O Conselho Deliberativo do São Paulo aprovou a intenção do clube de fazer uma parceria inédita nas categorias de base. O projeto é do presidente Julio Casares e de seus pares na diretoria. O torcedor ainda precisa de explicações para entender a movimentação. O São Paulo busca um parceiro que invista no trabalho em Cotia. Na captação, formação e venda de jogadores.
Ainda há muitas pontas soltas no projeto. O que se sabe é que não se trata de uma SAF da base tricolor. Não é uma venda do Centro de Formação de Cotia. É um investimento para cobrir custos, deixar de gastar e fazer receitas. É assim que o projeto, ainda sem nome, está sendo explicado para os cardeais do Morumbi.
No entanto, há um rascunho dessa parceria. Há até um investidor do outro lado da mesa, o empresário grego Evangelos Marinakis. O São Paulo assinaria contrato com esse investidor e daria a ele até 30% dos direitos federativos dos meninos formados na base. Marinakis, que tem outros clubes na Europa, colocaria US$ 100 milhões (R$ 620 milhões) no negócio por um contrato de cinco anos.
São Paulo revela e vende pouco
Com isso, há a possibilidade de essa parceria ser negociada por dez anos, o que dobraria o valor do investimento. Nesse período, o investidor grego participaria de todo o trabalho do clube na base.
Há um consenso no São Paulo de que a base é boa, com excelente estrutura, mas sem poder de revelar e vender jogadores. O técnico Zubeldía disse que pretende revelar dois jogadores nesta temporada.
A parceria vem para melhorar essa condição, principalmente para negociar jogadores antes dos 18 anos. O São Paulo investe cerca de R$ 40 milhões por ano em Cotia. Com a parceria, deixaria de gastar esse montante.
Em contrapartida, o grego e sua equipe ajudariam na busca de meninos e no repasse desses garotos. Estima-se que o São Paulo tenha 200 meninos em formação.
R$ 120 milhões por ano
O projeto faz parte da intenção do presidente Casares de pensar no clube a médio e longo prazo. O clube teria o aporte em parcelas anuais dependendo do tempo do contrato. Em média, o São Paulo receberia US$ 20 milhões (R$ 120 milhões) por temporada.
Assim, o investidor também ficaria com a mesma porcentagem do contrato do atleta quando ele se profissionalizar. Vale lembrar que muitos jogadores têm seus direitos federativos repartidos entre empresários e com a família do próprio atleta. É muito raro o clube ter 100% do contrato dos seus jogadores, mesmo os da base.
Não se tem notícia de outro clube brasileiro com esse tipo de parceria na formação de atletas. O São Paulo seria pioneiro. O torcedor está ressabiado. Ele entende que o clube perderia seu principal ativo. Casares jura que o São Paulo não perderá o domínio de Cotia e de seus garotos.
De modo que o presidente tricolor entende que a parceria daria ao clube um retorno financeiro que ele não tem atualmente com os garotos da base, que todos eles já estariam pagando o investimento feito ao longo dos anos em sua formação.
Mesmo assim, há muitos são-paulinos com dúvidas. Daí a necessidade de o projeto ser mais bem explicado antes de ser assinado com o empresário grego ou qualquer outro.
Quem é Evangelos Marinakis
O grego Evangelos Marinakis é um empresário de 57 anos, dono da Capital Maritime Group, com patrimônio avaliado em US$ 3,7 bilhões (R$ 22 bilhões), de acordo com a revista Forbes. A empresa tem uma frota de navios.
Aliás, o grupo conta com um dos dois maiores jornais da Grécia e o segundo maior canal de TV. Ele entrou no futebol em 2010, com o Olympiacos. Foi presidente da Superliga da Grécia e vice da Federação Helênica de futebol.
Ao mesmo tempo, Marinakis é acionista do Nottingham Forest, da Inglaterra, e dono de 80% das ações do Rio Ave, de Portugal. Edu Gaspar, ex-Arsenal e seleção brasileira com Tite, assumiu os negócios esportivos do empresário. Marinakis foi absolvido da acusação de manipular resultados no futebol de seus país.