O São Paulo está fora da Libertadores. Após novo empate com o Botafogo, desta vez por 1 a 1, o time do Morumbis foi eliminado nas cobranças de pênaltis, com erros de Calleri e Nestor. O atacante argentino, que recolocou o time no jogo após um belo gol de cabeça, abriu a contagem chutando no travessão. Lucas, que errou pênalti durante o jogo, fez a sua conversão, numa mistura e inversões de heróis e vilões que só o futebol proporciona.
Não faltou dedicação, mas ficam as feridas que vão nos ensinar muitas coisas.
LUCAS
O Botafogo foi mais consistente nas cobranças de pênaltis e fez um primeiro tempo muito bom. Depois, recuou e permitiu o empate. Foi um tempo para cada lado numa disputa em que as duas equipes buscaram o gol. O são-paulino deixou o estádio frustrado e cheio de dor porque dava para ter passado. Lamentou.
Lucas perdeu um pênalti no fim do primeiro tempo que custou caro. Mandou no travessão e, de lá, para fora. Muitos no Morumbis levaram as mãos à cabeça, incrédulos. Esse gol e mais o de Calleri no segundo tempo eram suficientes para o Tricolor. Mas não rolou. O que se viu nos primeiros 45 minutos da decisão, em casa, foi um São Paulo sem jogadas e com posicionamento duvidoso. Depois do gol do Botafogo, marcado pelo argentino Almada, os donos da casa abandonaram a marcação e o posicionamento.
Calleri ficava entre os zagueiros tentando pegar as bolas lançadas pelos companheiros. Uma pior do que a outra. Mesmo assim, ele agradecia.
Parecia que o técnico Luis Zubeldía havia acabado de chegar ao Brasil. Fiquei com a impressão de que a estratégia do São Paulo era um “joga aí” para uma partida que valia vaga na semifinal da Libertadores. Não havia estratégia.
O time melhorou com a entrada de Luciano, que deveria ter começado entre os 11 no lugar de William Gomes. O garoto de 18 anos sentiu a responsabilidade. Estava na cara. Menos para Zubeldía. Bastava comparar o posicionamento das duas equipes para ver que o Botafogo tinha um jeito de jogar, com marcação adiantada, jogadores cercando os adversários sempre com dois e muita velocidade. Havia mais aproximação, com muita gente na área tricolor.
O gol saiu após um erro do volante Luiz Gustavo. Mas a jogada já estava desenhada na cabeça dos atletas do Botafogo quando eles roubaram a bola no meio de campo. Foi tudo muito rápido. Do outro lado, o São Paulo não tinha nada de diferente. Nem conjunto nem postura nem marcação avançada nem tabelas nem aproximação nem nada. Era tentar achar Calleri no ataque para ele resolver. Foi um tempo perdido.
O São Paulo melhorou no segundo tempo. O Botafogo manteve a sua pegada, com menos gás e mais cautela, sem, no entanto, abrir mão de atacar. Ganhava por 1 a 0. O resultado era suficiente, mas perigoso. Antes dos 20 minutos, Calleri perdeu gol feito, muito parecido com o que ele também havia desperdiçado no Rio. Ele entrou na rede. A bola, não.
Era outro jogo, com os donos da casa, agora sim, jogando melhor, com seus jogadores mais ligados e próximos. O Botafogo deu passos para trás e viveu a classificação perigosamente até o empate de Calleri. Um golaço de cabeça. Nos pênaltis, quando heróis e vilões deram o ar da graça, o Botafogo levou a melhor: 5 a 4.
O time de John Textor aguarda o jogo desta quinta entre Peñarol e Flamengo para saber quem vai enfrentar na semifinal. Sua última semifinal de Libertadores foi em 1973, quando o Brasil ainda não era tetra nem penta. O Peñarol venceu no Maracanã por 1 a 0. Tem a vantagem do empate.