Aos 29 anos, Neymar encara o maior desafio de sua carreira, a pincelada final de uma obra incompleta. O melhor jogador brasileiro em atividade tem uma temporada inteira para se provar um dos melhores do mundo e se recolocar nos trilhos que o levarão a um patamar ainda não atingido. É ano de erguer duas taças, a da Liga dos Campeões e a da Copa do Mundo no Catar.

Neymar não é ainda o que se esperava dele. Desde que trocou o Barcelona pelo Paris Saint-Germain, algum fio se desencapou nesta transação. Ele emperrou. Para de subir. Perdeu prestígio esportivo individualmente e também no coletivo. Da mesma forma, sua presença na seleção brasileira já não significa tanto. O Brasil ganhou partidas e torneios sem ele.

A impressão que se tem é que a seleção sempre vai se dar bem na América do Sul, com apenas um rival em seu caminho, a Argentina, como ocorreu na última Copa América. Tirando os argentinos, o Brasil não tem adversários à altura, com ou sem Neymar em campo. Ele também não faz mais partidas memoráveis, daquelas que o tiraram do Santos e o levaram ao Barcelona. Alterna bons e maus momentos, boas jogadas e jogadas comuns dentro de uma mesma partida.

Por vezes, Neymar pôde ser apontado como um atacante comum. Isso não faz dele o melhor de nada. Recentemente, teve uma péssima atuação diante da seleção em Santiago. Estava fora de forma e de ritmo. Tropeçava em sua própria habilidade. Pior. No PSG, ele ainda viu o garoto francês Mbappé lhe tomar a preferência em campo e no coração da torcida. Passou a ser o segundo do elenco. Também ficou fora de jogos importantes e viu o camisa 7 ganhar terreno e levar o Paris nas costas. Nunca foi assim para os grandes do mundo.

Esse Neymar não exala encanto. O futebol deixou de ser o foco do brasileiro faz muito tempo. Ao lado de Messi, talvez ele consiga recuperar sua vontade de querer arrebentar na Europa, mesmo que fale que nada disso importa para ele. Isso não é a mais pura das verdades. Mas se for, então Neymar deixou apagar a chama que move os craques. Ele desanimou antes de chegar ao topo. Falta-lhe fibra. E se desistir agora, nunca saberá o gosto que o topo tem, onde já estiveram jogadores como Messi, Cristino Ronaldo, Ronaldo, Ronaldinho, Romário, Rivaldo e Kaká.

Neymar precisa ter metas que não estejam atreladas a dinheiro ou premiações. Seus objetivos na Liga dos Campeões e na Copa do Mundo precisam sair do seu peito, coração e alma. E que nada mais importa até lá. Ninguém sente que ele esteja preparado para essa doação. Mas a temporada se abre a ele. Os brasileiros esperam ao menos que tente. O Brasil já teve outros gigantes que chegaram ao topo sem ter a mesma qualidade de Neymar. Todos eles trabalharam mais do que os outros ao seu redor para chegar lá. Mostraram fibra de campeão, mesmo sabendo que poderia não dar certo. Abriram mão de muitas coisas. Foram persistentes.

Mas poucos sentem isso em Neymar. A cobrança só existe porque todos enxergam essa possibilidade nele. Neymar poderia ser o orgulho do seu povo. Sua vitória também é a vitória de sua gente. O Brasil precisa de heróis. Ele poderia ser um. Mas ninguém é capaz de motivá-lo, porque a motivação tem de vir dele próprio. A pergunta que todos se fazem faltando um ano para o Mundial do Catar é se Neymar quer ser esse protagonista.

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