Leila Pereira não vai acompanhar o Palmeiras no jogo desta quarta-feira contra o Botafogo no Rio. A presidente do clube paulista pensa no risco de agressão ou coisa pior que possa vir a sofrer no Estádio Nílton Santos ou mesmo nas imediações do hotel onde a delegação palmeirense vai ficar. E não quer se encontrar com John Textor.

O futebol anda perigoso e vulnerável. A polícia não consegue proteger ninguém dentro de campo e os seguranças particulares são poucos e não estão acostumados com invasões ou algo do tipo. Não é um trabalho fácil. A presidente não se manifestou sobre o caso, mas entende que a partida não pode ser polarizada entre ela e John Textor. O clima pesado nunca se viu, de fato, entre jogadores e torcida. Mas é preciso ter bom-senso.

Abel Ferreira prepara Palmeiras para jogo contra o Botafogo: vale a liderança isolada / Agência Palmeiras

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Leila também não quer apertar a mão de John Textor, naquele cumprimento tradicional e de trocas de afagos que normalmente os presidentes fazem antes das partidas. Leila e Textor estão em pé de guerra depois das acusações do dono da SAF do Botafogo de o Palmeiras ser beneficiado pela arbitragem da CBF.

Ambos trocaram farpas acima do tom e não há clima para que eles se encontrem. Poderão se ver nos tribunais, porque um promete processar o outro.

Será a primeira vez que as duas equipes vão se enfrentar após aquela virada histórica do time de Abel Ferreira no Rio, quando perdia por três gols de diferença e ganhou o jogo por 4 a 3, com ótima atuação de Endrick, atualmente no Real Madrid.

Aquele jogo foi um divisor de águas do Brasileirão de 2023, quando o Botafogo começou a perder terreno e o Palmeiras acabou sendo campeão.

A ausência de Leila ao jogo não deixa de ser uma derrota para o futebol brasileiro. Também não é bom em meio à formatação de uma liga para gerir os interesses dos clubes. Tudo errado. Mas fico com a presidente nessa.

Entendo que Textor deixou o clima bélico entre Botafogo e Palmeiras. Como entendo que o cartola americano pode correr riscos em São Paulo, no jogo do returno, e seria prudente ele não aparecer.

Leila apresenta Felipe Anderson, que pode ser relacionado contra o Botafogo / Agência Palmeiras

O futebol brasileiro está agressivo. Já passou da hora de entidades e personalidades exigirem e oferecerem mais segurança para atletas, treinadores e árbitros e todos os envolvidos com o jogo. É preciso também ter mais coragem e esquecer regras esportivas por algum instante e dar lugar ao bom-senso.

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Veja, por exemplo, o que aconteceu sábado passado no jogo entre Juventude e Inter pela Copa do Brasil – em jogo atrasado, com a classificação do Juventude e a demissão de Coudet.

Um torcedor do Inter invadiu o campo para agredir Enner Valencia, jogador do seu próprio time que voltou da Copa América. Jogadores do Juventude interceptaram o sujeito antes de ele chegar ao jogador que queria agredir. Foi uma reação quase que por instinto. O cara partiu então para a briga com os atletas do Juventude, mas foi imobilizado e agredido por Allan Ruschel e por outros que estavam por ali porque nenhum segurança ou policial chegou a tempo.

O absurdo dessa história foi o árbitro expulsar Ruschel por agressão. Houve briga, de fato, mas a arbitragem deveria ter tido bom-senso. Parecem robôs sem inteligência ou leitura dos fatos. Uma inversão de valores.

O árbitro teve uma conduta totalmente equivocada e inverteu os papéis na confusão. Só pensou na regra do jogo.

John Textor presta depoimento no tribunal sobre suas acusações contra o Palmeiras / Divulgação

Se o invasor estivesse armado e desse um tiro em alguém no campo, o jogador do Juventude seria expulso da mesma forma? A sensibilidade do senhor Rodrigo José Pereira de Lima foi da profundidade de uma colher de sopa. O árbitro não entendeu o que tinha acabado de acontecer, a gravidade da invasão e o perigo que todos correram com isso, inclusive ele.

A violência está audaciosa

O fato não é isolado no futebol brasileiro, assim como a violência cada vez mais audaciosa dos torcedores. Já passou da hora de providências serem tomadas. Não dá para empurrar a sujeira para debaixo do tapete. Os mandantes das partidas não oferecem segurança a ninguém.

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Não faz tempo, o goleiro Cássio, então no Corinthians, quase foi agredido dentro da Vila Belmiro. Nada mudou ou foi melhorado de lá para cá no sentido de corrigir essa falha nos estádios. Por isso estou fechado com a presidente do Palmeiras de não acompanhar o time desta vez contra o Botafogo. Não é medo de morrer ou coisa do tipo.

Porque a presidente já se provou corajosa. Isso se chama bom-senso. Prudência. Certamente não aconteceria nada com ela no Rio, mas se dá para evitar, evite.

Nos estádios, a polícia parece estar fazendo um favor aos clubes. Se o trabalho não é dela, então que se encontre solução. Os policiais também não estão preparados para trabalhar no futebol, como se viu semana passada quando um policial deu um tiro de borracha na perna de um atleta sabe-se lá por qual motivo.

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No caso do torcedor do Inter, a pergunta que cabe é como um sujeito consegue entrar no campo, correr 100 metros em direção ao centro do gramado sem ser detido? Também de nada adianta o Inter informar que vai expulsar o cidadão do seu quadro de sócio-torcedor se ele for um deles. Isso é balela. Não adianta nem resolve o problema.

Por isso que insisto na prisão do torcedor depois de julgado e condenado num curto espaço de tempo e perda de pontos do time mandante ou do time do torcedor arruaceiro.

O Inter deveria ser eliminado da Copa do Brasil independentemente do resultado de campo. Deveria ser uma decisão administrativa e não esportiva. Só assim esses malucos vão parar de querer tirar satisfação com atletas no campo ou em emboscadas.

A CBF estuda como colocar a mão nesse vespeiro e deve envolver suas federações estaduais filiadas para que façam o mesmo.