O torcedor do São Paulo pode estar bravo com Dorival Júnior por ele ter tirado o atacante Lucas Moura do time e o levado para a seleção brasileira, deixando o técnico Luis Zubeldía sem seu principal jogador. O Brasileirão para na data-Fifa. Mesmo assim, o tricolor perde sem o atleta neste período de preparação da equipe após os dias de folga.
LEIA OUTRAS COLUNAS DE ROBSON MORELLI
Não sei se o verbo “perder” está sendo bem empregado aqui. Deixo isso para os são-paulinos decidirem agora ou na volta do atacante depois dos jogos da seleção brasileira nas Eliminatórias, contra Equador, nesta sexta, e diante do Paraguai, dia 10.
Lucas foi convocado no lugar de Savinho, do Manchester City, que se machucou e não poderá atuar. Dorival conhece o jogador. Foi por isso que o chamou. O treinador faz uma convocação para ganhar os próximos jogos e não pensando na Copa do Mundo de 2026, daqui a dois anos. Dorival está certo.
O Brasil precisa resolver seus problemas de agora e não preparar o time para disputar o Mundial daqui a dois anos. É claro que ele não joga sem metas ou sem vislumbrar o que deve acontecer com a seleção lá na frente. Há planejamento. Mas Dorival já provou que não vai morrer abraçado com ninguém.
Lucas servirá para essas duas partidas e talvez não tenha mais chances até a Copa. Vai depender dele, dos seus concorrentes e do que pensa o treinador. Ele pode nem jogar. Não deve haver compromisso de escalar todos os convocados.
O Brasil está na sexta colocação na tabela de classificação. Portanto, tem de subir a ladeira para não correr riscos de ficar fora de uma Copa, o que nunca aconteceu na história dos Mundiais. Esse é o ponto.
Dorival aposta em Lucas agora. Sabe que o jogador está jogando bem e pode, como Savinho, arrumar um salseiro pelo lado direito. Pode nem jogar, como disse, mas se precisar entrar, Dorival confia no jogador. Se ele vai ou não para a Copa, isso é outro assunto.
Para o São Paulo, como instituição, é muito bom ter um jogador na seleção. Tenho certeza de que Zubeldía entende dessa forma. Isso traz prestígio para o seu trabalho, mas também para o elenco e diretoria. Há um sentimento de “estamos no caminho certo”. Ter conseguido manter Lucas no time por mais uma temporada foi um acerto da diretoria.
O problema é que jogadores do futebol brasileiro que voltam da seleção geralmente retornam arrastados, sem pegada e pior do que foram. Eles demoram, inclusive, para recuperar suas condições técnicas. Lucas, imagina-se, tem boa cabeça e entendimento da situação. Já esteve com a camisa do Brasil seis anos atrás. Se souber levar essa convocação numa boa, o São Paulo tem muito a ganhar com ela.
Lucas Moura vai disputar posição no ataque com Endrick (Real Madrid), Estêvão (Palmeiras), Luiz Henrique (Botafogo), Pedro (Flamengo) e Vinicius Junior (Real Madrid). Como se vê, o atleta poderá ser chamado de “tio Lucas” pelos garotos de frente escolhidos por Dorival. Ele tem 31 anos. Estevão, 17.