“Ô, ô, ô, mais respeito com a camisa do Tricolô”. Os gritos de protesto da torcida, entremeados por vaias ao final dos dois tempos de jogo no Morumbis, dão a exata dimensão do que foi a estreia do São Paulo no Campeonato Brasileiro, na noite deste sábado.

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Respeito não faltou, o que faltou mesmo foi futebol. O Tricolor fez uma partida muito ruim nos aspectos técnicos e táticos e não tem do que reclamar do 0 a 0 diante de um Sport que passou os últimos três anos na Série B e voltou para casa com um ponto valioso na luta para não repetir mais o drama do rebaixamento.

Luís Zubeldía sofre pressão na primeira partida do São Paulo no Brasileirão: torcida chama treinador de ‘burro’ / SPFC

O pacote de insatisfação dos 37 mil torcedores presentes no estádio, plenamente justificável, incluiu mais uma onda de queixas diretas ao trabalho do técnico Luís Zubeldía, chamado de “burro” em alguns setores das arquibancadas ao fim do confronto.

Zubeldía pressionado

O treinador, de fato, não tem conseguido fazer a equipe mostrar bom futebol nesta temporada. E o reflexo disso são os resultados obtidos. Em 15 jogos até aqui, foram 6 vitórias, 5 empates e 4 derrotas. O time já tinha caído nas semifinais do Paulistão e iniciou o torneio nacional com a perda de dois pontos importantes dentro de casa.

É preciso reconhecer, no entanto, que muito desse resultado frustrante não é culpa do treinador argentino, e tem relação direta com outros dois pontos: a ausência forçada de Lucas e Oscar, que não foram escalados por problemas físicos, e um erro individual crucial para o andamento do jogo.

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Logo no primeiro ataque, a um minuto de jogo, Luciano foi derrubado na área. Pênalti, que Calleri desperdiçou, com um chute bisonho, por cima do travessão. Calleri, aliás, é outro que faz uma temporada bem abaixo de suas qualidades e talvez já não mereça ser titular absoluto com tantos moleques bons da base pedindo passagem.

Cobrança para usar a base

Essa é uma questão delicada que vai exigir ao menos uma reflexão de Zubeldía para a sequência do ano. Acredito que a torcida não vá achar ruim que o treinador lance mão de jóias de Cotia, com Ryan Francisco, Mateus Alves e Lucas Ferreira, que entraram no segundo tempo até um pouco tarde para quem precisava achar o caminho do gol a qualquer custo.

Camisa de Calleri tem pesado no corpo do atacante: jogador argentino perde pênalti contra o Sport em casa / SPFC

O pênalti chutado nas nuvens mexeu com a cabeça dos são-paulinos. Dentro e fora de campo, o passar do tempo foi revelando insatisfação na arquibancada e nervosismo no gramado. O time demorou para conseguir se encontrar e teve problemas evidentes na saída de bola.

O esquema com três zagueiros e três volantes deixou essa tarefa lenta e ineficiente, favorecendo a postura tática do adversário, que veio a São Paulo com a nítida intenção de quebrar o ritmo de jogo, controlar a partida em seu campo de defesa e tentar o gol em eventuais contra-ataques. Para o Sport não era preciso vencer, o importante era não perder. E o objetivo foi alcançado com máxima competência pelo técnico Pepa.

Nada poderia ser pior do que o futebol apresentado pelo Tricolor no primeiro tempo. Por isso a falsa sensação de uma melhora na segunda etapa, com a entrada do lateral Enzo no lugar do zagueiro Sabino e a opção por Ferreirinha no ataque, para ajudar Calleri e Luciano.

Um sopro de esperança agitou a torcida com um chute de Luiz Gustavo no travessão. Mas ficou nisso. O time não incendiou o jogo, não foi dominante das ações em nenhum momento, e só levou algum perigo no final da partida quando já não havia mais plano tático, a essa altura definitivamente substituído por uma clara e desesperada intenção de alçar bolas a esmo para a área na espera de uma cabeçada salvadora.

Tricolor ficou devendo

Ela não aconteceu. O veterano Luiz Gustavo, ao final da partida, admitiu que foi uma estreia ruim, e que muita coisa precisa ser melhorada. “Eu nunca me escondo e assumo a responsabilidade de falar por mim. Tive algumas tomadas de decisões erradas. Coletivamente, temos muito a evoluir. Vai ser uma temporada difícil”.

Certamente que vai. Pelo que demonstrou na estreia, depois de passar quase 20 dias apenas treinando, o São Paulo ficou devendo. Lutou, correu, respeitou a tradição da camisa tricolor, mas futebol que é bom, nada. Evidentemente que não se pode julgar o que será o campeonato por apenas um jogo. Mas, no futebol, os indícios valem como prova – e, neste caso, atestam que o São Paulo precisa esquecer o jogo da estreia se quiser brigar pelo título.

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