O programa de sócio-torcedor é um dos caminhos mais seguros e certos de arrecadação de receita mensal para os clubes brasileiros. É dinheiro líquido em caixa. Era dinheiro que não existia no balanço dos times, mas que de anos para cá se tornou importantíssimo para a contabilidade das associações.

Todos os times têm seus programas, com regras e entregas específicas, embora todos eles tenham alguma similaridade, como a presença nos estádios e o valor médio de venda dos ingressos.

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Na prática, os clubes passaram a “vender” duas vezes o mesmo ingresso. A primeira arrecadação é da mensalidade do programa de sócio-torcedor. Todos os associados pagam taxas mensais, de variados valores, para ter direito e prioridade na compra dos ingressos. A segunda arrecadação é a compra efetiva dos ingressos, com valores reduzidos de acordo com o plano da mensalidade do programa. Quem tem planos mais caros, versões prata ou ouro, ou qualquer outro nome que se dê a elas, paga menos pelos bilhetes.

Arena MRV é a mais nova no Brasil: ela pertence ao Atlético-MG e já opera em Belo Horizonte / Atlético-MG

Para os clubes, trata-se de dinheiro líquido mensal na conta do clube. Os programas estão sempre aprimorando e melhorando suas entregas ao torcedor, de modo a seduzí-lo cada vez mais para que ele mude de plano, para um mais caro, e não desista de sua filiação.

O Palmeiras lidera a lista dos clubes das séries A e B do Brasil, com 191 mil associados no Avanti. Se aproxima dos 200 mil membros. Os times do Rio Grande do Sul, Grêmio e Inter, ocupam o top 3 da lista no futebol brasileiro.

O Atlético-MG saltou para 90 mil filiados no seu programa, seguido pelo Flamengo, com 80 mil. De modo geral, os clubes precisam de atrativos para movimentar seus sócios. O principal deles é ter um time competitivo e campeão. Palmeiras e Flamengo vivem disso, com uma diferença, no entanto: o tamanho dos estádios onde eles mandam seus jogos. O Allianz Parque tem capacidade para 42 mil pessoas. O Maracanã recebe 70 mil. Faz diferença. Em estádios menores, a dificuldade para comprar ingresso é maior.

São Paulo volta a levar 50 mil torcedores ao Morumbis contra o Bahia, pelo Brasileirão / SPFC

A fidelidade é um sentimento comum aos associados. O pertencimento com a finalidade de ajudar o time a se reforçar na temporada movimenta esses torcedores a se engajar. Se as arenas brasileiras tivessem mais lugares, capacidades maiores, elas seriam tomadas a cada rodada na maioria das vezes. A presença média de público cresce e se aproxima da capacidade total.

Na Europa e nos Estados Unidos, por exemplo, os estádios foram reformulados para 80 mil pessoas ou mais. O Santiago Bernebéu, do Real Madrid, é um exemplo, assim como o Camp Nou, do Barcelona, para 90 mil pessoas. Na Argentina, o Monumental de Nuñez, do River Plater, onde deverá ser a final da Libertadores deste ano, abriga 80 mil depois de sua reforma mais recente.

Na Copa América dos Estados Unidos, os estádios receberam público de 80 mil pessoas. É mais do que o dobro da capacidade das arenas paulistas, exceto pelo Morumbi, que tem batido recordes na temporada e tende a aumentar a presença do torcedor com a fase do time de Zubeldía.

Neo Química Arena, do Corinthians, tem sido ponto forte do time em sua campanha no Brasileirão / Agência Corinthians

Há também a inadimplência

Há um fator nesses programas de sócio-torcedor que é preciso levar em consideração: a inadimplência. O Inter, por exemplo, tem quase 30 mil filiados ao seu programa que não estão com as mensalidades em dia. Alguns clubes, como o Corinthians, demoram mais para atualizar sua base mensal. O Atlético-MG teve crescimento considerado desde que inaugurou seu novo estádio em Minas Gerais.

Os clubes de São Paulo tiveram arrecadações importantes em seus programas de sócio-torcedor em 2023. O time do presidente Julio Casares recebeu R$ 18 milhões. O Corinthians anunciou R$ 32 milhões, mas com o incremento de valores com algumas premiações. O Palmeiras, de Leila Pereira, fez R$ 50 milhões com seu Avanti.

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Há expectativas de que o segundo semestre seja bom para alguns clubes, como o Cruzeiro, sob nova administração e mais forte na temporada; o Santos, que trava sua luta na Série B e explora uma fidelidade incomum de seu torcedor; do Palmeiras e do Flamengo, pelas campanhas e condições de erguer taças e ainda do São Paulo, com a bom trabalho de Zubeldía e o carisma de jogadores como Lucas e Calleri.

VEJA O RANKING DOS PROGRAMAS DE SÓCIO-TORCEDOR

Palmeiras – 191.807
Grêmio – 120.878
Inter – 103.704
Atlético-MG – 90.520
Flamengo – 80.100
Bahia – 74.000
Fluminense – 59.087
Botafogo – 59.045
Cruzeiro – 58.221
São Paulo – 54.173
Santos – 46.666
Vasco – 45.000
Corinthians – 43.000
Athletico-PR – 40.000
Fortaleza – 38.422
Vitória – 31.134
Ceará – 30.390
Coritiba – 30.083
Sport – 19.900
Criciúma – 17.000
Fonte: GE