Encontrei o presidente da Portuguesa na padaria no sábado. Estava com a família. Bom lugar para dar os parabéns a Antônio Carlos Castanheira pela decisão de o clube se transformar em Sociedade Anônima do Futebol (SAF).
Aquele medo que o torcedor tinha em relação às SAFs já passou. Havia o temor de que os times mudariam de cor e de distintivo com os novos donos, que mudaria até de nome, mas de comprovou que nada disso acontece, de fato. Cruzeiro e Botafogo são exemplos disso.
A SAF é um sistema de gestão de um dono ou de um grupo de donos. Os clubes brasileiros sempre tiveram uma administração sem fins lucrativos, sob a governança de um presidente eleito por conselheiros, associados e, em alguns casos, torcedores.
Agora é só alegria. Esse trabalho vem de cinco anos, desde antes de eu assumir a presidência. Vamos reforçar o time e reformar o Canindé paralelamente.
CASTANHEIRA, PRESIDENTE DA LUSA
A Lusa vira SAF depois de descer ao fundo do poço, sem condições financeiras de manter um time competitivo, de gerir seu estádio, de pagar suas contas e de voltar a figurar entre os grandes do futebol de São Paulo.
Vice do Brasileirão em 1996
Para quem não sabe, em 1996, a Portuguesa foi vice-campeã do Brasileirão. Perdeu o título para o Grêmio, de a Felipão. O clube tinha vida e o elenco era um dos mais fortes do país. Tudo isso se perdeu com má administração, enfraquecimento da equipe e aumento da dívida do clube, atualmente estimada em R$ 480 milhões. O clube tem 232 sócios.
O presidente Castanheira estava feliz no nosso encontro. Tinha no rosto aquele sorriso dos que renovam a esperança de dias melhores. O aporte da SAF será de R$ 1,2 bilhão, com cerca de R$ 300 milhões para formar um elenco já na próxima temporada.
Deve investir de cara R$ 50 milhões no time. Uma parte da bolada será usada para pagar dívidas e outra para transformar o Canindé numa arena multiúso para 30 mil pessoas. O dinheiro será investido gradativamente.
Acordo de 50 anos
O acordo, que tem a XP Investimentos como uma das empresas parceiras, é de 50 anos. Há outras duas empresas no projeto: Tauá Partners e Revee. A Portuguesa repassou 80% de sua gestão para os compradores. Terá direito a 20% das bilheterias e dos eventos. Os direitos de transmissão dos jogos também passam a ser da SAF. Tudo isso está sendo colocado em contrato.
A primeira competição sob a nova forma de gestão será o Paulistão 2025, em meio ao time sub20 da Copinha. Revelar jogadores passa também a ser uma prioridade no Canindé. Haverá dinheiro para melhorar a estrutura das categorias de base. A Lusa revelou jogadores como Zé Roberto, Zé Maria e Rodrigo, entre outros, na campanha de 1996.
Cota de R$ 40 milhões no Paulistão
A nova diretoria vai tentar receber cota pela transmissão dos jogos do Paulistão, junto à Federação Paulista de Futebol, no mesmo valor de São Paulo, Palmeiras, Corinthians e Santos. No ano passado, esse valor foi de R$ 40 milhões.
No Estadual deste ano, a Lusa ficou em segundo lugar no seu grupo, antes de perder para o Santos nas quartas de final. Se der tempo para a nova gestora montar um elenco melhor para janeiro, o torcedor pode esperar mais do time no Estadual.
Série D em 2025
O calendário da Portuguesa tem ainda a Copa do Brasil e o Campeonato Brasileiro da Série D. O clube estima fazer uma corrida de recuperação na competição nacional, de modo a chegar ao Brasileirão em cinco anos. Esse é o plano.
A reforma no Canindé, segundo me disse o presidente Castanheira, vai correr paralelamente ao fortalecimento do time e da comissão técnica. A obra no estádio levará mais tempo para começar.
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Projetos deverão ser feitos até que um seja aprovado. Depois, o clube terá de tratar de todo o trâmite legal. A papelada da SAF deve demorar de dois a três meses para ser regulamentada. Isso não impede o aporte financeiro. Uma nova assembleia com torcedores será feita nesta semana, apenas para sacramentar o que já foi decidido.