O programa de sócio-torcedor é um dos caminhos mais seguros e certos de arrecadação de receita mensal para os clubes brasileiros. A média de público no Brasileirão 2024 é de 26 mil. O programa é dinheiro líquido em caixa. Era dinheiro que não existia no balanço dos times há bem pouco tempo, mas que de alguns anos para cá se tornou importantíssimo para a contabilidade das associações.
Todos os times têm seu programa, com regras e entregas específicas. Há similaridade entre eles, como assiduidade e o valor médio dos ingressos. É muito difícil um “não sócio” conseguir entradas para as partidas. Só se sobrar.
Na prática, os clubes passaram a “vender” duas vezes o mesmo ingresso. A primeira arrecadação é da mensalidade do programa do sócio-torcedor. Todos os associados pagam taxas mensais, de variados valores, para ter direito e prioridade na compra dos ingressos.
A segunda arrecadação é a compra efetiva das entradas, com valores reduzidos de acordo com o plano pago. Quem tem planos mais caros, versões prata ou ouro, ou qualquer outro nome que se dê a eles, paga menos pelos bilhetes.
Para os clubes, trata-se de dinheiro líquido mensal na conta. Os programas estão sempre aprimorando e melhorando suas entregas, de modo a seduzir o torcedor cada vez mais para que ele mude de plano, comece a pagar um mais caro e não desista de sua filiação. Há vantagens em todos eles.
O Palmeiras lidera a lista dos clubes das séries A e B do Brasil, com 199 mil associados no Avanti. O clube se aproxima dos 200 mil membros. Ora passa, ora recua. Os times do Rio Grande do Sul, Grêmio e Inter, ocupam o top 3 da lista no futebol brasileiro. Essa avaliação é do começo do segundo semestre de 2024.
O Atlético-MG saltou para 90 mil filiados no seu programa. O time de Minas é seguido pelo Flamengo, com 80 mil. De modo geral, os clubes precisam de atrativos para movimentar seus sócios.
O principal deles é ter um time competitivo. Palmeiras e Flamengo vivem disso, mas com uma diferença importante: o tamanho dos estádios onde mandam seus jogos. O Allianz Parque tem capacidade para 42 mil pessoas. O Maracanã recebe 70 mil. Faz diferença. Em estádios menores, a dificuldade para comprar ingresso é maior.
A fidelidade é um mecanismo comum aos associados. O pertencimento com a finalidade de ajudar o time a se reforçar leva os torcedores a se engajar. Se as arenas brasileiras tivessem mais lugares, capacidades maiores, elas seriam tomadas a cada rodada na maioria das vezes.
O Palmeiras, depois do acerto com a WTorre, vai ganhar mais 1 mil lugares no setor norte do Allianz Parque. A presença média de público nos estádios brasileiros cresce deste o fim da pandemia.
Na Europa e nos Estados Unidos, por exemplo, os estádios foram reformulados para 80 mil pessoas ou mais. O Santiago Bernabéu, do Real Madrid, é um exemplo, assim como o Camp Nou, do Barcelona, para 90 mil pessoas. Na Argentina, o Monumental de Nuñez, do River Plater, onde será a final da Libertadores deste ano, abriga 80 mil depois de sua reforma.
Na Copa América dos Estados Unidos, no meio do ano, os estádios receberam público de 80 mil pessoas. É o dobro da capacidade das arenas paulistas, exceto pelo Morumbi, que tem batido recordes na temporada. Tudo depende também das vitórias do time. Se o time vai bem, o público aparece.
Há também a inadimplência
Há um fator nesses programas de sócio-torcedor que é preciso levar em consideração: a inadimplência. O Inter, por exemplo, tem quase 30 mil filiados ao seu programa que não estão com as mensalidades em dia.
Alguns clubes, como o Corinthians, demoram para atualizar sua base mensal. O Atlético-MG teve crescimento considerado desde que inaugurou seu novo estádio em Belo Horizonte.
Valores arrecadados
Os clubes de São Paulo tiveram arrecadações importantes em seus programas de sócio-torcedor em 2023. O São Paulo recebeu R$ 18 milhões. O Corinthians anunciou R$ 32 milhões, mas com o incremento de valores com algumas premiações. O Palmeiras fez R$ 50 milhões com seu Avanti.
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Há expectativas de que o segundo semestre seja bom para alguns clubes, como o Cruzeiro, sob nova administração e mais forte na temporada; o Santos, que trava sua luta na Série B e explora uma fidelidade incomum de seu torcedor; o Palmeiras e o Flamengo, pelas campanhas e condições de erguer taças; e ainda o São Paulo, com o bom trabalho de Zubeldía e o carisma de jogadores como Lucas e Calleri, apesar da eliminação na Libertadores e Copa do Brasil.
VEJA O RANKING DOS PROGRAMAS DE SÓCIO-TORCEDOR
Palmeiras – 199.807
Grêmio – 120.878
Inter – 103.704
Atlético-MG – 90.520
Flamengo – 80.100
Bahia – 74.000
Fluminense – 59.087
Botafogo – 59.045
Cruzeiro – 58.221
São Paulo – 54.173
Santos – 46.666
Vasco – 45.000
Corinthians – 43.000
Athletico-PR – 40.000
Fortaleza – 38.422
Vitória – 31.134
Ceará – 30.390
Coritiba – 30.083
Sport – 19.900
Criciúma – 17.000