Não foi um jogo fácil para o São Paulo contra o Atlético-MG na primeira partida das quartas da Copa do Brasil. Clube, jogadores e torcida fizeram homenagens ao jogador Juan Izquierdo, do Nacional, morto depois de passar mal no mesmo Morumbis diante do Tricolor, pela Libertadores, semana passada. O dia foi pesado. O marasmo em campo teve um preço caro: derrota por 1 a 0. O Tricolor precisa agora devolver o resultado para levar a decisão para os pênaltis em Belo Horizonte.
Os atletas do São Paulo usaram camisas com o nome do zagueiro morto nas costas. A tradicional fumaça tricolor da torcida ganhou a cor azul, do Nacional, na chegada do ônibus. Teve minuto de silêncio e um Pai Nosso puxado antes da disputa. Só faltou futebol.
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Em campo, o São Paulo, de Lucas e sem Zubeldía, suspenso, ficou menos com a bola e mostrou receio do poder de fogo do rival de Minas Gerais, principalmente quando Hulk dava as caras. O grandalhão voltou a jogar depois de passar o mês todo de molho por lesão. E foi bem. O jogo não teve jogadas bonitas. Foi truncado e escancarou a estratégia do visitante e o conformismo dos donos da casa. Faltou “faca nos dentes” comum a uma decisão de quartas de final de Copa do Brasil.
Esse “medo” do Atlético fez com que os donos da casa tivessem mais cautela para atacar, usando muito seu goleiro com os pés e com seus jogadores de meio e ataque sem aquela intensidade que se esperava deles.
Se tivesse de explicar o duelo, diria que as equipes atuaram pensando na partida da volta. Para o Atlético é até fácil entender essa situação, mas ela não fazia sentido para o São Paulo dentro do Morumbis. A torcida esperava mais.
O Atlético ficou com a bola nos primeiros 45 minutos porque a ordem de Milito era recomeçar todas as jogadas com o goleiro Éverson, de modo a retardar a saída, ganhar tempo e também não correr riscos. A marcação foi implacável. As bolas paradas assustavam. O São Paulo fez mais cruzamentos. Os atletas da casa perderam a paciência com o árbitro e seus auxiliares.
O jogo não mudou no segundo tempo. O Atlético pressionava a saída de bola do São Paulo e o rival tentava alguma coisa nas bolas paradas e nas poucas arrancadas de Lucas. O jogo foi disputado no meio de campo. Os times não tinham vergonha de devolver a bola para o goleiro e recomeçar as jogadas. Foi um jogo lento. Nenhum dos lados queria desperdiçar a bola. Chegou a ser chato.
O São Paulo aceitou demais a estratégia do visitante. Só foi mais contundente nos minutos finais, mesmo assim mantendo o receio de perder a bola e ter de correr atrás dos atleticanos.
O jogo ficou picotado com faltinhas e muita conversa do juiz. Os jogadores também perceberam que o árbitro estava perdido e deitaram falação em sua orelha. Todas as faltas eram contestadas. Lucas teve a melhor chance de cabeça, mas mandou para fora.
Com tanta disputa e poucas oportunidades, o jogo foi ruim, longe do que se esperava na véspera. Os jogadores do Tricolor sentiram falta do “sangue quente” de Zubeldía à beira do gramado. Aos 47, o temor do São Paulo se justificou, com gol de Battaglia, de cabeça, após falta gerada em contra-ataque. Foi péssimo para o Tricolor. Um castigo pela falta de coragem.