A Rússia sofreu sanções de todos os lados depois que Vladimir Putin invadiu a Ucrânia, há uma semana. As sanções econômicas foram pesadas. As sanções esportivas arrancaram do país seu prestígio ao redor do mundo. Não era de hoje que a Rússia vivia situação delicada desde que se descobriu a máquina terrível de doping que o país se transformou em todas as modalidades. A guerra imposta contra a Ucrânia foi a gota d’água para condenar os russos em vários segmentos da sociedade.

As entidades esportivas seguiram as ações econômicas da Europa, dos Estados Unidos e do mundo, exceto por China e Brasil. Se discute se Fifa, Uefa, COI e associações do esporte demoraram para avaliar e agir sobre a necessidade de punição a Putin. Incapaz de atingi-lo, a contraofensiva mirou as empresas, os esportes, a cultura e as artes de modo geral. A Rússia está sendo cancelada. Excluir a seleção russa, antiga CCCP, da Copa do Mundo do Catar tem um grande significado real e simbólico, principalmente porque quatro anos atrás o país sediava o Mundial vencido pela França. Há um recado da Fifa e tomara que ela use da prerrogativa que abriu para tratar todos os seus filiados. E que não seja movida unicamente pela pressão sofrida de patrocinadores.

O futebol não pode se juntar a qualquer um, a presidentes como Putin, a regimes ditatoriais, a bandeiras contrárias à liberdade de expressão em todos os sentidos, contra mulheres e minorias, a nações invasoras com os mais diversos argumentos, como os EUA, diga-se. A Fifa faz vista grossa para isso há décadas. Mira dinheiro e prestígio. Constrói Copas do Mundo em lugares duvidosos, dando de ombros para as atrocidades de seus presidentes e regimes. Putin mostra que a Fifa falha em suas escolhas. Quatro anos atrás, o futebol festejava sua comunhão sob a batuta do Kremlin de Vladimir Putin. Estavam todos do mesmo lado.

Não se pode perder de foco o que significa mandar um exército contra outra nação. A Rússia e os russos serão punidos pela guerra que Putin começou. Ele é responsável por todas as consequências geradas pelos ataques às cidades ucranianas. As sanções são feitas em rotação acelerada. Não haverá fraquezas para as punições.

Não se trata de conflito menor ou qualquer outro tipo de combate. Estamos falando de uma guerra, com a possibilidade de envolvimento de outras nações. Fazia muito tempo que um exército tão grande e poderoso não se deslocava de sua base. Então a Rússia merece cada uma das sanções aplicadas a ela. Putin vai ser obrigado a se explicar diante de seu povo, uma vez que ele não se curva para nenhuma outra nação ou instituição representativa. Nem para a Fifa, Uefa, COI ou OTAN.

As manifestações de russos e a prisão de mais de 6 mil pessoas no país nos primeiros dias após a invasão foram apenas o começo de tudo. A pressão interna vai aumentar. Nenhum presidente pode se achar dono do país. Terá de se explicar para sua gente. Estive em Moscou recentemente e vi muita tristeza no rosto das pessoas no metrô, nos lugares públicos, cansadas do trabalho na volta para suas casas. O russo não sorri. E deixará de sorrir ainda mais.

A comunidade internacional segrega a Rússia dos esportes e promete continuar minando as instituições esportivas até que a guerra acabe. E depois só Deus sabe o que poderá acontecer. Há muitos esportistas russos que merecem o reconhecimento internacional, mas que agora estão submetidos aos resultados e julgamentos da guerra. Temem ser cancelados. Os alemães pagaram caro pelo genocídio de Adolf Hitler. Todos aqueles que são próximos a Putin vão sofrer, mesmo os que nada tem a ver com a guerra. Já há uma perseguição a todos eles. Não há como deixar que a bandeira russa e o hino nacional continuem no cenário esportivo enquanto o líder do país ordena ataques militares contra um país vizinho.

A Fórmula 1 não vai acontecer em Sochi como estava previsto. Ela não vai correr mais na Rússia. Não haverá mais sede em São Petersburgo da final da Liga dos Campeões. Clubes de futebol estão sendo excluídos de competições internacionais. Atletas pagam por apresentar o passaporte russo nos aeroportos. O recado da Europa e dos EUA é bastante claro. Tudo que mantenha o país de Vladimir Putin em evidência será freado. Desta vez, com demora ou sem demora, o esporte manda seu recado alto e em bom som. A Rússia foi cancelada esportivamente.