Ronaldo não tinha a dimensão das amarras da CBF, do teor das discussões em seus corredores e salas envidraçadas e dos bastidores sustentados pelo presidente em exercício, Ednaldo Rodrigues, no que diz respeito às eleições na entidade.

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Achou que pudesse entrar entrando no pleito como fazia nas áreas adversárias. Mas política é política em qualquer lugar. O empresário e ex-atleta quebrou a cara em sua possibilidade de se candidatar para as eleições contra Ednaldo, candidato único para comandar a CBF por mais quatro anos a partir de março de 2026.

Ronaldo Fenômeno tentou ser candidato nas eleições para presidente da CBF e não conseguiu apoio / Instagram

Ronaldo não é de fracassar no que se propõe a fazer. Nem desistir. Mas ele não tem forças para encarar esse jogo, nem armas nem base política. Para ser candidato, ele precisaria de apoio de quatro federações estaduais e quatro clubes dos 40 da Série A e B do futebol brasileiro.

Venceu Ednaldo Rodrigues

Em seu relato, Ronaldo teve 23 portas fechadas em suas visitas às federações. As entidades de norte a sul do Brasil não quiseram, segundo ele, nem ouvir suas propostas. Ou seja: todas estão satisfeitas com os rumos dados pela CBF ao futebol nacional, de organização dos torneios, passando pelo calendário até chegar na arbitragem somente para citar alguns temas mais sensíveis.

O fracasso de Ronaldo é proporcionalmente igual ao sucesso de Ednaldo Rodrigues. O atual presidente da CBF será candidato único e ficará no comando por mais cinco anos. Isso significa dizer que federações e clubes estão de acordo com sua gestão. Não há outro entendimento. A eleição não tem oposição. E a única possível candidatura foi soterrada antes de nascer.

Depois de declarar publicamente o meu desejo de me candidatar à presidência da CBF no próximo pleito, retiro aqui, oficialmente, a minha intenção. Se a maioria com o poder de decisão entende que o futebol brasileiro está em boas mãos, pouco importa a minha opinião.
RONALDO

Não sei se Ronaldo é o candidato ideal para comandar o futebol brasileiro e a seleção pentacampeã. Ele tem muito peso, mas nunca será um Zico, por exemplo. Talvez a CBF também não devesse ser comandada por ex-jogadores, mesmo que depois de maduros eles se tornem mais sérios, como Ronaldo.

Não vai mudar ‘nunca’

A CBF deveria ser entregue a profissionais mais respeitados como gestores e administradores. E se cercar de bons trabalhadores. Tem muita gente boa lá dentro, mas todas as movimentações estão atreladas às vontades e decisões do presidente. Sim, é um regime presidencialista. E há muita coisa para melhorar.

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Os problemas são pontuais, mas, como disse Abel Ferreira, técnico do Palmeiras, não há vontade política para mudar nada. As federações são dependentes financeiramente da CBF. E dinheiro no caixa dessas entidades faz “amigos” para sempre. Isso não começou com Ednaldo. Trata-se de um expediente que vem de presidente para presidente de anos atrás, desde João Havelange e Ricardo Teixeira.

Ednaldo Rodrigues vai ser candidato único no pleito de março do ano que vem para comandar a CBF por quatro anos / CBF

Os clubes também aceitam qualquer coisa desde que a CBF acene com possibilidades de resolver alguns de seus problemas imediatos. Sejam eles quais forem. Todos atiram pedras no reinado, mas beijam a mão do rei. Vai entender. Ronaldo, mesmo não sendo o ideal, era uma cara nova, com intenções novas e diferentes. Poderia não dar certo, mas já não está dando certo.

Eu tenho um nome para presidente da CBF, mas me reservo a não divulgar porque não há, por ora, nenhuma confirmação de que isso pode acontecer. Na menor possibilidade, prometo informar.

Calendário antecipado sem consultas

A questão é que a CBF comanda tudo e suas decisões respingam nos clubes e nas competições que organiza, sua fraqueza é a fraqueza do futebol brasileiro, assim como também suas ausências e silêncios refletem no jogo em campo. Foi a CBF que antecipou o calendário do futebol nacional neste ano e bagunçou tudo sem consultar ninguém.

É preciso ressaltar que ela também é refém das preferências de cada clube, incapaz de pensar e trabalhar coletivamente com seus pares do Estado e do país.

Nota de Ronaldo nas redes

Depois de declarar publicamente o meu desejo de me candidatar à presidência da CBF no próximo pleito, retiro aqui, oficialmente, a minha intenção. Se a maioria com o poder de decisão entende que o futebol brasileiro está em boas mãos, pouco importa a minha opinião.

Conforme já havia dito, os meus primeiros passos seriam na direção de dar voz e espaço aos clubes, bem como escutar as federações em prol de melhorias nas competições e desenvolvimento do esporte em seus estados. A mudança necessária viria desse alinhamento estratégico, com a força da visão compartilhada.

No entanto, no meu primeiro contato com as 27 filiadas, encontrei 23 portas fechadas. As federações se recusaram a me receber em suas casas, sob o argumento de satisfação com a atual gestão e apoio à reeleição. Não pude apresentar meu projeto, levar minhas ideias e ouvi-las como gostaria. Não houve qualquer abertura para o diálogo.

O estatuto concede às federações o voto de maior peso e, portanto, fica claro que não há como concorrer. A maior parte das lideranças estaduais apoia o presidente em exercício, é direito deles e eu respeito, independentemente das minhas convicções. Agradeço a todos que demonstraram interesse na minha iniciativa e sigo acreditando que o caminho para a evolução do futebol brasileiro é, antes de mais nada, o diálogo, a transparência e a união.

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