O São Paulo conseguiu a proeza de acabar com a bronca da torcida do Vasco com o seu próprio time em São Januário. O que parecia um jogo fácil por causa da fragilidade do rival carioca e todos os seus problemas extracampo, mesmo em sua casa, se transformou numa goleada de 4 a 1. O São Paulo reabilitou o clube cruzmaltino, de modo a ajudá-lo a se afastar da zona de rebaixamento momentaneamente no Brasileirão. Foi um passeio tão fora da realidade, que a torcida do Vasco, que cobrou o time no aquecimento, gritou “olé” nos minutos finais. Uma vergonha para o São Paulo.

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O Vasco virou para cima do rival paulista ainda no primeiro tempo e levou a disputa com muito mais entusiasmo para a etapa final, de modo a “presentear” o técnico Zubeldía com mais uma derrota, a segunda desde que chegou. Foi a segunda derrota consecutiva. E sua primeira surra.

Calleri faz aquecimento em São Januário e ouve a torcida do Vasco pegar no pé dos jogadores do seu próprio time / SPFC

Com a vitória, a torcida vascaína trocou os xingamentos e as broncas contra seus próprios jogadores por aplausos e confiança. Mesmo assim, os atletas não quiseram dar entrevistas. Tudo isso graças ao São Paulo. Mais uma vez o time de Zubeldía jogou sem intensidade, principalmente depois do primeiro gol. Zubeldía queria um tricolor cadenciado. Perdeu o que tinha de mais importante para machucar o adversário: a velocidade para fazer a transição e atacar nos espaços vazios. E olha que o Vasco ofereceu muitos espaços vazios no primeiro tempo.

Um jogo difícil. A gente começou bem, fizemos o primeiro gol, tivemos espaço para fazer o segundo. Acho que a gente acelerou algumas jogadas que não deveria acelerar, um pouco mais de paciência e controle de bola e poderíamos ter acalmado mais o jogo e talvez ampliado o placar. Depois, com algumas falhas, eles nos puniram. Isso é o futebol brasileiro. LUCAS MOURA

Um time que se propõe a desacelerar o jogo não pode sofrer gol de contra-ataque, como aconteceu no segundo do Vasco, de Estrella, ainda no primeiro tempo. Foi um golaço.

Gandulas malandros é o fim da picada

É preciso pontuar aqui que São Januário ainda vive da malandragem do futebol amador, como retardar o jogo com gandulas que fazem a bola sumir. Já ouvi muitas histórias das artimanhas vascaínas para ganhar jogo e prejudicar o adversário em sua casa, algumas presenciei, mas imaginava que isso tivesse ficado para trás no futebol da SAF do clube e dos tempos modernos. Isso não ganha jogo, mas atrapalha. Um gandula foi expulso.

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Mas não foi por isso que o São Paulo perdeu o jogo e reabilitou o Vasco no Rio. Depois do gol, ainda no primeiro tempo, o time de Zubeldía teve chances, mas pecou nas finalizações. Com o tempo, perdeu o meio de campo e não conseguiu mais penetrar com facilidade na defesa rival, erguida com uma linha de cinco e outra de três. Havia 5 mil torcedores no estádio.

O São Paulo teve a bola, mas não soube o que fazer com ela. Isso é falta de treinamento. É fácil de entender nesse calendário apertado do futebol brasileiro. Zubeldía terá de encontrar caminhos para fazer o time render mais e não apagar a chama. O argentino pode até escolher partidas para dar o máximo, só não pode perder pontos onde acredita que poderia ganhar. As mudanças feitas pelo treinador não deram em nada. O Vasco mostrou mais vontade e disposição.

Estrella marca o segundo do Vasco ainda no primeiro tempo e vira para o time carioca em São Januário / Vasco

Lucas Moura estava livre no meio de campo, com algum cacoete para atacar pela direita. Ótimo! Penso que ele rende mais nesse setor. Mas tem de dar dois passinhos para frente. Estava muito atrás, num setor de marcação mais dura e longe da área. Não é o seu lugar. Nesse mesmo setor, outro ator que precisa definir seu papel é Galoppo. O camisa 8 não defende nem ataca. Não cria nem assume o jogo. Fica entre organizar e voltar para marcar. Essa definição precisa partir do treinador. Com o tempo, Zubeldía vai conhecendo e tirando o melhor dos seus atletas. Os acertos devem ser normais e constantes.

Só espero que Zubeldía não entre apenas na choradeira com o calendário, que é um lixo mesmo, e esqueça de fazer bem-feito o seu trabalho. Infelizmente, a CBF já disse que não tem o que fazer. Só haverá mudanças se os clubes se unirem, 100%, para falar mais grosso. Isso também está longe de ocorrer. O São Paulo foi um time “morto” na etapa final e sofreu mais dois gols. Teve de ouvir “olé” de uma torcida que vaiou o seu time no aquecimento.