A discussão do caso Bruno Henrique deve estar muito mais relacionada ao que pode e não pode fazer um jogador de futebol, um árbitro, um treinador e até um presidente de clube nesta nova realidade dos sites de apostas no Brasil do que propriamente na punição jogo jogador do Flamengo.
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Não há dúvidas de que o atleta será punido duramente caso as acusações se comprovarem. As acusações são pelo envolvimento do atleta com o ganho ilícito de amigos e parentes, como o seu irmão, em apostas esportivas motivadas por suas ações dentro de campo. Bruno Henrique e nenhum outro personagem do futebol têm o direito de mexer no jogo. Nenhum torcedor tem o direito de saber o que vai acontecer numa partida de 90 minutos. E é isso o que teria feito Bruno Henrique.

Primeiramente, sua turma sabia que ele receberia um cartão amarelo naquela partida de 2023 contra o Santos, pelo Brasileirão. Não era somente um cartão. Era uma armação, uma falcatrua, uma mentira esportiva, uma fraude. É assim que a investigação conduz o caso.
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Uma série de conversas pelo WhatsApp foi interceptada na investigação do jogador do Flamengo com seus parentes, com boa parte delas dando a entender que houve acerto sobre o cartão amarelo. Bingo! Assim, Bruno Henrique seria o primeiro jogador de destaque no futebol nacional e de um time de massa a ter o seu nome envolvido em apostas esportivas.
Punição de até seis anos
Se tudo isso for confirmado, embora o atleta jure inocência, ele pode acabar com sua carreira, ser punido por até seis anos, pagar multa de até R$ 100 mil e perder o que Deus lhe deu de graça: o dom de jogar futebol. Bruno foi indiciado pela polícia, mas continua relacionado pelo Flamengo para as partidas do time. Também acho um erro isso. Deveria haver uma regra para afastar o jogador quando o indiciamento acontece, de modo a dar tempo para a defesa e rapidez para a decisão. Vale lembrar que toda a investigação já foi feita.
Bruno Henrique pode ser produto do próprio futebol, que sempre “pediu” para que seus jogadores forçassem o cartão amarelo a fim de ser poupados de algumas partidas. Esse expediente era comum no futebol e não se sabe se não continua valendo. Mas tem de parar. Os técnicos não podem mais pedir para os atletas que tomem cartão. O jogo tem de ser jogado.

A CBF, com seus pares, monitora todos os jogos. Ela acompanha o volume de apostas das bets em tempo integral. Se alguma aposta se destacar numa partida para além do normal, levanta-se a suspeita dos envolvidos. É assim que começa uma investigação. Foi isso o que ocorreu com Bruno Henrique naquele jogo do Flamengo com o Santos.
Não há perdão
De modo que não há perdão para quem arma esses ganhos ilegais em casas de apostas, principalmente se eles forem personagens diretamente ligados ao jogo, como atletas e árbitros. As instituições esportivas estão alinhadas com as empresas de bets, que estão mais alinhadas ainda ao Governo e seus órgãos de investigação e polícia. Os clubes ainda navegam nesse mar isolados e com aquele velho pensamento de imunidade.