Abel Ferreira não reclamou da arbitragem no estádio Nilton Santos. Também me chamou a atenção ele ter falado pouco do desempenho do seu time. Comentou mais da qualidade do Botafogo, da intensidade na vitória por 2 a 1, da força dos seus atacantes, como Tiquinho, no um contra um diante dos três marcadores palmeirenses e até do dinheiro da SAF do clube carioca para investimentos. Abel estava encantado com o Botafogo.
O jogo do Botafogo é muito vertical. Ninguém surpreendeu ninguém e nos 90 minutos o adversário foi melhor e mereceu ganhar. Não tem desculpa. É porque o adversário tem méritos, bons jogadores e hoje foi melhor. Quarta é na nossa casa e vamos ver.
ABEL
A impressão que tenho é que o Palmeiras parou no tempo, enquanto seus adversários da temporada avançaram. Não me refiro apenas ao Botafogo, que joga agora pelo empate para se manter vivo na competição sul-americana.
O torcedor do Palmeiras ainda tem de se contentar e torcer para as jogadas de Rony e Flaco no ataque. Há muitas lesões, as caras novas precisam de mais tempo, o que é natural, apesar da boa partida e do gol de Maurício, e alguns jogadores estão abaixo do rendimento, como Raphael Veiga, ora mais avançado, ora mais recuado.
Em nossa casa vai ser diferente. Agora, não vamos cancelar jogos. Vamos ter de jogar. Vocês conseguem ver os dois centroavantes do adversário como seguram a bola, como são fortes, como são pulsantes. Os nossos centroavantes não estavam conseguindo segurar a bola.
ABEL
Todos nós sabemos, e o Botafogo também, como estará o Allianz Parque para o jogo da volta, com cordão humano conduzindo o time da Academia até o estádio, com lotação máxima, com mosaicos, fumaça verde, cânticos e tudo aquilo que a torcida do Palmeiras sempre oferece em sua casa ao time. Não haverá surpresas, parafraseando o próprio Abel após a derrota no Rio.
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Meu ponto é dentro de campo. Não quero nem entrar no que possa acontecer entre as diretorias e as provocações de John Textor, dono da SAF do Botafogo e pessoa non grata no Palmeiras, mas que tem o direito de acompanhar em segurança a partida de volta no Allianz, como deveria ter Leila Pereira no Engenhão. O Palmeiras tem de crescer é no campo.
Abel tem de “fazer a cabeça dos atletas” para jogar com a mesma garra e vontade que ele tanto elogiou no Botafogo, com atacantes trombando e segurando a bola no ataque, abrindo passagem, atentos e com velocidade, com um meio de campo criador e marcador e uma defesa firme. Vai ter de repetir e melhorar o que fez em casa contra o Flamengo.
É preciso igualar na raça com o Botafogo. Esse é o ponto. Na técnica, o Palmeiras já mostrou que pode resolver. Diante do próprio Flamengo, teve boas chances de marcar, mas não marcou. O Palmeiras precisa mudar da água para o vinho em uma semana.
No meio desse caminho, vale lembrar, o Palmeiras terá o São Paulo num compromisso pelo Brasileirão. Abel deve escalar um time reserva. O foco tem de ser na Libertadores. Uma nova eliminação em casa seria uma tragédia.