Devo, não nego e pago quando puder. O velho dito popular resume bem o momento vivido pelo Corinthians – que, se começou o ano com bons resultados dentro de campo, não consegue viver um dia de calmaria nos bastidores, na política e nos cartórios de cobranças.

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Sob o risco frequente de ter contas bloqueadas pela Justiça em favor de credores que se multiplicam, o clube anunciou esta semana um plano para o pagamento de parte dessas dívidas acumuladas, mais exatamente um valor fixado em R$ 367 milhões para serem quitados, conforme a proposta, nos próximos dez anos.

Corinthians faz plano para ser aprovado pela Justiça e, assim, começar a pagar seus credores / Corinthians

A proposta foi enviada pelo Corinthians à Justiça de São Paulo, que cuida do processo de Regime Centralizado de Execuções (RCE), e ainda precisa de aprovação para ser colocada em prática.

No documento enviado à Justiça, o Corinthians reitera que sua dívida total é de R$ 2,4 bilhões, sendo R$ 703 milhões referentes à Neo Química Arena. Segundo recente entrevista do presidente Augusto Melo ao Portal Meu Timão, “só de juros, o clube paga R$ 280 milhões por ano”.

Plano está na Justiça

Dentro desse valor fixado estão dívidas com fornecedores, funcionários (incluindo jogadores) e, sobretudo, empresários, que há tempos se acercam do poder de plantão no Parque São Jorge para fazer negócios com atletas ou uma espécie de agiotagem, emprestando dinheiro para contas emergenciais a juros acima do mercado.

Tal proximidade transformou essas ações de socorro financeiro em uma bola de neve que só cresce a cada dia.

Daí a ideia de buscar uma alternativa para quitar o passivo com essa gente. No plano apresentado à Justiça, o Corinthians deu nome aos bois e detalhou para quem e quanto deve nesse segmento dos agentes e empresários de jogadores.

Augusto Melo quer pagar parte de seus credores em dez anos: Corinthians deve R$ 2,4 milhões / Corinthians

O ranking de credores é liderado por Giuliano Bertolucci, que tem a bagatela de R$ 78,2 milhões a receber. Carlos Leite (com R$ 62,5 milhões) e André Cury (R$ 28,8 milhões) aparecem a seguir. Jogadores como Renato Augusto, Gil e Cássio, além de treinadores como Vanderlei Luxemburgo e Fábio Carille, também estão listados entre as pessoas para quem o Corinthians deve e quer pagar através desse acordo judicial.

Uma vez aprovado o plano alvinegro, a Justiça concederá ao clube 60 dias para organizar um novo fluxo de caixa que lhe permita pagar a dívida, garantindo que nesse período o Corinthians não sofrerá novos bloqueios judiciais. É um alento, talvez o início de um processo definitivo de expurgo dos encargos do passado.

Outro lado da moeda

Mais do que a boa intenção expressa pela disposição de pagar, a RCE expõe a fragilidade já conhecida de um caixa combalido por gestões anteriores e reforça a certeza de que os clubes de futebol do Brasil, salvo raras exceções, são um saco sem fundo de prejuízos provocados, de um lado pela má gestão administrativa e, na outra ponta, pela conivência dos órgãos reguladores de mercado e instâncias públicas/privadas de cobranças a maus pagadores.

O que vale para o cidadão comum não vale efetivamente para os clubes. Se você ficar devendo R$ 10 na padaria da esquina, vai ser cobrado, chamado de caloteiro e, no mínimo, impedido de seguir fazendo compras nas bodegas do bairro.

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No entanto, para os clubes vale a regra de uma estranha flexibilidade, que lhes permite seguir gastando sem ter reservas para honrar seus pagamentos.

Salvar o Corinthians da falência

Por fim, vale destacar que o Corinthians não é o único inadimplente da praça. Talvez seja o que está com sua situação mais exposta na mídia, nas redes sociais e nas conversas de botequim por conta de uma guerra política alimentada diariamente por uma eleição que ainda não acabou, um ano e pouco depois do pleito que tirou do poder os representantes da Transparência e Renovação e conduziu Augusto Melo à cadeira de presidente.

Lamente-se que, de um lado e de outro, poucos são aqueles que desejam, de fato, salvar o Corinthians da falência – financeira, ética e moral.

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