Quero pegar um gancho no pedido recente do presidente Lula para a seleção brasileira para contar o episódio, que muitos já sabem, envolvendo o Brasil comandado por João Saldanha em 1969. Lula disse que o Brasil poderia ter apenas jogadores que atuam no futebol brasileiro. Jogadores da Série A.
Certamente Lula, apaixonado por futebol que é, ficou entusiasmado com os gols contra o Chile na última apresentação, marcados pelos botafoguenses Igor Jesus e Luiz Henrique.
Dorival pode convocar quem ele quiser. Não há regras para o chamamento a não ser critérios técnicos. É pobre pensar que o Brasil deve apenas ganhar suas partidas e se classificar para a Copa do Mundo, mas também é válido dada a situação deixada pelos últimos treinadores e devido à perda de tempo da CBF.
Em 1969, véspera da Copa do Mundo de 1970, o então presidente da República, o general Emílio Garrastazu Médici, fez o mesmo. Em outra época e de outra forma. Usou também sua paixão pelo futebol para pedir a João Saldanha que escalasse Dadá Maravilha, atacante do Atlético-MG.
Saldanha não atendeu ao pedido. Quem conheceu Saldanha e leu sobre ele, sabe que não havia a menor brecha. Sua resposta entrou para a história do futebol brasileiro:
Eu não escalo os ministros do presidente e o presidente não escala os meus jogadores.
JOÃO SALDANHA, 1969
E assim Dadá ficou fora. Saldanha caiu antes da Copa do México, quando o Brasil ganhou o tricampeonato com a melhor seleção de todos os tempos para muitos, inclusive para mim, liderada por Pelé, com 29 anos. O treinador que entrou no lugar de Saldanha foi Zagallo.
Lula e Médici têm todo direito de pedir esse ou aquele jogador, de reclamar do rendimento do time e de opinar como fazem todos os brasileiros que acompanham o futebol. Nas duas últimas semanas, o torcedor discute a seleção em todos os cantos. O que não pode é se valer do cargo para exigir esse ou aquele jogador.
João Saldanha foi muito bem ao responder ao presidente Médici naqueles anos de ditadura. Dorival não entrou na provocação de Lula.
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O Brasil vai mal dentro de campo. Dorival tem esperanças de fazer o time se encontrar e jogar melhor. Tem até a Copa do Mundo de 2026 para fazer. É o prazo que ele pede. Já penso que não há possibilidade de ficar fora do Mundial de 2026. Apesar de jogar mal, há um trabalho em marcha.
Vejo a vontade de acertar na escolha dos jogadores e no esquema e intensidade da equipe, o que não via antes. Tomara esteja vendo de forma certa, mesmo na contramão da maioria dos torcedores.