dá para dizer que se fez Justiça. O caso deve servir de exemplo para os torcedores de LaLiga que se valerem de injúrias raciais contra jogadores negros do Campeonato Espanhol.

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Vini era o mais agredido verbalmente com esse tipo de crime. Ele levantou sozinho a bandeira contra o racismo estrutural da sociedade espanhola, chorou, mas nunca desistiu Recentemente, ao ganhar a Champions League, ele disse que quer permanecer na Espanha e no Real Madrid para sempre.

Vini Jr festeja mais uma conquista na Espanha: ano de superação do jogador contra os racistas nos estádios / Real Madrid

Foi a primeira vez que um crime dessa natureza na Espanha tem consequências sérias, como as prisões decretadas. Os três torcedores também estão impedidos de entrar em estádios de futebol no país por dois anos. Eles foram considerados culpados de crime contra a integridade moral com circunstâncias agravantes de discriminação por motivo racial. A pena foi de 12 meses, mas como eles estavam presos durante o processo, esse período foi descontado.

Esta sentença é uma ótima notícia para a luta contra o racismo na Espanha. Ela repara os danos sofridos por Vinícius Jr. e envia uma mensagem clara para aquelas pessoas que vão a um estádio de futebol para insultar, de que LaLiga vai identificá-los, denunciá-los e lá terão consequências criminais para eles.
JAVIER TEBAS, presidente da LaLiga

A Conmebol deveria seguir o exemplo

O exemplo da Justiça Espanhola, mesmo que tardio, deve ganhar o mundo do futebol, inclusive no Brasil. O primeiro passo é sempre identificar o torcedor e mostrar a ele as consequências dos seus atos. A Conmebol deve pensar da mesma forma e trabalhar para isso em competições como Libertadores e Copa Sul-Americana.

Não abro mão de defender a punição aos clubes desses torcedores racistas. Para mim, a entidade deve ser responsabilidade de alguma forma que não seja financeira nem com o pagamento de cestas básicas. Perda de pontos é o caminho, uma vez que deixar de mandar jogos em casa parece uma pena já assimilada pelos arruaceiros e causa menos prejuízo aos envolvidos.

Jogadores da LaLiga pedem fim do racismo no futebol espanhol / Reprodução ESPN

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Vini Jr. não tem o que comemorar, embora pareça uma vitória pessoal para ele. É importante, no entanto, ressaltar que a sua disposição de não baixar a cabeça e levar o caso para esferas judiciais ajudaram a mudar leis na Espanha e a ter a primeira condenação dessa natureza no país Ibérico. A Uefa deve divulgar essa decisão para todas as federações europeias associadas, de modo a pedir mais empenho para elas no sentido de combater o racismo no futebol. Os pedidos contra o racismo devem continuar nos estádios, agora com uma consequência que fará o torcedor pensar duas vezes antes de cometer injúrias raciais.

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